terça-feira, 28 de março de 2017

Interpretação dos Textos Sagrados


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Apresentação:
Interpretação dos Textos Sagrados
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.” – (II Pedro, 1:20)

Jesus é o caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos.

Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida.

O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados.

Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmo, ao contacto do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna.

No propósito de valorizar o ensejo de serviço, organizamos este humilde trabalho interpretativo (1), sem qualquer pretensão a exegese.

Concatenamos apenas modesto conjunto de páginas soltas destinadas a meditações comuns.

Muitos amigos estranhar-nos-ão talvez a atitude, isolando versículos e conferindo-lhes cor independente do capítulo evangélico a que pertencem. Em certas passagens, extraímos daí somente frases pequeninas, proporcionando-lhes fisionomia especial e, em determinadas circunstâncias, as nossas considerações desvaliosas parecem contrariar as disposições do capítulo em que se inspiram.

Assim procedemos, porém, ponderando que, num colar de pérolas, cada qual tem valor específico e que, no imenso conjunto de ensinamentos da Boa Nova, cada conceito do Cristo ou dos seus colaboradores diretos adapta-se a determinada situação do Espírito, nas estradas da vida. A lição do Mestre, além disso, não constitui tão-somente um impositivo para os misteres da adoração. O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a obediência. O Cristo não estabelece linhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao serviço divino.

Muitos discípulos, nas várias escolas cristãs, entregaram-se a perquirições teológicas transformando os ensinos do Senhor em reliquea morta dos altares de pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converte-lhe o evangelho de Amor e Sabedoria em companheiro da prece, um livro escolar no aprendizado de cada dia, em fonte inspiradoras de nossas mais humildes ações no trabalho comum e em código de boas maneiras no intercâmbio fraternal.

Embora esclareça nossos singelos objetivos, noto, antecipadamente, ampla perplexidade nesse ou naquele grupo de crentes.

Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no Caminho, para adquirir a Verdade e a Vida na significação integral.

Compreendemos o respeito devido ao Cristo, mas, pela própria exemplificação do Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel constitui-se de adoração e trabalho, de oração e esforço próprio.

Quanto ao mais, consola-nos reconhecer que os Textos Sagrados são dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo, aqui nos reportamos às palavras sábias de Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”

(1) Algumas destas páginas, já publicadas na imprensa espiritista cristã, foram por nós revistas e simplificadas para maior clareza de interpretação.

segunda-feira, 27 de março de 2017

O fim do emprego


Professor da USP diz que Terceirização é o fim do emprego no Brasil e a pior lei já aprovada

28/3/2017 00:25 


Por Vladimir Safatle - O fim do emprego

Nunca na história da República o Congresso Nacional votou uma lei tão contrária aos interesses da maioria do povo brasileiro de forma tão sorrateira. A terceirização irrestrita aprovada nesta semana cria uma situação geral de achatamento dos salários e intensificação dos regimes de trabalho, isto em um horizonte no qual, apenas neste ano, 3,6 milhões de pessoas voltarão à pobreza.

Estudos sobre o mercado de trabalho demonstram como trabalhadores terceirizados ganham, em média, 24% menos do que trabalhadores formais, mesmo trabalhando, em média, três horas a mais do que os últimos. Este é o mundo que os políticos brasileiros desejam a seus eleitores.

Nenhum deputado, ao fazer campanha pela sua própria eleição em 2014, defendeu reforma parecida. Ninguém prometeu a seus eleitores que os levariam ao paraíso da flexibilização absoluta, onde as empresas poderão usar trabalhadores de forma sazonal, sem nenhuma obrigatoriedade de contratação por até 180 dias. Ou seja, esta lei é um puro e simples estelionato eleitoral feito só em condições de sociedade autoritária como a brasileira atual.

Da lei aprovada nesta semana desaparece até mesmo a obrigação da empresa contratante de trabalho terceirizado fiscalizar se a contratada está cumprindo obrigações trabalhistas e previdenciárias. Em um país no qual explodem casos de trabalho escravo, este é um convite aberto à intensificação da espoliação e à insegurança econômica.

Ao menos, ninguém pode dizer que não entendeu a lógica da ação. Em uma situação na qual a economia brasileira está em queda livre, retirar direitos trabalhistas e diminuir os salários é usar a crise como chantagem para fortalecer o patronato e seu processo de acumulação. Isto não tem nada a ver com ações que visem o crescimento da economia. Como é possível uma economia crescer se a população está a empobrecer e a limitar seu consumo?

Na verdade, a função desta lei é acabar com a sociedade do emprego. Um fim do emprego feito não por meio do fortalecimento de laços associativos de trabalhadores detentores de sua própria produção, objetivo maior dos que procuram uma sociedade emancipada. Um fim do emprego por meio da precarização absoluta dos trabalhos em um ambiente no qual não há mais garantias estatais de defesa mínima das condições de vida. O Brasil será um país no qual ninguém conseguirá se aposentar integralmente, ninguém será contratado, ninguém irá tirar férias. O engraçado é lembrar que a isto alguns chamam "modernização".

De fato, há sempre aqueles dispostos à velha identificação com o agressor. Sempre há uma claque a aplaudir as decisões mais absurdas, ainda mais quando falamos de uma parcela da classe média que agora flerta abertamente com o fascismo. Eles dirão que a flexibilização irrestrita aumentará a competitividade, que as pessoas precisarão ser realmente boas no que fazem, que os inovadores e competentes terão seu lugar ao sol. Em suma, que tudo ficará lindo se deixarmos livre a divina mão invisível do mercado.

O detalhe é que, no mundo dessas sumidades, não existe monopólio, não existe cartel, não existem empresas que constroem monopólios para depois te fazer consumir carne adulterada e cerveja de milho, não existe concentração de renda, rentismo, pessoas que nunca precisarão de fato trabalhar por saberem que receberão herança e patrimônio, aumento da desigualdade. Ou seja, o mundo destas pessoas é uma peça de ficção sem nenhuma relação com a realidade.

Mas nada seria possível se setores da imprensa não tivesse, de vez, abandonado toda ideia elementar de jornalismo.

Por exemplo, na semana passada o Brasil foi sacudido por enormes manifestações contra a reforma da previdência. Em qualquer país do mundo, não haveria veículo de mídia, por mais conservador que fosse, a não dar destaque a centenas de milhares de pessoas nas ruas contra o governo. A não ser no Brasil, onde não foram poucos os jornais e televisões que simplesmente agiram como se nada, absolutamente nada, houvesse acontecido. No que eles repetem uma prática de que se serviram nos idos de 1984, quando escondiam as mobilizações populares por Diretas Já!. O que é uma forma muito clara de demonstrar claramente de que lado sempre estiveram. Certamente, não estão do lado do jornalismo.
FSP, 24.03.2017

Aqui origem deste artigo

terça-feira, 21 de março de 2017

A CONVERSA de JESUS com os espíritos de MOISÉS e ELIAS


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A CONVERSA de JESUS com os espíritos de MOISÉS e ELIAS ! Registrado na BÍBLIA (Lucas) !

Várias escolas religiosas, defendendo talvez determinados interesses do sacerdócio, asseguram que o Evangelho não apresenta bases ao movimento de intercâmbio entre os homens e os Espíritos desencarnados que os precederam na jornada do Mais Além…

Entretanto, nesta passagem de Lucas, vemos o Mestre dos Mestres confabulando com duas entidades egressas da Esfera invisível de que o sepulcro é a porta de acesso.

Aliás, em diversas circunstâncias encontramos o Cristo em contato com almas perturbadas ou perversas, aliviando os padecimentos de infortunados perseguidos. Todavia, a mentalidade dogmática encontrou aí a manifestação de Satanás, inimigo eterno e insaciável.

Aqui, porém, trata-se de sublime acontecimento no Tabor. Não vemos qualquer demonstração diabólica e, sim, dois Espíritos gloriosos em conversação íntima com o Salvador.

E não podemos situar o fenômeno em associação de generalidades, porquanto os “amigos do outro mundo”, que falaram com Jesus sobre o monte, foram devidamente identificados.

Não se registrou o fato, declarando-se, por exemplo, que se tratava da visita de um anjo, mas de Moisés e do companheiro Elias , dando-se a entender claramente que os “mortos” voltam de sua nova vida.

 Por: Emmanuel. (Espírito)
Francisco Cândido Xavier.
Da Obra Caminho, Verdade e Vida .

"Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há mais  de  dois milênios!

sexta-feira, 10 de março de 2017

A Mulher e sua Luta pela Emancipação- Por JPN

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(...)"Pão e rosas"
A luta pela emancipação da mulher é antiga. Já nos tempos clássicos da Grécia, esse espírito libertário procurava, sob certo aspecto, o seu caminho nos esforços e dificuldades de Lisístrata, com sua greve do sexo, na qual moveu mulheres de Atenas e de Esparta, para deter a Guerra do Peloponeso, segundo a comédia de Aristófanes.

Em 1857, centenas de operárias das fábricas têxteis e de vestuário de Nova York iniciaram um forte protesto contra os baixos salários, jornada de mais de 12 horas e péssimas condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil delas voltaram às ruas nova-iorquinas. Sob o slogan "Pão e rosas" — "tendo o pão como símbolo da estabilidade econômica e as rosas representando uma melhor qualidade de vida" —, pleiteavam idênticos direitos aos reivindicados pelas trabalhadoras da década de 50 do século 19. Aproximadamente 130 delas faleceram durante misterioso incêndio. Mas não ficou só nisso a luta. Três anos depois, também naquela cidade, ocorreu outro trágico acontecimento provocado pelas infernais condições de segurança na Triangle Shirtwaist Company. Em 25 de março de 1911, mais de 140 tecelãs e tecelões, de maioria italiana e judia, morreram calcinados (21 eram homens). Os fatos foram, em sua dramaticidade, registrados: criaturas em desespero jogando-se das janelas do prédio em chamas. As manifestações ocorridas na metrópole cosmopolita alinham-se entre os principais degraus para a emancipação da mulher, bem como os esforços de tantas outras, a exemplo da alemã Clara Zetkin, uma das mais famosas ativistas pelos direitos femininos, que, em 1910, durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, propôs a criação do Dia Internacional da Mulher.

A atitude corajosa delas encontra-se perfeitamente enquadrada nesta exclamação da inesquecível Helen Keller (1880-1968): "A vida é uma aventura ousada ou nada!".

É palmar que a famosa ativista social se refere à audácia que impulsiona os vanguardeiros a rever costumes e conceitos ultrapassados, que retardam a evolução das criaturas e dos povos (sobretudo no campo imprescindível do conhecimento espiritual). Ela própria é um modelo constante dessa premissa. Cega, surda e muda, em decorrência de uma doença manifestada aos 18 meses, rompeu barreiras, tornando-se uma das mulheres mais respeitadas da História.

A Alma da Humanidade
O papel da mulher é tão importante, que, mesmo com todas as obstruções da cultura machista, nenhuma organização que queira sobreviver — seja ela religiosa, política, filosófica, científica, empresarial ou familiar — pode abrir mão de seu apoio. Ora, a mulher, bafejada pelo Sopro Divino, é a Alma de tudo, é a Alma da Humanidade, é a boa raiz, a base das civilizações, a defesa da existência humana. Qual mãe deseja ver seu filho morto na guerra? Ai de nós, os homens, se não fossem as mulheres esclarecidas, inspiradas, iluminadas!

Essas nossas afirmativas encontram ressonância nas do educador norte-americano Charles McIver (1860-1906), que dizia: "O caminho mais econômico, fácil e certo para a educação universal é educar as mulheres, aquelas que se tornarão as mães e professoras de gerações futuras".

Verdade seja dita, homem algum pouco realiza de verdadeiramente proveitoso em favor da Paz se não contar, de uma forma ou de outra, com a inspiração feminina. Realmente, pois, "se você educar um homem, educa um indivíduo; mas, se educar uma mulher, educa uma família". Exato, McIver.

Apropriada também a assertiva do velho Goethe (1749-1832): "O homem digno irá longe guiado pelas boas palavras de uma mulher sábia".

Às mulheres do Brasil e do mundo, a nossa saudação pela data especial: 8 de março — embora, na Legião da Boa Vontade, na Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, na Fundação JPN e na Associação Boa Vontade, todo dia é dia da mulher de real Boa Vontade, cujo exemplo de coragem encontramos no Evangelho do Cristo, segundo João, 19:25, que relata o apoio das mulheres por Ele recebido, que estavam acompanhadas unicamente pelo Discípulo Amado, na derradeira hora, no momento da Sua crucificação: "E diante da cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela e também Maria Madalena, e Maria, mulher de Clopas". Essas heroínas, no instante supremo da dor, não O abandonaram, permanecendo ao Seu lado, num inaudito sinal de bravura. Nenhuma ação humana pode, decisivamente, progredir sem o auxílio, reservado ou público, das mulheres. A História está repleta de comprovações.

Leia na íntegra: AQUI.:

Sobre o Autor.: José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem "o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno".

quinta-feira, 9 de março de 2017

A Mulher e o Crack


O crack e a mulher

Fonte: Jornal de Brasília, edição de 14 de agosto de 2012, terça-feira.
Conforme recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas viciadas em crack no Brasil ultrapassa a impressionante marca de um milhão de usuários. Especialistas em saúde comparam a epidemia da aids na África à do crack em nosso país. Outro dado alarmante é a média de idade dos que o experimentam pela primeira vez: 13 anos. Contudo, engana-se quem acha que somente as camadas da sociedade em situação de pobreza estão à mercê desse perigo mortal. A droga também se faz presente nas classes sociais mais abastadas de modo devastador.
O desastroso abalo físico e mental provocado pela pedra de crack é disparado na primeira ocasião em que se acende o cachimbo artesanal — poderia se dizer infernal —, pois não arruína apenas a vida do usuário, mas a de toda a família. A ilusória sensação de bem-estar e de euforia fica tragicamente evidenciada pela progressiva degradação do corpo e da Alma dos dependentes.
Segundo a dra. Solange Nappo, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), "no início da entrada do crack no Brasil, mais precisamente em São Paulo/SP, o perfil do usuário era do sexo masculino. A presença de mulheres era pontual, algo raro. No princípio da década de 2000, começamos a receber indicativos e informações dos próprios usuários de que as mulheres aderiram à cultura do uso do crack".
Vivian R. Ferreira
Dra. Solange Nappo
Em entrevista ao programa "Sociedade Solidária", transmitido pela Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canal 196), a dra. Solange comentou que o fato de a mulher transformar-se em consumidora do entorpecente mudou toda a dinâmica do vício. "O usuário masculino tornou-se, em geral, um transgressor. Ele rouba para comprar a pedra. Não é um profissional do crime. Diante disso, com sua inexperiência, é facilmente preso e acaba criando um problema para o tráfico, que perde um cliente em potencial, na maioria das vezes já devedor da droga que consome. Quando a mulher é inserida no submundo do crack, ela passa a ser linha de frente, pois o risco de ser presa é bem menor. Ao invés de roubar, ela vai vender o seu corpo", explicou.
Para agravar a situação, a mulher, ao se prostituir a fim de conseguir a droga, vira foco de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente do vírus HIV.
Sobre isso, esclareceu a dra. Solange: "Uma mulher que faz programa por conta da compulsão pela droga o faz sem proteção, a qualquer hora e em qualquer lugar. Não fica num local aguardando que alguém passe. Ela vai em busca desse parceiro na tentativa de que ele, rapidamente, lhe dê o dinheiro que lhe possibilitará comprar a pedra de crack. Sem falar das que ficam grávidas sem nenhuma estrutura para ser mãe. Essa situação de vulnerabilidade traz para a mulher complicações físicas, psíquicas e orgânicas de todos os tipos. Quando a mulher entra nessa cultura, traz com ela um problema social enorme. De um grupo de 80 mulheres que entrevistamos, pelo menos 40% delas eram portadoras do HIV".
Grato, dra. Solange, pelas elucidações. É uma triste realidade que não pode ser ignorada. Além das imprescindíveis políticas públicas de combate ao crack, urge fortalecer, com a Espiritualidade Ecumênica, os valores da Família. É nela que se encontra a solução de muitos problemas que hoje afligem a Humanidade.
SOBRE O AUTOR.: !José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem "o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno".!

quarta-feira, 8 de março de 2017

O protagonismo da mulher na construção da Paz



Beijing+20 — O protagonismo da mulher na construção da Paz

O protagonismo da mulher na construção da Paz

Fonte: Revista BOA VONTADE Mulher, de fevereiro de 2015.
Oito de março é o Dia Internacional da Mulher, que tem sido vítima, em pleno século 21, das maiores atrocidades, entre elas o execrável estupro. Crime inafiançável. Uma vergonha para a Humanidade.
No Preâmbulo da Constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), aprovada em 16 de novembro de 1945, temos a descrição desta realidade: "Se as guerras nascem na mente dos homens, é na mente dos homens que devem ser construídos os baluartes da Paz". Em 2003, fiz questão de abrir meu livro "Reflexões da Alma" com esse ensinamento. Ele realmente traça os nossos planos de trabalho. Contudo, considero importante evidenciar que essa acurada advertência diz respeito aos seres humanos em geral e não apenas ao gênero masculino.

Saudação

Meus cumprimentos às delegações internacionais, às autoridades e a todos os participantes que decididamente se reúnem aqui, em Nova York, EUA, entre os dias 9 e 20 de março de 2015, durante a 59a sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, organizada pelas Nações Unidas (ONU), com o nobre intuito de discutir o tema central: "Beijing+20 (2015)". Promove-se, assim, profunda reflexão a respeito dos avanços e retrocessos havidos desde 1995, quando ocorreu em Pequim, na China, a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, que definiu como foco principal trabalhar pela igualdade de gênero e lutar contra a discriminação de mulheres e meninas em todo o orbe terrestre.
É sempre com muita honra que a Legião da Boa Vontade (LBV), desde o início, tem prestigiado tais debates com sua contribuição e se empenhado na defesa desse fundamental objetivo, sobretudo em um globalizado mundo belicista.
Quando participamos daquele memorável encontro, em 1995, endereçamos aos conferencistas mensagem publicada anteriormente na revista International Business and Management, em 1987, com o seguinte título: "Não há mundo sem a China". Nela, entre outros tópicos, escrevi:
O caminho da LBV é a Paz. Chega de guerras! A brutalidade é a lei dos irracionais, não do ser humano, que se considera superior. Defendemos a valorização da criatura humana, dentro da imprescindível igualdade, antes de tudo espiritual, de gênero, porquanto a riqueza de um país é o seu povo. (...)
Façamos nossas estas palavras do Apóstolo Pedro, constantes de sua Primeira Epístola, 3:11:
— Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz e siga-a.
Essa tão almejada Paz, legítima, necessária, antídoto para os problemas espirituais, sociais e físicos, a exemplo das crises globais, será alcançada quando também não tivermos mais toda e qualquer discriminação contra as mulheres e as meninas (na verdade, as crianças de ambos os sexos). Assim, garantiremos a elas o empoderamento e a autonomia para serem protagonistas no desmantelamento da crueldade absurda, que campeia o íntimo endurecido de indivíduos, com o sentimento materno que nasce no coração de cada uma — independentemente se forem mães de filhos carnais, pois brado, com todas as minhas forças, que todas as mulheres são mães.

O exemplo de Hipácia

Reprodução LBV
Hipácia
Vem à minha memória o exemplo de uma pioneira figura na matemática, na astronomia e ícone da filosofia na Antiguidade, que homenageei em meu artigo "Hipácia, mãe de filósofos". Ascética e celibatária, ela não deixou herdeiros, mas, como reiterei em 1987, há muitas formas sublimes de ser mãe, inclusive dar à luz grandes realizações em prol da Humanidade.
Foi o caso dela. Sua dedicação às questões metafísicas gerou verdadeiros filhos a perpetuar nas mentes a constante necessidade de buscar respostas às indagações que sempre nos afligiram. Numa época em que a intelectualidade feminina não era reconhecida, as teses de Hipácia (aprox. 355-415) influenciaram muitos poderosos. Suas palestras não ficavam apenas no âmbito filosófico, pois era procurada também a fim de opinar sobre assuntos políticos e da comunidade.
No entanto, em ambiente de forte intolerância, Hipácia começou a incomodar. E a atrocidade usada para tirar-lhe a vida provocaria espanto aos mais cruéis carrascos de todos os tempos. Como não queremos que se repitam as atitudes terríveis praticadas contra a filósofa de Alexandria, vale destacarmos o texto extraído da "Plataforma de Ação da Declaração de Beijing — Mulher no Poder e Tomada de Decisões", no qual podemos ler:
— Conforme se encontra na Declaração Universal dos Direitos Humanos, "todos têm o direito de fazer parte do governo do seu país". O empoderamento e a autonomia da mulher e a melhoria do seu status social, econômico e político são essenciais para que se alcance transparência e um governo respeitável e uma administração e desenvolvimento autossustentável em todas as áreas da vida.
Eis um passo decisivo para extinguirmos a intolerância, que patrocina nefastas ações contra a Humanidade.

A necessária proteção no lar

1) André Rebouças (1838-1898) 2) Florence Nightingale (1820-1910) 3)Oswaldo Cruz (1872-1917).
Em geral, as primeiras a sofrer os danos lastimáveis das conflagrações planetárias são justamente as mulheres e as meninas (aliás, todas as crianças). Portanto, observamos o perigo iminente ainda rondando os bons ideais de vê-las libertas e amparadas nos próprios lares.
A violência contra elas é triste realidade, que se abate nas mais diversas regiões do mundo, até mesmo nos países que já avançaram nas leis que as protegem. Ou seja, não está circunscrita às áreas em conflito declarado. Há uma espécie de guerra disfarçada, que espreita nossos lares, comunidades, empresas, municípios, Estados, religiões... Onde houver a violência ali estará a horrenda face do ódio!
Esse torpe semblante foi conhecido pela valente enfermeira britânica nascida em Florença, a então capital do Grão-Ducado da Toscana, atual Itália, Florence Nightingale (1820-1910). Ela lutou para quebrar as retrógradas convenções no que se referia ao papel da mulher na sociedade de sua época e acreditava ter sido chamada por Deus para servir a um grande propósito. Com sua abnegação, levou consideráveis avanços ao campo da saúde, na era vitoriana. Ao longo de sua inestimável contribuição no cuidado para com os soldados ingleses durante a Guerra da Crimeia, a "dama da lâmpada" declarou, com propriedade, em carta datada de 5 de maio de 1855:
— (...) Ninguém pode imaginar o que são os horrores da guerra — não são as feridas, e o sangue, e a febre, maculosa ou baixa, ou a disenteria, crônica e aguda, o frio, e o calor, e a penúria —, mas a intoxicação, a brutalidade embriagada, a desmoralização e a desordem por parte dos inferiores; a inveja, a maldade, a indiferença, a brutalidade egoísta por parte dos superiores. (...)
Embora diante de um quadro tão severo, jamais nos esqueçamos desta máxima do célebre cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro dr. Oswaldo Cruz (1872-1917):
— Não esmorecer para não desmerecer.
Igualmente, ressalto em minhas palestras que, se é difícil, comecemos já, ontem!, porque resta muito a ser feito. E não se pode conceber qualquer empreendimento que vise à solução dos males terrestres sem a participação efetiva das mulheres.
Relendo meu livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade, lançado em 8 de novembro de 2014, achei alguns modestos apontamentos, os quais gostaria de apresentar a Vocês, que me honram com a leitura.

Desarmar os corações

4) Alziro Zarur (1914-1979); 5) Confúcio (551-479 a.C.); 6) Dante Alighieri (1265-1321); 7) Jesus, o Cristo Ecumênico, portanto universal, o Divino Estadista.
Por infelicidade, os povos ainda não regularam suas lentes para enxergar que a verdadeira harmonia nasce no íntimo esclarecido de cada criatura, pelo conhecimento espiritual, pela generosidade e pela justiça. Consoante costumo afirmar e, outras vezes, comentarei, eles geram fartura. A tranquilidade que o Pai-Mãe Celeste tem a oferecer — visto, de lado a lado, com equilíbrio e reconhecido como inspirador da Fraternidade Ecumênica — em nada se assemelha às frustradas tratativas e acordos ineficientes ao longo da nossa História. O engenheiro e abolicionista brasileiro André Rebouças (1838-1898) traduziu em metáfora a inércia das perspectivas exclusivamente humanas:
— (...) A paz armada está para a guerra como as moléstias crônicas para as moléstias agudas; como uma febre renitente para um tifo. Todas essas moléstias aniquilam e matam as nações; é só uma questão de tempo. (O destaque é nosso.)
Ora, vivenciar a Paz desarmada, a partir da fraternal instrução de todas as nações, é medida inadiável para a sobrevivência dos povos. Mas, para isso, é preciso, primeiro, desarmar os corações, conservando o bom senso, conforme enfatizei à compacta massa de jovens de todas as idades que me ouviam em Jundiaí/SP, Brasil, em setembro de 1983 (...).
Os artefatos mortíferos, mentais e físicos, perderão todo o seu terrível significado e sua má razão de "existir" no dia em que o indivíduo, reeducado sabiamente, não tiver mais ódio bastante para dispará-los.
É necessário desativar os explosivos, cessar os rancores, que insistem em habitar os corações humanos. Eis a grande mensagem da Religião do Terceiro Milênio, que se inspira no Cristo, o Príncipe da Paz: desarmar, com uma força maior que o ódio, a ira que dispara as armas. Trata-se de um trabalho de educação de largo espectro; mais que isso, de reeducação. E essa energia poderosa é o Amor — não o ainda incipiente amor dos homens —, mas o Amor de Deus, de que todos nós nos precisamos alimentar. Temos, nas nossas mãos, a mais potente ferramenta do mundo. Essa, sim, é que vai evitar os diferentes tipos de guerra, que, de início, nascem na Alma, quando enferma, do ser vivente.
Contudo, é forçoso lembrar esta enérgica reflexão de Confúcio (551-479 a.C.):
— Paga-se a Bondade com a Bondade, e o mal com a Justiça.
Ainda em Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade, ratifico o Poder de transformação promovido pelo Amor Fraternal. A prática dessa consciência sublime e divina emoção, aliadas à verdadeira Justiça, não aos justiçamentos, constitui-se na Política mais eficaz que o ser humano pode exercer. O tempo mostrará aos pessimistas.
Sobrepujar os obstáculos 
As pessoas discutem o problema da violência no rádio, na televisão, na imprensa ou na internet e ficam cada vez mais perplexas por não descobrir a solução para erradicá-la, apesar de tantas e brilhantes teses. Em geral, procuram-na longe e por caminhos intrincados. Ela, porém, não se encontra distante; está pertinho, dentro de nós: Deus!
— (...) o Reino de Deus está dentro de vós. Jesus (Lucas, 17:21)
E devemos sempre repetir que o Pai Celestial é Amor! Não o amor banalizado, mas a Força que move os Universos. Lamentavelmente, a maioria esmagadora dos chamados poderosos da Terra ainda não acredita bem nesse fato e tenta desqualificá-lo. São os pretensos donos da verdade... Entretanto, "o próximo e último Armagedom mudará a mentalidade das nações e dos seus governantes", afiançava Alziro Zarur (1914-1979). E eu peço licença a ele para acrescentar: governantes sobreviventes.
Alziro Zarur, saudoso fundador da LBV, dizia que, "na verdade, quem realmente ama a Deus ama ao próximo, seja qual for sua religião, ou irreligião".
Recordo uma meditação minha que coloquei no livro Reflexões da Alma (2003): O coração torna-se mais propenso a ouvir quando o Amor é o fundamento do diálogo.
E um bom diálogo é básico para o exercício da democracia, que é o regime da responsabilidade.
A Paz não é utopia 
Ao encerrar este artigo, recorro a um argumento que apresentei, durante palestras sobre o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, apropriado igualmente aos que porventura pensem que a construção responsável da Paz seja uma impossibilidade: (...) Isso é utopia? Ué?! Tudo o que hoje é visto como progresso foi considerado delirante num passado nem tão remoto assim. (...)
Muito mais se investisse em educação, instrução, cultura e alimentação, iluminadas pela Espiritualidade Superior, melhor saúde teriam os povos, portanto, maior qualificação espiritual, moral, mental e física, para a vida e o trabalho, e menores seriam os gastos com segurança. "Ah, é esforço para muito tempo?!" . Então, comecemos ontem! Senão, as conquistas civilizatórias no mundo — a começar pelas da igualdade de gênero, empoderamento e autonomia de mulheres e meninas —, que ameaçam ruir, poderão dar passagem ao contágio da desilusão que atingirá toda a Terra. Não podemos permitir tal conjuntura.
Convivência pacífica
A fraterna saudação ensinada por Jesus aos Seus Apóstolos e Discípulos estende-se ecumenicamente a todos os seres terrenos, como valioso convite à convivência em paz no planeta, nossa morada coletiva:
— E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa! Jesus (Lucas, 10:5).

terça-feira, 7 de março de 2017

A Saga das Mulheres Pelo Mundo







As mulheres e a luta pelos seus direitos políticos no Brasil


Neste ano quando comemoramos os 85 anos da conquista do voto feminino é preciso relembrar as situações degradantes que viveram as mulheres durante séculos e a luta persistente que travaram para, finalmente, conseguirem se firmar como cidadãs. É claro que muito ainda falta a ser conquistado, mas olhando para trás vemos o quanto já se caminhou.
Por Augusto Buonicore*, no Portal Grabois

Voto feminino
No Brasil, por exemplo, as mulheres apenas puderam se matricular em estabelecimentos de ensino em 1827. O direito a cursar uma faculdade só foi adquirido cerca de 50 anos depois. Apenas em 1887 o país formaria sua primeira médica. As primeiras mulheres que ousaram dar esse passo rumo à sua autonomia e profissionalização foram socialmente segregadas.
O primeiro Código Civil brasileiro, aprovado em 1916, reafirmou muitas das discriminações contra a mulher. Escreveu a professora Maria Lygia Quartim de Moraes: “Com o casamento, a mulher perdia sua capacidade civil plena. Cabia ao marido a autorização para que ela pudesse trabalhar, realizar transações financeiras e fixar residência. Além disso, o Código Civil punia severamente a mulher vista como ‘desonesta’, considerava a não virgindade da mulher como motivo de anulação do casamento (…) e permitia que a filha suspeita de ‘desonestidade’, isto é, manter relações sexuais fora do casamento, fosse deserdada”. As mulheres casadas – ou sob o pátrio poder – eram consideradas incapazes juridicamente, como as crianças, os portadores de deficiência mental, os mendigos e os índios.
Desde a formação da sociedade brasileira, as mulheres foram excluídas de todo e qualquer direito político. Por exemplo, a Carta Outorgada do Império (1824) e a primeira Constituição da República (1891) não lhes concederam o direito de votar e nem de serem votadas. Uma situação que persistiria até as primeiras décadas do século XX. Eram, portanto, consideradas cidadãs de segunda categoria. Ao bem da verdade, este não era apenas um problema do Brasil, pois, naquela época, as mulheres estavam excluídas dos seus direitos políticos na quase totalidade dos países do mundo.
Nesse período sombrio elas não se calaram. No entanto, só muito recentemente a história da resistência feminina começou a ser desvendada pela historiografia. As mulheres lutaram pelo acesso à Educação e pelos seus direitos civis e políticos. Também se envolveram nos grandes movimentos que ajudaram a construir a nação, como as lutas pela independência, a campanha abolicionista, a proclamação da República etc.
A primeira feminista brasileira de que se tem notícia foi a potiguar Nísia Floresta (1809-1885). Ela se destacou como educadora, criando e dirigindo diversas escolas femininas no país. Considerava a educação o primeiro passo para a emancipação da mulher. Traduziu e publicou no país o manifesto feminista de Mary Wollstonecraft – Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens. Após ter permanecido 28 anos na Europa, ao voltar para o Brasil, apoiou o movimento abolicionista e republicano. Nísia foi uma pessoa muito à frente de seu tempo.
A imprensa alternativa feminina, surgida em meados do século XIX, foi, no entanto, uma espécie de embrião do movimento de mulheres. Em 1852 a jornalista Juana Noronha fundou e dirigiu o primeiro jornal produzido por mulheres – o Jornal das Senhoras. No ano de 1873 a professora Francisca Motta Diniz fundou o jornal O sexo feminino. Em um de seus editoriais afirmava: “Não sabemos em que grande república ou republiqueta a mulher deixe de ser escrava e goze de direitos políticos, como o de votar e ser votada. O que é inegável é que em todo o mundo, bárbaro e civilizado, a mulher é escrava”. O jornal se envolveria na grande campanha pela abolição da escravatura.
Inúmeros outros jornais femininos surgiriam. A maior parte deles teve vida curta, e mesmo não sendo revolucionários ou mesmo feministas, ajudaram a conscientizar as mulheres sobre o papel subalterno que lhes era destinado pela sociedade patriarcal. Este breve artigo se concentrará na luta das mulheres pelos direitos políticos, especialmente o direito de votar e serem votadas.
A República Velha e os direitos das mulheres
Desde meados do século XIX, as mulheres buscaram romper o cerco que as envolvia e conquistar seus direitos civis e políticos. O voto feminino foi um dos temas tratados pelos deputados que elaboraram a primeira Constituição Republicana (1891). Contudo, o texto final acabou não deixando clara a situação política da mulher. Ele não proibia explicitamente o voto feminino, mas também não o garantia de maneira clara. A proposital ambiguidade de sua redação possibilitou que a grande maioria dos legisladores e o próprio poder judiciário interpretassem ao seu bel prazer o que pretendiam os constituintes. Isso excluiu as mulheres do processo político-eleitoral por várias décadas.
As argumentações dos antifeministas eram as mais execráveis. O deputado Tito Lívio afirmou que as mulheres tinham “cérebros infantis” e seriam portadoras de “inferioridade mental” e “retardo evolutivo” em relação aos homens. Lacerda Coutinho, por sua vez, disse que “as mulheres tinham funções (biológicas) que os homens não tinham e essas funções eram tão delicadas (…) que bastava a menor perturbação nervosa, um susto, um momento de excitação, para que elas se pervertessem”.
Contudo, a maioria dos opositores ao voto feminino argumentava de maneira diferente. Sustentava a superioridade moral da mulher e, justamente por isso, ela seria incompatível com a política. A mulher deveria ser protegida pela sociedade deste mal. Deus e/ou a natureza havia reservado a ela outro papel, mais nobre, o de “rainha do lar”. Essa, por exemplo, era a visão dos positivistas.
Já as mulheres engajadas leram o texto constitucional de outra forma. Se ele explicitava os que estavam excluídos (mendigos, analfabetos, índios, praças de pré e religiosos de ordens monásticas sujeitos a voto de obediência) e entre eles não se encontrava nenhuma referência às mulheres, isso era uma comprovação cabal de que os constituintes não pretendiam proibir o voto feminino. Uma argumentação irretorquível.
Usando essa argumentação, ao longo dos anos, várias mulheres, em diversas regiões, tentaram se alistar como eleitoras. Em 1910, diante das constantes recusas, algumas delas vanguarda fundaram o Partido Republicano Feminino. Ainda que pequeno, ele mostrava o grau de consciência e organização atingido pelas brasileiras no início do século XX.
Entre suas fundadoras estavam a professora Leolinda Daltro e a escritora Gilka Machado. Esse aguerrido partido chegou a promover em novembro de 1917 uma passeata com quase 100 mulheres no centro do Rio de Janeiro. Não deixava de ser uma pequena revolução. No mesmo ano, o deputado socialista Maurício de Lacerda apresentou um projeto estabelecendo o voto feminino, que não chegou a ser apreciado pela Câmara Federal.
Naquela mesma época, outra personagem entrou em cena: Bertha Lutz. Filha de um dos mais renomados cientistas brasileiros, Adolfo Lutz, estudou na Sorbonne e formou-se em Biologia. Na França entrou em contato com as ideias feministas que fervilhavam em solo europeu.
De volta ao Brasil, em 1918, imediatamente envolveu-se na luta pelo voto feminino. Na influente Revista da Semana afirmou: “As mulheres russas, finlandesas, dinamarquesas e inglesas (…) já partilham ou brevemente partilharão do governo, não só contribuindo com o voto como podendo ser elas próprias eleitas para o exercício do Poder Legislativo (…). Só as mulheres morenas continuam, não direi cativas, mas subalternas (…). Todos os dias se leem nos jornais e nas revistas do Rio apreciações deprimentes sobre a mulher. Não há, talvez, cidade no mundo onde menos se respeite a mulher”.
Pertencente à elite econômica, política e intelectual brasileira, Bertha Lutz teve algumas condições para a sua atuação que outras não tiveram. No ano seguinte (1919), foi indicada pelo governo brasileiro para participar da reunião do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho. Ali foi aprovado o princípio de salário igual para trabalho igual, sem distinção de sexo. Ela também representou o país na I Conferência Pan-Americana da Mulher, realizada em abril de 1922.
Nos Estados Unidos, onde se realizou esse encontro, conheceu Carrie Chapman Catt. Esta representava uma corrente menos radical do movimento feminista internacional e condenava os métodos radicais das sufragistas europeias, especialmente britânicas. Bertha Lutz, numa entrevista, afirmou que a orientação da senhora Carrie era “muito salutar, pois o movimento nos Estados Unidos tem sido muito digno e completamente alheio aos métodos violentos empregados por alguns países europeus”. Esses métodos pacíficos se adequavam melhor à condição social das feministas brasileiras daquele tempo, em geral pertencentes às elites.
Ainda em 1922, Bertha organizou o 1º Congresso Feminista e fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Esta foi a primeira entidade feminista brasileira com certa expressão nacional e internacional. Entre os seus objetivos estavam: “assegurar à mulher os direitos políticos que a nossa constituição lhe confere” e “estreitar os laços de amizade com os demais países americanos a fim de garantir a manutenção perpétua da paz e da justiça no Hemisfério Ocidental”. A referência ao “hemisfério ocidental” não era casual e refletia a ideologia predominante no movimento.
Um congresso jurídico realizado no Rio de Janeiro aprovou por 28 votos contra apenas 4 resoluções que diziam: “1º) A mulher não é, moral nem intelectualmente, inapta para o exercício dos direitos políticos; 2º) Em face da Constituição Federal, não é proibido às mulheres o exercício dos direitos políticos”. Rui Barbosa também passou a defender a tese da constitucionalidade do voto feminino.
Uma garota do barulho
Entre os nomes femininos que cabe ainda destacar neste conturbado ano de 1922 é o da combativa estudante Diva Nolf Nazário. Na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde estudava, defendeu, contra a maioria de seus pares, o simples direito de votar na eleição do diretório acadêmico XI de Agosto. Consciente da situação inferior que se encontravam as mulheres, participou ativamente da fundação da Aliança Paulista pelo Sufrágio Universal, tendo sido sua secretária-geral.
Convencida da constitucionalidade do voto feminino, ela tentou se registrar como eleitora. Para isso, fez uma verdadeira peregrinação por vários órgãos públicos. Chegou mesmo, depois de muita insistência, a conseguir um registro eleitoral provisório. Contudo, o parecer do juiz eleitoral foi-lhe desfavorável. Escreveu o magistrado: “Entendem, por certo, a maioria dos nossos representantes que (…) não era ainda o momento de romper com as tradições do nosso direito, segundo as quais as palavras ‘cidadãos brasileiros’, empregadas nas leis eleitorais, designam sempre cidadãos do sexo masculino”. Para ele as atribuições plenas da cidadania se vinculavam às “energias e veemências próprias da organização viril”. A mulher seria uma criatura “destinada a dividir harmonicamente com o homem a responsabilidade da vida em comum, ela, na tranquilidade do lar, cuidando da ordem doméstica, ele, no trabalho cotidiano, auferindo meios de prover a subsistência da família”. Diva recorreu da decisão e seu pedido foi indeferido. O caso repercutiu nacionalmente e ganhou as páginas dos principais jornais.
No ano seguinte, 1923, ela publicou Voto Feminino e Feminismo, no qual apresentou sua luta e as diversas posições existentes em relação ao sufrágio feminino, através de artigos publicados na imprensa daquela época. O livro, cuja edição fac-similar foi publicada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2009, é uma referência obrigatória para aqueles que desejam pesquisar o movimento feminista no início do século XX.
A crise do Estado Oligárquico e o avanço feminista
No Congresso Nacional também crescia o número de parlamentares favoráveis ao voto feminino. Alguns projetos chegaram mesmo a ser aprovados nas comissões e em primeira votação nas duas casas legislativas. Nas eleições presidenciais de 1922, a vitória eleitoral de Arthur Bernardes – um opositor do voto feminino – representou um duro golpe para os objetivos da FBPF. Seu governo foi marcado pelas rebeliões tenentistas, o permanente estado de sítio e perseguições políticas aos seus opositores.
Washington Luís, eleito presidente em 1926, incluiu em sua plataforma eleitoral o voto feminino. Sua vitória animou as militantes feministas. A luta foi retomada dentro e fora do parlamento. O estopim foi a proposta de realização de uma reforma eleitoral. Novamente foram apresentados projetos que garantiam o voto às mulheres e as Comissões de Justiça deram pareceres favoráveis a eles.
As entidades femininas fizeram um abaixo-assinado com mais de duas mil assinaturas, em geral de mulheres de projeção social. Uma comissão passou a acompanhar de perto o trabalho parlamentar. Tudo indicava que, desta vez, a situação seria resolvida favoravelmente às mulheres.
Contudo, o projeto que instituía o voto feminino acabou não sendo votado, pois dois senadores apresentaram emendas desfigurando-o. Uma das emendas elevava a idade mínima para votar e ser eleita de 21 para 35 anos, com o objetivo de evitar que “meninas de pouca idade” fossem eleitas para o Congresso. A outra emenda também estabelecia o voto diferenciado para mulheres, em que se afirmava: “Podem votar e ser votadas (…) as mulheres diplomadas com títulos científicos e de professora, que não estiverem sob poder marital nem paterno”. A matéria voltou para a Comissão de Justiça que rejeitou as emendas. O projeto entrou na lista de espera para nova votação, que nunca ocorreria.
O dique, no entanto, começara a ser rompido. Juvenal Lamartine havia sido um dos senadores que mais defenderam a proposta do direito de voto para as mulheres e, por isso mesmo, foi apoiado por elas na sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte. Antes mesmo de tomar posse, solicitou que seus correligionários na Assembleia Legislativa aprovassem o projeto que estabelecia o voto feminino. Assim, as mulheres potiguares foram as primeiras a usufruir desse direito, bem como foram as primeiras mulheres a assumirem cargos no legislativo e executivo no país. A primeira eleitora foi Celina Guimarães. Em 1928 Júlia Alves Barbosa foi eleita intendente (vereadora) em Natal e Luisa Alzira Teixeira Soriano eleita prefeita em Lajes. Alzira Soriano era fazendeira e obteve 60% dos votos, sendo a primeira mulher a assumir uma prefeitura na América Latina.
Em 1927, os votos femininos contabilizados na eleição para o Senado foram cassados pela Comissão de Poderes do Congresso Nacional. Segundo essa Comissão, as mulheres poderiam votar apenas nas eleições para as Câmaras Municipais e Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, mas não nas eleições federais. A FBPF, em protesto, lançou um duro Manifesto à Nação. Ficava cada vez mais claro para muitas mulheres que não seria aquele sistema decadente que garantiria o seu direito ao voto.
A direção da FBPF procurava tomar distância da política partidária – embora tivesse ligação com setores das oligarquias presentes no poder. Quando Nathércia Silveira, dirigente nacional, se envolveu abertamente na campanha de Getúlio Vargas, teve que se afastar da entidade. Logo após a vitória da Revolução de 1930, ela fundou a Aliança Nacional de Mulheres (ANM) que congregou mais de 3 mil filiadas e procurou dar sustentação política e social ao novo regime.
As operárias, embora tivessem grande atuação nas greves por melhores salários e condições de trabalho, tiveram pequena atuação na luta pelos direitos civis e políticos. Isso refletia vicissitudes do movimento operário brasileiro daquela época. Os anarquistas, força hegemônica até meados dos anos 1920, repudiavam a atuação política institucional e eram radicalmente contra a participação eleitoral. Por isso não se incorporaram na luta pelo sufrágio universal e feminino, que consideravam improcedente. O próprio Partido Comunista, criado em 1922, embora defendesse o voto feminino, ainda padecia de certo obreirismo e pouquíssima inserção junto às mulheres, mesmo as trabalhadoras. Situação que só começaria mudar no final daquela década.
Assim, a luta pelo sufrágio feminino foi travada fundamentalmente pelos setores de vanguarda da burguesia e da pequena burguesia urbana. Isso teve consequências na ideologia e nas formas de organização e de luta do movimento feminista brasileiro do início do século XX. Sem bases sociais populares, não se produziu uma forte corrente de esquerda como aconteceu em alguns países europeus.
A Revolução de 1930 e a conquista do voto feminino
A primeira proposta de código eleitoral feita pelo governo provisório de Vargas ainda limitava o voto feminino, determinando que só poderiam votar as mulheres solteiras e viúvas acima de 21 anos e, as casadas, apenas com autorização dos maridos. Houve uma grande campanha unificada entre a ANM e a FBPF para derrubar tais restrições. As líderes feministas se encontraram pessoalmente com Vargas e tiveram então suas reivindicações atendidas.
O novo Código Eleitoral, promulgado em 1932, garantiu-lhes o direito de votar e serem votadas. Vargas ainda indicou Bertha e Nathércia, como representantes das mulheres brasileiras, para a comissão especial encarregada de elaborar a proposta de constituição federal que seria apreciada pelo Congresso – um fato inédito na história política brasileira. A Constituição de 1934 iria estabelecer claramente, sem ambiguidade, o direito de voto para as mulheres. Assim, o Brasil se tornou o quarto país das Américas a estabelecer o voto feminino. Antes dele, haviam-no concedido o Canadá, Estados Unidos e Equador.
A paulista Carlota Pereira de Queiróz foi a primeira mulher eleita para a Câmara dos Deputados. Formada em Medicina, era também uma representante destacada da elite paulista. Berta Lutz, apesar de seu esforço, não conseguiu se eleger pelo Rio de Janeiro. Ela ficaria na primeira suplência. Alagoas, Bahia, Sergipe, São Paulo e Amazonas elegeram deputadas estaduais. O Sul teria que esperar um pouco mais. Bertha, finalmente, assumiria a sua vaga na Câmara dos Deputados, em 1936.
Naquela conjuntura de crise havia crescido a influência da esquerda entre as mulheres. Como resultado, em 1934, foi fundada a União Feminina. Ela se integraria à Aliança Nacional Libertadora (ANL), que tinha participação de socialistas, comunistas e anti-imperialistas. Após a cassação desta entidade e do esmagamento do levante ocorrido em novembro de 1935, as principais dirigentes da União Feminina foram presas. Em seguida, a FBPF e demais entidades femininas sofreriam um duro golpe com a decretação do Estado Novo em novembro de 1937. Sem democracia o movimento feminino refluiria.
Apesar dos limites apontados acima, podemos afirmar que sem a ação decidida de mulheres como Berta Lutz e Diva Nolf, não seria possível falar em democracia e cidadania no Brasil. Por isso, seus nomes deveriam constar num lugar de honra dos nossos livros de história, rompendo assim com a situação de invisibilidade que o mundo burguês masculino procurou condená-las.
* Texto adaptado da apresentação ao livro Voto feminino & feminismo de Diva Nolf Nazario (1923), edição em fac-símile produzida pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2009
** Augusto César Buonicore é historiador, presidente do Conselho Curador da Fundação Maurício Grabois. E autor dos livros Marxismo, história e a revolução brasileira: encontros e desencontros, Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas e Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução. Todos publicados pela Editora Anita Garibaldi.
Bibliografia
ALVES, Branca Moreira & PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo, Ed. Brasiliense, SP, 1981
ALVES, Branca Moreira. Ideologia e feminismo: a luta da mulher pelo voto no Brasil, Ed. Vozes, Petrópolis, 1980.
GRINBERG, Keila – Código Civil e Cidadania, Jorge Zahar Editor, RJ, 2001
HAHNER, June E. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937, Ed. Brasiliense, S.P., 1981
PINTO, Celi Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil, Ed. Fundação Perseu Abramo, SP, 2003
MORAES, Maria Lígia Quartim – “Cidadania no feminino”: In Pinsky, J. e Pinsk, C B, História da Cidadania, Ed. Contexto, SP, 2003.
SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade, Ed. Expressão Popular, S.P, 2013

segunda-feira, 6 de março de 2017




O significado da greve das mulheres neste 8 de março


Organizações feministas, populares e socialistas de todo o mundo convocaram uma greve internacional das mulheres no 8 de março para defender os direitos reprodutivos e contra a violência, entendida como a violência econômica, institucional e interpessoal.
Por Cinzia Arruzza e Tithi Bhattacharya para revista Jacobi*
Reuters
Mulheres protestam nos Estados Unidos contra TrumpMulheres protestam nos Estados Unidos contra Trump
A greve ocorrerá em pelo menos quarenta países e será o primeiro dia internacionalmente coordenado de protesto em escala tão grande depois de anos. Em termos de tamanho e diversidade de organizações e países envolvidos, será comparável às manifestações internacionais contra o ataque imperialista ao Iraque, em 2003, e os protestos internacionais coordenados sob a bandeira do Fórum Social Mundial e do movimento de justiça global no início dos anos 2000.
O movimento Occupy, dos Indignados e o Black Lives Matter conseguiram ter eco internacional e desencadear manifestações, ocupações e protestos em vários países, mas havia pouca coordenação internacional consciente entre as várias organizações e grupos envolvidos. As revoluções árabes desencadearam acontecimentos extraordinários e históricos, mas as organizações sociais e políticas de outros países não foram capazes de promover uma poderosa mobilização coordenada internacionalmente em apoio.
Se houver êxito, a greve internacional das mulheres marcará um salto qualitativo e quantitativo no longo processo de reconstrução das mobilizações sociais em escala internacional contra o neoliberalismo e o imperialismo, as quais vários movimentos dos últimos anos, tais como o Occupy Gezi Park, os Indignados, o Standing Rock e o Black Lives Matter, deram forma. Isso também sinalizará a possibilidade concreta de um movimento feminista novo, poderoso, anticapitalista e internacionalista.
Por que estamos chamando isso de greve?
Muitas discussões sobre a greve, especialmente nos Estados Unidos, centraram-se em saber se é correto chamar o 8 de março de “greve”, em vez de uma manifestação ou protesto. Essa crítica é vazia de sentido. As greves das mulheres sempre foram mais abrangentes em seus alvos e metas do que as paralisações tradicionais por salários e condições de trabalho.
Em 1975, 90% das mulheres da Islândia fizeram uma greve nos locais de trabalho e se recusaram a realizar trabalho social não remunerado durante um dia, a fim de tornar visível o trabalho e a contribuição das mulheres islandesas para a sociedade. Elas exigiram salários iguais aos dos homens e o fim à discriminação sexual no local de trabalho.
No outono de 2016, as ativistas polonesas adotaram a estratégia e a mensagem da greve das mulheres de Islândia em 1975 e organizaram uma greve massiva de mulheres para impedir a aprovação de um projeto de lei no parlamento que proibisse o aborto. Ativistas argentinas fizeram o mesmo em outubro passado para protestar contra a violência masculina contra as mulheres.
Esses eventos – que estimularam a ideia de uma greve maior no Dia da Mulher – demonstram como uma greve de mulheres é diferente de uma greve geral. A greve das mulheres surge da reflexão política e teórica sobre as formas concretas do trabalho feminino nas sociedades capitalistas.
No capitalismo, o trabalho das mulheres no mercado formal é apenas uma parte do trabalho que realizam. As mulheres são também as principais realizadoras do trabalho reprodutivo – trabalho não remunerado que é igualmente importante para a reprodução da sociedade e das relações sociais capitalistas. A greve das mulheres destina-se a tornar este trabalho não remunerado visível e enfatizar que a reprodução social é também um local de luta.
Além disso, devido à divisão sexual do trabalho no mercado formal, um grande número de mulheres ocupam postos de trabalho precários, não têm direitos trabalhistas, estão desempregadas ou são trabalhadoras sem documentos.
As mulheres que trabalham no mercado formal e informal e na esfera social não reprodutiva são todas trabalhadoras. Essa consideração deve ser central para qualquer discussão sobre a reconstrução de um movimento operário não só nos Estados Unidos, mas também globalmente.
Enfatizar a unidade entre o local de trabalho e o lar é fundamental, e um princípio organizador central para a greve de 8 de março. Uma política que leve a sério o trabalho das mulheres deve incluir não só as greves no local de trabalho, mas também as greves do trabalho reprodutivo social não remunerado, as greves de tempo parcial, os chamados para redução do tempo de trabalho e outras formas de protesto que reconhecem a natureza de gênero das relações sociais.
A “greve” tornou-se o termo genérico sob o qual várias formas de ação são incluídas, porque é o termo que melhor enfatiza a centralidade do trabalho das mulheres e sua auto-identificação como trabalhadores, qualquer que seja a forma de seu trabalho.
Recuperando o direito de greve
Os Estados Unidos têm talvez as piores leis trabalhistas entre as democracias liberais. As greves gerais e as greves políticas são proibidas, as permitidas estão ligadas a exigências econômicas restritas dirigidas aos empregadores e os contratos têm frequentemente cláusulas explícitas anti-greves, cuja violação pode fazer com que o trabalhador perca o emprego e acarretar multas pesadas para o sindicato que organiza-las. Além disso, vários estados, como Nova York, têm leis que proíbem explicitamente funcionários públicos de entrar em greve.
A discussão sobre como reverter esta situação e empoderar os trabalhadores tem sido a principal preocupação estratégica da esquerda dos Estados Unidos nas últimas décadas. No entanto, um dos perigos desta discussão é o de reduzir a luta de classes apenas à luta econômica e de unir as relações sociais capitalistas com a economia formal em sentido restrito.
A transformação das relações de trabalho nos Estados Unidos requer não apenas uma ativação da classe trabalhadora com base em demandas econômicas no local de trabalho, mas sua politização e radicalização – a capacidade de realizar uma luta política dirigida à totalidade das relações de poder, instituições e formas de exploração em vigor.
Isto não pode ser alcançado apenas melhorando e expandindo a organização do trabalho de base no local de trabalho. Um dos problemas centrais que o trabalho político radical enfrenta é seu isolamento e invisibilidade. Estabelecer as bases para a revitalização do poder operário exigirá operar em diferentes níveis – criando grandes coalizões sociais, agindo dentro e fora dos locais de trabalho e estabelecendo laços de solidariedade e confiança entre organizadores e ativistas trabalhistas, antirracistas, feministas, estudantes e anti-imperialistas. Também significa aproveitar a imaginação social através de intervenções criativas, intelectuais e teóricas, além da experimentação com novas práticas e linguagens.
Em vez de um foco estreito sobre as lutas no local de trabalho, precisamos conectar movimentos baseados em gênero, raça, etnia e sexualidade, em conjunto com a organização do trabalho e o ativismo ambientalista. Somente criando essa totalidade coletiva seremos capazes de abordar a complexidade das questões e demandas apresentadas pelas diversas formas de mobilização.
Este é o caminho que a greve internacional das mulheres está perseguindo com sua plataforma política expansiva e inclusiva.
O 8 de março não será uma greve geral. Mas será um passo importante para um novo ciclo de legitimação do direito de greve contra as degradações do capitalismo sentidas em todas as esferas da vida por todos os povos.
*Cinzia Arruzza é professora adjunta de filosofia na New School. Tithi Bhattacharya é professora associada de história na Purdue University. Ambas assinam, junto com Angela Davis, Keeanga-Yamahtta Taylor, Linda Martín Alcoff, Nancy Fraser e Rasmea Yousef Odeh, o manifesto que originalmente convocou uma greve internacional militante das mulheres para o próximo dia 8 de março de 2017, “Por uma greve internacional militante no 8 de março“.
Artigo publicado originalmente no blog da revista Jacobin. A tradução é de Daniela Mussi, para o Blog Junho.Copiado de:

domingo, 5 de março de 2017

Apropriação Cultural; Preconceito. Racismo.Discriminação. Escravidão. #...




Por Prfª Carvalho Peixoto
Foi muito infeliz a jovem que maltratou a outra devido a um turbante. 
A maioria dos negros brasileiros nem usa turbantes e não da a eles significado algum. 
Porém, por outro lado, não é justo usar esta situação isolada para calar “os negros”.  
Negros brasileiros sempre foram reprimidos. 
Muitos perdiam empregos, e as poucas oportunidades ao posicionassem-se abertamente, principalmente em relação ao racismo. 
O negro deve sim falar de como se sente em todas as áreas da vida e lidar com isto.  
O negro brasileiro, em geral, não é cheio de “mi mi mi”. 
Pelo contrário, ele foi acostumado a se calar, a se submeter a sofrimentos, injustiças e humilhações para sobreviver. 
Nunca alguém que não nasceu e foi criado no Brasil entenderá totalmente o que é ser negro no Brasil! 
Assim como um negro brasileiro não tem a noção exata do que é ser negro na África!


A breve vida de Luz e Vitória ceifada pela brutalidade humana



Por volta da segunda  quinzena do mês de fevereiro
Recebi um pedido de colaboração no caso dos filhotinhos cuja mãe havia sido barbarizada por alguém no conjunto habitacional do Jardim das Pedras em  minha cidade.



Já é tristemente conhecido fatos de  brutalidade contra animais domésticos naquele lugar.
Felizmente contamos com pessoas humanas e generosas que conseguiram salvar da morte certa os gatinhos que nasceram prematuros por conta da violência sofrida ainda na barriga da mãe, eram 4 mas somente dois sobrevivera as primeiras horas.






Como em meu gatil, eu também havia resgatado 15 dias antes uma grata prenha  que dera à luz seus 4 filhotinhos, estando amamentando, colocamos os orfãozinhos no ninho e foram imediatamente aceitos.



       Porém, por serem prematuros, muito pequenos, e exatamente      naquela noite, a temperatura caíra  drasticamente, resolvemos  levá-los para dentro de casa, e passei a noite cuidando em mantê-los aquecidos e alimentados.
Passamos a noite toda atentos aos dois pequeninos, mas infelizmente, uma após a outra, morreram ao amanhecer.
Luz e Vitória, haviam recebido esses nomes de sua  salvadora. 

Seus corpinhos foram entregues a natureza, na mata próxima a minha casa, mas a sua história estará gravada nas mentes e corações das pessoas envolvidas em lhes salvar a vida, e certamente nas consciências de quem lhes impediu o simples direito de nascer e viver!
Luz e Vitória
*A vida é resultado de semeaduras e colheitas. E  a vidas cobrará de cada um de nós apresentaremos as  justas contas de nossos atos!