quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Educação, Educando, Educadores; E... Opressão Policial? Como assim !!???



Aberto inquérito para apurar denúncia: PM de Alckmin dá uma de DOPS, tenta censurar trabalho escolar e expõe professor e menores a agressões nas redes sociais

publicado em 29 de setembro de 2015 às 20:33
É como se duas jovens adolescentes, de apenas 14 anos de idade, “cumprissem pena” no interior de São Paulo. Elas não cometeram qualquer crime. São estudantes da Escola Estadual Professor Aggêo Pereira do Amaral, em Sorocaba, que fica a 100 quilômetros daquela que deveria ser a mais progressista metrópole da América Latina.
A pena a que as jovens foram condenadas, nas redes sociais, é por suposto “comportamento indócil”. Irônica — e tristemente — as adolescentes são exemplos vivos das teorias que o filósofo francês Michel Foucault desenvolveu em seu brilhante “Vigiar e Punir” [aqui, em PDF], publicado em 1975.
Foucault, num resumo brevíssimo: “Historicamente, o processo pelo qual a burguesia se tornou no decorrer do século XVIII a classe politicamente dominante, abrigou-se atrás da instalação de um quadro jurídico explícito, codificado, formalmente igualitário, e através da organização de um regime de tipo parlamentar representativo. Mas o desenvolvimento e a generalização dos dispositivos disciplinares constituíram a outra vertente, obscura, desse processo. A forma jurídica geral que garantia um sistema de direitos em princípio igualitários era sustentada por esses mecanismos miúdos, cotidianos e físicos, por todos esses sistemas de micropoder essencialmente inigualitários e assimétricos que constituem as disciplinas”.
Ou seja: em vez do enforcamento e da guilhotina comuns nas monarquias, quando os crimes eram contra o rei, “dispositivos disciplinares” supostamente neutros e “igualitários”. Hospitais psiquiátricos, prisões e escolas cujas regras produzem o que Foucault chamou de “corpos dóceis”, submissos, indesejados pelo capital ou reprodutores da injustiça e da desigualdade.
A punição informal às adolescentes de Sorocaba, condenadas ao medo — e, por extensão, aos parentes delas, que estão muito nervosos com a situação — deveu-se justamente a um trabalho escolar sobre a obra de Foucault, que faz parte do currículo escolar oficial no Estado de São Paulo.
E, mais uma vez de forma irônica — e perversa — foi resultado da ação de uma corporação estatal — a Polícia Militar — cuja missão anunciada é a de “servir e proteger”. A quem, não pretendemos discutir neste texto.
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O caso, segundo descrito por professores da escola — que também preferem não se identificar, por temerem represálias –, começou quando alguém fez uma foto de um dos muitos trabalhos sobre Foucault que estavam em exposição na escola e reproduziu em seu grupo no WhatsApp.
Logo o assunto se espalhou pelas redes sociais e foi parar em páginas do Facebook de apoiadores da Polícia Militar – segundo o site G1, dentre eles o Admiradores da Rota e oSargento Alexandre. A PM paulista tem mais de 100 mil homens e uma estratégia de comunicação que enfatiza os salvamentos aéreos, os partos realizados por policiais e crianças fardadas.
A desmilitarização das polícias é um tema candente. As PMs no Brasil surgiram para combater o “inimigo interno” durante a ditadura militar e ainda são tropas subordinadas ao Exército. Hoje, “combatem” basicamente na periferia e matam um número desproporcional de pretos, jovens e pobres.
No caso específico do qual tratamos, o que surpreendeu a direção, os professores e alunos da Escola Estadual Professor Aggêo Pereira do Amaral foi o comportamento oficial da corporação.
Uma tenente da PM de Sorocaba, acompanhada de dois cabos, foi à escola exigir a remoção do cartaz. “Aqui tem uma apologia ao PCC”, teria dito ela, sempre segundo a descrição dos professores.
É um papel de fazer inveja ao antigo Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, a polícia política extinta com o “fim” da ditadura militar, em 1985. Isso eu, Azenha, testemunhei pessoalmente como criança: policiais do DOPS, sem mandado judicial, invadindo minha casa para remover livros “subversivos”, inclusive romances encapados de vermelho!
PCC é o Primeiro Comando da Capital, que controla as penitenciárias de São Paulo e de vários outros estados brasileiros. Em 2006, depois de uma onda de ataques promovidos pela facção, o governador paulista Geraldo Alckmin, ao qual a PM é supostamente subordinada, teria feito um acordo com o PCC, segundo declaração recente de um delegado feita em depoimento judicial.
O professor de filosofia Valdir Volpato tentou explicar aos policiais que se tratava de um trabalho escolar mais complexo que aquela imagem isolada, que o tema é parte do currículo oficial e denunciou a intervenção da PM como tentativa de “censura”. A tenente, na descrição de uma colega de Volpato, disse que ao lado daquele cartaz deveria estar outro, louvando o trabalho da Polícia Militar.
O mais surpreendente viria nas horas seguintes. Diante da negativa dos professores e dirigentes da escola de retirar o cartaz, a Polícia Militar de São Paulo publicou nota oficial em seu site no Facebook. Do conteúdo é possível inferir a intenção da corporação de definir o que pode ou não ser dito nas escolas:
ESCLARECIMENTO E REPÚDIO
Cabe à Diretoria de Ensino, Região de Sorocaba, pronunciar-se sobre a veracidade do material e sobre a real qualidade de professor do senhor VALDIR VOLPATO.
Não queremos acreditar que, em pleno século XXI, profissionais da área de ensino posicionem-se de maneira discriminatória, propagando e incutindo o discurso de ódio em desfavor de profissionais da segurança, estimulando seus alunos a agirem sem embasamento e direcionando-os de acordo com ideologias anacrônicas, que em nada contribuem para a melhoria da sociedade.
A Polícia Militar de São Paulo e seus policiais, retratados numa infeliz charge, sempre difundida por determinados e conhecidos grupos, sempre foi e será grande defensora dos Direitos Humanos e dos deveres morais, éticos e legais da sociedade.
Estimular trabalhos apenas com pesquisas em Internet, matérias jornalísticas e material de criação confeccionados por pessoas parciais, está longe de ser uma metodologia aceitável. É preciso ter responsabilidade no processo de ensino.
A Polícia Militar está, como sempre esteve, de portas abertas a quem quiser conhecê-la e repudia a postura do infeliz professor, caso efetivamente tenha ocorrido esse erro lastimável.
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PMESP
Em primeiro lugar, a PM se coloca num papel que constitucionalmente não é o seu, o de arbitrar o que é ou não metodologia de ensino aceitável.
Em segundo lugar, denuncia nominalmente o professor, que define como “infeliz”, antes mesmo de conhecer os fatos, o que admite ao dizer “caso efetivamente tenha ocorrido esse erro lastimável”. Apenas corrobora, no setor de comunicação, práticas das quais é acusada no dia-a dia: atira primeiro e esclarece depois.
Em terceiro lugar, usa um linguajar que remete à ditadura militar, quando fala em “ideologias anacrônicas” sem dizer quais ela pretende permitir e quais condena — como se fosse seu papel fazê-lo.
Em quarto lugar, ao reproduzir o cartaz que pretendia remover da escola, a corporação não teve o cuidado de proteger a identidade das duas menores de idade, que passaram a ser achincalhadas nas redes sociais. Uma irresponsabilidade inaceitável para quem publica fotos de bebês de farda.
Como se vê abaixo, o portal G1, das Organizações Globo, teve o cuidado que faltou à PM paulista:
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Embora temendo pela própria vida, as menores redigiram uma nota curta (veja o vídeo) que foi lida por um colega durante a sessão de desagravo que aconteceu nesta segunda-feira 28, em Sorocaba. O cartunista Latuff, autor do desenho que gerou a controvérsia, veio de Porto Alegre prestar solidariedade.
Gostem ou não dos desenhos do Latuff, o inciso nono do artigo V da Constituição de 1988, vigente no Brasil, diz:
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
A Polícia Militar paulista, ao que se saiba, não está acima da Constituição. Ou, pelo menos, ainda não!
O deputado Raul Marcelo (PSOL-SP) protocolou requerimento junto ao secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes (veja trechos abaixo). Ele contém dez perguntas. Segundo o parlamentar, “as instituições públicas devem sempre observar o limite de suas atribuições constitucionais, sob pena de exorbitar os limites que o constituinte lhes concedeu”.
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A seccional da OAB de Sorocaba pediu abertura de inquérito policial para apurar abuso de autoridade e violação do Estatuto do Menor e do Adolescente (ECA), devido à exposição indevida dos nomes das menores de idade pela Polícia Militar. A tomada de depoimentos estava prevista para ter início hoje.
Dois dirigentes do grêmio estudantil da ETEC Rubens de Faria e Souza, da mesma cidade, compareceram ao evento se dispondo a promover a mesma exposição também naquela escola.
“Putinhas e bandidos, é o que dizem da gente por aí”, afirmou uma estudante ao chegar recentemente às aulas, segundo o relato de uma professora.
Embora temendo individualmente a possibilidade de represálias, inclusive de violência física, os estudantes do professor Volpato lançaram nas redes sociais a campanha #SomosTodosAggêo.
Ainda que involuntariamente, a PM paulista prestou neste caso um serviço: provou que no Brasil Foucault está mais atual do que nunca.
Abaixo, as falas no evento de Rodrigo Chizolini — que representou o deputado Raul Marcelo — e do cartunista Latuff (nosso obrigado à Carolina Keppler):
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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Discussão em audiência da "lava jato"> Assim caminha nossa justiça atual! Até quando???


O Cafezinho: Em vídeo bomba, advogados enfrentam Moro em audiência da Lava Jato e o acusam de conduzir um processo ilegal

publicado em 13 de maio de 2015 às 23:14
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Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, via Fotos Públicas
Advogados acusam Moro de conduzir um processo ilegal
Uma leitora amiga me manda um vídeo impressionante, que traz os advogados de Fernando Soares, um dos réus da Lava Jato, protestando veementemente contra as artimanhas do Ministério Público e do juiz Sergio Moro para enganar a defesa e manipular o processo.
A cena do vídeo é uma sala da 2ª Vara Federal de Curitiba, e os personagens principais são Sergio Moro, dois advogados de defesa, e um procurador que não aparece no vídeo.
Em determinado momento, um dos procuradores ofende o advogado, falando em chicana. Joaquim Barbosa, realmente, fez escola.
O advogado, porém, responde à altura.
São dois advogados. O segundo a falar é Nelio Machado, um dos maiores criminalistas do país, que denuncia: nunca, diz ele, em 30 anos de profissão, testemunhei um desrespeito tão gritante à Constituição e ao direito da defesa.
Machado falou que até mesmo a Constituição do Estado Novo, de inspiração fascista, trazia garantias na lei que respeitavam a defesa dos réus, garantias estas que Sergio Moro tem agredido sistematicamente, com vistas a promover, sabe-se lá com que intenções, um circo midiático-judicial.
(Sobre Nélio Machado, ler esse post, do professor Rogério Dultra).
Talvez Moro tenha intenção de seguir o exemplo de Ayres Brito e escrever o prefácio do próximo livro de Merval Pereira, e ganhar uma sinecura de luxo no Instituto Innovare, da Globo.
Machado explica ainda ao procurador mal educado e ignorante que o Ministério Público, segundo a Constituição cidadã de 88, tem como dever auxiliar a justiça. O procurador não é um justiceiro cuja função é apenas acusar. Sua função não é ver o réu como um “inimigo” a ser esmagado a qualquer custo. Não. Sua função, assim como a do advogado, é a de defender a lei.
“Não existe hierarquia entre advogado e Ministério Público, ambos são auxiliares da lei”, ensinou Machado.
O vídeo é uma bomba.
É notório, no vídeo, que Sergio Moro não atua como magistrado, mas como um rancoroso beleguim, um verdadeiro inimigo do réu e dos advogados de defesa, imitando o estilo Joaquim Barbosa.
Emblemático que ambos, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, tenham ganho o prêmio Faz Diferença da Globo. Quer dizer, prêmio não. Propina. O prêmio Faz Diferença deveria ser encarado como propina e os magistrados que o recebem deveriam ser acusados de corrupção, porque é um prêmio que vale mais que dinheiro. Com esse prêmio em mãos, os magistrados podem ganhar dinheiro como celebridades políticas, fazendo palestras pagas com dinheiro público, como está fazendo, sem nenhuma vergonha, Joaquim Barbosa.
Qualquer um pode ganhar prêmio: políticos, empresários, artistas. Juiz não. Juiz não deve ganhar nenhum prêmio. O que ele faz é um dever público, uma obrigação, pela qual recebe os maiores salários e as maiores regalias oferecidas pelo contribuinte a um servidor: almoço, transporte, habitação até roupa grátis, longas férias anuais.
Por tudo isso, juízes tem de ser sérios, moderados e justos. Nunca devem se deixar levar por pressões de mídia e jamais devem se portar como acusadores ou inimigos dos réus.
A outra notícia bombástica é um regaste de uma informação publicada, ano passado, num dos blogs da Carta Capital.
O post confirma uma denúncia que já fizemos aqui, com base num depoimento de Roberto Bertholdo, advogado condenado na 2ª Vara Criminal de Curitiba, onde atua Sergio Moro.
Segundo consta em matéria da Folha de 11 de março de 2006, Bertholdo declarou que seria “condenado por um esquema montado na 2ª Vara Federal Criminal, que criou a ‘indústria da delação premiada’. Segundo ele, Youssef entregou doleiros no Brasil inteiro e se apropriou de seus clientes.”
Eu gostaria de saber: nenhum jornal jamais quis saber a validade dessa denúncia? Que indústria da delação é essa? E que história é essa de que o esquema foi montado dentro da 2ª Vara Federal Criminal, a mesma onde atuava e atua Sergio Moro?
Não vale falar que Bertholo é um condenado. Se a voz de Youssef é ouvida pela justiça, pelo ministério público e pela imprensa, porque não ouvir Bertholo?
A matéria publicada num dos blogs da Carta Capital, o blog do Serapião, confirma a denúncia de Bertholdo.
Youssef delatou os principais doleiros do país, por ocasião da “delação premiada” que lhe foi oferecida por Moro e pelos mesmos procuradores que hoje integram esta conspiração judicial em que se transformou a Lava Jato.
O doleiro vem operando, há tempos, como o personagem da série Black List, estrelada por James Spader: manipulando a delação para jogar o Estado contra seus inimigos e concorrentes, e beneficiar a si mesmo.
O “prêmio” que Youssef obteve, após suas primeiras delações, feitas em 2003, para o mesmo Sergio Moro, não foi uma mera redução de pena. Foi muito mais! Youssef tornou-se o maior doleiro do país, e ampliou suas conexões ilegais com figuras estratégicas da elite política.
É incrível que depois de ter feito isso, Youssef ainda tenha credibilidade na mídia e lhe seja oferecida novamente o privilégio da delação premiada, pelo mesmo Sergio Moro e pelos mesmos procuradores!
A indústria da delação premiada não só dá lucro como parece ser intocável! O sujeito delata seus concorrentes, conta um porção de mentiras à justiça, é solto, volta a roubar, agora na condição de maior doleiro do país, e se torna um heroi da mídia, sendo paparicado novamente por um juiz supostamente vingador e procuradores midiáticos (os mesmos da primeira delação!), e tudo porque aceita representar, com seu imenso talento para manipulação e a mentira, o papel de pivô de uma conspiração judicial.
A Lava Jato é uma repetição grotesca do que aconteceu na Ação Penal 470, e traz vários personagens repetidos, a começar por Sergio Moro, que escreveu o texto fascistoide com o qual Rosa Weber condenou Dirceu: aquele que traz uma frase que resumirá toda uma era de arbítrios midiático-judiciais: “Não tenho provas contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”.
Crédito do vídeo: Nilton Araújo. O original, mais longo, foi publicado no site Consultor Jurídico.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Juízes e procuradores que buscam holofotes jogam para plateia do ódio




Wadih Damous: A banalização das PECs é um atentado; só está servindo para vilipendiar a Constituição

publicado em 24 de setembro de 2015 às 11:15
Juízes e procuradores que buscam holofotes jogam para plateia do ódio, critica Wadih Damous 
Em discurso no grande expediente da Câmara, nesta terça-feira (22), o deputado Wadih Damous (PT-RJ) condenou a recente “escalada de ódio” vinculada aos setores mais conservadores da sociedade, tanto nas ruas quanto nas redes sociais da Internet, que tem “contaminado” o debate político e o processo legislativo. O deputado, que foi presidente da OAB-RJ, também criticou a politização do Judiciário e do Ministério Público, fenômeno que seria um “subproduto” do quadro político atual.
“Hoje o que nós vemos no Brasil é um novo tipo de juiz, um novo tipo de membro do Ministério Público: o juiz-celebridade, o procurador-celebridade, aquele que, atraído pela luz dos holofotes, resolve ter os seus 15 minutos ou 15 segundos de glória. Se fosse só até aí — apenas para apresentar a sua gravata de griffe na TV Justiça — não teria problema, mas a questão é que esse tipo de juiz e de procurador joga para a plateia, a mais desqualificada que possa existir, que é a plateia do ódio, da intolerância, da punição a qualquer preço”, disse Damous.
“A corrupção é uma mazela brasileira e deve ser combatida, sim, como qualquer tipo de infração penal, mas dentro da lei, nos moldes constitucionais, em respeito ao ordenamento jurídico, assegurado o amplo direito de defesa, assegurado o princípio do contraditório, e não é isso a que nós estamos assistindo”, complementou, ao tempo em que lamentou o crescimento do sentimento entre a população de que a corrupção é o único mal que existe neste País e que para combatê-la vale tudo, inclusive desrespeitar a Constituição e princípios e garantias fundamentais.
Magistrados e integrantes do Ministério Público, na opinião de Damous, não deveriam atuar partidariamente, como recorrentemente faz o ministro Gilmar Mendes, do STF. “Se quiserem fazer política, que venham para cá, que se submetam ao crivo popular. O que nós assistimos, na semana passada, no Supremo Tribunal Federal, foi um ministro militante da oposição defendendo programas de oposição, defendendo perseguição, criminalizando de forma indevida — recebendo reprimenda inclusive dos seus pares e do Presidente do Supremo Tribunal Federal — fazendo do Supremo Tribunal Federal um palanque partidário. Isso é inaceitável, isso atenta contra a democracia e atenta contra a Constituição”, observou o parlamentar.
Esse contexto, diz Wadih Damous, favorece o surgimento de golpistas. “Valem-se de instrumentos constitucionais e dizem que isso não é golpe, porque está previsto na Constituição. Deturpam todo o itinerário do impeachment, conforme está descrito na Constituição, para, com base em invencionices, sem qualquer razão, sem qualquer tipificação prevista em relação aos crimes de responsabilidade, pedir o impeachment da presidenta da República, com base em pesquisas, com base em eventuais insatisfações e com base em possíveis e eventuais maiorias parlamentares”, afirmou.
Para o deputado fluminense, muitos dos proponentes do impeachment não têm “autoridade moral” para levantar essa bandeira. “Se formos pegar as ocorrências que os envolvem, veremos que estes, sim, estão envolvidos em processos abertos, ou de criminalidade, ou de corrupção, ou das mais diversas improbidades administrativas”, apontou Damous.
O parlamentar se revelou decepcionado pela reprodução da intolerância no âmbito do Parlamento. “O que nós vemos hoje é o crescimento do que acontece nas ruas, da escalada de ódio, da intolerância, em que não se admite o contraditório, não se admite que se pense diferente, em que o adversário político é tratado como inimigo e desqualificado pessoalmente”, lamentou Damous.
Mencionando as “verdadeiras barbaridades” ditas durante as discussões sobre a redução da maioridade penal, Wadih Damous criticou a “banalização das PECs” que têm o objetivo de impor retrocessos aos direitos consagrados na Constituição de 1988. “Esta é a Casa da tomada de grandes decisões, ou deveria ser, da discussão dos grandes projetos para o País, do aperfeiçoamento do nosso ordenamento jurídico, mas não. O que se assiste aqui são verdadeiros atentados ao processo civilizatório, verdadeiras violações de direitos. Matérias que poderiam estar sendo tratadas em lei ordinária estão servindo para que a nossa Constituição seja desfigurada, seja vilipendiada”, denunciou o petista.
O recrudescimento do “sentimento punitivista” também foi alvo de críticas do parlamentar. “Em diversas condutas, em diversos projetos de lei, vende-se a ilusão de que o Direito Penal tem o condão de resolver os conflitos sociais. Isso é mentiroso! Isso só faz com que se recrudesça a violência do Estado. Isso faz com que se consolide esse processo de criminalização da pobreza, que nós vemos em curso aqui no País e que se expressa em políticas de segurança pública de extermínio, em políticas de segurança pública que veem o combate à criminalidade como uma guerra, com um sentido bélico”, argumenta Damous.
“E as vítimas desse tipo de política de segurança pública são os nossos jovens negros, favelados, os segmentos LGBT, os afrodescendentes, enfim, todos os segmentos vulneráveis, que precisam do Estado, da atenção estatal, de políticas públicas. São tratados como criminosos e enchem as nossas penitenciárias do suplício, da injustiça. Dos nossos presos, 40% são temporários”, acrescentou o deputado.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
Fonte: > AQUI

Deputado Paulo Pimenta: Procurador da Lava-Jato tem passivo na CPI do Ba...



Paulo Pimenta: O procurador “cabeça” da Lava-Jato tem passivo na CPI do Banestado

publicado em 22 de setembro de 2015 às 21:45
Pimenta e procurador-001
Paulo Pimenta: Procurador que é o “cabeça” da Lava-Jato atua de forma ideológica e tem passivo da CPI do Banestado
Um fato de proporções graves e sem precedentes, denunciado pelo deputado Paulo Pimenta  (PT-RS), põe em xeque os rumos e os resultados da operação Lava-Jato: de forma parcial, arbitrária, seletiva, ideológica e direcionada, a peça acusatória da investigação está se transformando numa ferramenta de disputa político-partidária. O alerta foi feito nesta terça-feira (22) pelo parlamentar durante reunião da CPI da Petrobras, com base em declarações à imprensa do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, considerado o “cabeça” da Lava-Jato.
Na segunda-feira (21), o procurador disse em entrevista coletiva: “Quando falamos que estamos investigando esquema de compra de apoio político para o governo federal através de corrupção, estamos dizendo que os casos Mensalão, Petrolão e Eletronuclar são todos conexos porque dentro deles está a mesma organização criminosa e as pessoas ligadas aos partidos políticos. Não tenho dúvida nenhuma de que todos ligados à Casa Civil do governo Lula, tudo foi originado dentro da Casa Civil.” Em outro trecho, o procurador afirma não estar “investigando a Petrobras”, pois o que estaria no foco seria a “compra de apoio” pelo governo federal, “por meio de propina institucionalizada”.
Pimenta aponta que a fala do procurador é reveladora na medida em que estabelece um foco, traça um rumo e delimita um campo de atuação para a Lava-Jato, antevendo que tudo o que foge dessa delimitação estaria isento de ser investigado e, em sentido contrário, que tudo o que foi previamente escolhido para fazer parte dela já estaria, a priori, comprovado. “Ele [procurador] assume o pressuposto político-ideológico de que o PT cometeu crimes, e assim o processo é viciado desde o começo”, denunciou o parlamentar.
Contraditoriamente, o procurador que se investe de função inquisitória, supostamente em favor da moralidade, adotou conduta suspeita quando participou da força-tarefa que investigou a evasão de divisas do banco estadual paranaense – o Banestado. A CPI que investigou o caso recebeu à época documentos provando que, entre 1995 e 2001, a então mulher do procurador, Vera Márcia dos Santos Lima, trabalhava no Banestado e que, durante parte desse período, Carlos Fernando já atuava na investigação do esquema. Mais que isso, consta que sua mulher trabalhou em dois dos principais locais onde funcionava a “lavanderia” no Banestado e que, antes de o caso vir à tona, o procurador chegou a negar na CPI que algum parente trabalhasse no banco.
Acerca das declarações de Carlos Fernando sobre a Lava-Jato, Paulo Pimenta avaliou que um dos pontos que causam mais perplexidade é o fato de a investigação partir do pressuposto de que os crimes cometidos com recursos públicos são um problema exclusivo do PT e de seus aliados. “Ora, as doações de empreiteiras para campanhas eleitorais não são uma peculiaridade do PT. Pelo contrário! Na última eleição, a UTC doou mais para a campanha de Aécio do que para a da Dilma. A Odebrecht doou três vezes mais ao PSDB do que ao PT. Mas, na lógica do responsável pela Lava-jato, a doação para o PT e seus aliados é crime, e a doação para o PSDB é lícita”, criticou o deputado gaúcho.

domingo, 20 de setembro de 2015

Imprensa Brasileira vai à França reclamar de prêmio Honoris Causa de Lula e passa vergonha

Imprensa Brasileira vai à França reclamar de prêmio Honoris Causa de Lula e passa vergonha

Imprensa Brasileira vai à França reclamar de prêmio Honoris Causa de Lula e passa vergonha

Alguns órgãos de imprensa brasileira como Jornal O Globo mandaram repórteres a França para questionar prêmio do ex-presidente recebido no País
Por Eduardo Guimarães 
Não pode passar batido um dos momentos mais ridículos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.
A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.
No relato da própria repórter de O Globo ,que fez essa pergunta constrangedora, havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.
A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.
Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.
Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.
Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.
O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” é opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra (eletrificação de favelas e demais políticas sociais). Já o jornalista argentino perguntou se foi Lula quem armou Khadafi e concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.