quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Outra vez, Janeiro!

Janeiro é um mês muito especial para mim, não só por ser o inicio de um novo ano, mas também por me recordar pessoas muito especiais em minha vida, e que hoje são apenas recordações; Lembranças queridas!
A primeira delas é o aniversário de minha mãe, a segunda o aniversário de um grande amigo, ambos nascidos no mesmo dia, 20 de janeiro, e ambos já não pertence mais ao mundo dos chamados vivos.



Minha mãe foi uma belíssima mulher, descendente de indígenas do estado de Goiás, filha do garimpeiro José Manoel  Pereira da Silva, vulgo "Mané Campina", falecido a uns 60 anos, pouco antes do meu nascimento.
Cresceu entre um garimpo e outro, e muito cedo foi deixada em casas para trabalhar como domestica. Ainda muito moça casou-se com meu pai, então viúvo recente com uma filha pequena, a qual criou como sua filha. 
Eu vim logo em seguida, porém antes de mim ela havia perdido seu primogênito, por hemorragia umbilical. 
A assistência a saúde naquela época era muito precária, e o parto foi em casa, por uma parteira dona Madalena, que sabe lá Deus porque, não acertara a mão na hora de laquear o cordão que ficou vazando pela noite adentro, e quando pela manhã, foram olhar o bebê no berço ele estava morto.
Nestas circunstâncias eu fui a primeira que vingou; talvez por isso tiveram tanto carinho e cuidados comigo.
Minha mãe era uma dessas pessoas especiais, iluminada, pacificadora e extremamente sábia,  amorosa. 
Com ela, qualquer problema era motivo para  raros aprendizados e sua "veia histriônica" tinha o dom de terminar qualquer conversa em gostosas risadas.
gordinha, era dessas que quando ri, todo o corpo sacode, ela ria com o corpo todo, fazendo a coisa ficar mais risível ainda! 
Meu Deus como eu amava conviver com aquela mulher!  
Ouvir suas histórias, e que histórias! 
Imagine uma criança  que de tão pequena tinha de subir num tamborete para alcançar a panela no fogão a lenha para cozinhar! 
Razão porque tinha marcas profundas na barriga por queimaduras no fogão, marcas nos braços por queimaduras no ferro de passar em brasas, sobreviveu a um incêndio do rancho de pau-a-pique onde moravam e a perda do irmãozinho "Zezinho" no mesmo incêndio! 
De como ela gostava desse irmão, e do pesar que sentia sempre por esta perda! 
Das saudaaades que sentia de sua mãe, falecida muito cedo; da separação dos irmãos, por que viúvo o pai os separou por questão de sobrevivência, indo ficando cada um numa fazenda, por onde o pai passava em busca do novos garimpos e novas esperanças! 
Das brincadeiras que eles faziam no pouco tempo em que estiveram juntos. 
Da tristeza que vira nos olhos do pai talvez, e certamente por tudo isso. 
Da sua mocidade, que apesar das privações, encontrava belezas e motivos de alegrias, as quais relatava a nós, e nos enchiam de prazer!
De como encontrou meu pai e terminaram casados.
Da esperança de reencontrar seu único irmão vivo Constantino, das histórias das duas irmãs, Filó e Idelfonsa.
Papai sempre foi um metalúrgico e trabalhou a vida toda na Rede Ferroviária Federal na divisão da Estrada de Ferro Goiáz em Araguari, no Triângulo Mineiro. 
Tantas histórias que preencheu a minha infância de doçura inesquecível! 
Minha mãe Sebastiana! 
Minha eterna rainha!
Minha Índia!  
Minha saudade!
Minha eternamente Mamãe!


Anos depois, já adulta, fui encontrar de forma muito especial, aquele que seria o meu primeiro amor.
 Amor, não paixonite de adolescente!
Aquele que contra todos os senões me ensinou a ser mulher!
Me ensinou a amar como tal!
Despertou em meu ser, tudo aquilo de que necessitaria para enfrentar a vida, e que não fazia parte do pacote filha, mas mulher!
Quanto aprendi com ele, e com que paciência e doçura me ensinava!
Aquele a quem após tanta água rolada por sobre as pontes da vida, ainda trago no coração, com indescritível carinho, respeito e amor fraterno, cujo  em nosso vocabulário não encontrei definição que se encaixe com exatidão. 
Aquele que após todos os infortúnios da vida, resultado de suas escolhas, retornou a nós para a despedida final nesta vida!
Nascido no mesmo ano que eu, apenas 45 dias antes, numa cidadezinha definida por ele de "cú do mundo" Iperó, escondida depois de Porto Feliz e Itú, filho de uma mulher também maravilhosa e muito especial a saudosa Glorinha, foi terminar sua criação na mágica Itararé, cidadezinha da fronteira de São Paulo com o Paraná. 
Lugar singelo, porém de rara beleza, para quem sabe observar as coisas simples da natureza.
Dessa relação nasceu nossa filha, muito amada, especialíssima criança; nosso"'Tambor", como ele a chamava. rs!
 Não me lembro a razão do apelido!
Mas púnhamos apelidos em todo mundo, mesmo que a pessoa jamais soubesse, entre nós cada um ganhava o seu, carinhos ou jocosos, apenas para nossa  diversão. 
Nossa curta convivência foi temperada de muita cumplicidade, e de uma alegria marota, somente entendida por nós, e as vezes criticada por todos. 
Foi mágico! 
Tão mágico que chegamos a privar de amizades como Paulo Lemiski, o "Poeta Maluco", como nós o chamávamos carinhosamente, ou o Ivãn "O desligado", e tantas outras personagens que passaram por nossa vida, algumas como ervas daninhas como Ana Rosa ou a Gera, uma doida que se infiltrou entre nós, mas que apesar de todo seu esforço, não conseguiu matar o sentimento que houvera nos unido, coitada!
As vezes tenho curiosidade  por saber o que foi feito dela!
Mais que irmão, mais que amigo, muito além do amor homem/mulher!
É um sentimento que sublimou todos os demais e persistiu pela vida aforam e ainda após a sua morte física!
 Estes dois seres, cujas lembranças iluminaram meus dias recebem minhas homenagens em cada JANEIRO!
Sou muito grata por vocês Sebastiana e Mário Gêrmano terem feito parte da minha vida!

Onde quer que vocês estejam recebam todo meu carinho!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos!

https://www.facebook.com/marcos.cunha.982292/posts/809995135692949
  • ENVELHECER
    Autoria de um excelente professor de física e matemática que também sabe escrever
    Conselho aos da minha geração.
    Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos! De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa lei diz que: “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta”. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar. Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite. Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido. O mesmo acontece a nós. O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”. Hilário, porém realista.
    Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase, reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero.
    Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?! Guarde os bisturis e toca a vida.
    Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é zombar
    do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
    Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena a ruína sua própria alma. Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer.
    A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios. Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa. Concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
    Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível. Quer um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não lhe pertencem mais. Se você tem esposa e filhos experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence.
    Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto. O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
    Esse é o segredo de uma boa vida.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O que está acontecendo com nossas famílias?

Confesso que eu torci muito pra que voce encontrasse seu filhotinho com vida, e que ele pudesse retornar ao seu convívio e continuar a iluminar seu lar, sua vida com aquele sorriso tão encantador.
Confesso que após o triste encontro do seu corpinho no rio, a 150 km do local de sua residência, eu torci ainda mais para que qualquer outra constatação fosse a determinante do crime, e cheguei a me aborrecer com as pessoas que no calor da comoção fatalmente  lincharia a você, assim como a seu marido e padrasto do garotinho. Confesso que também sofri muito com toda esta tragédia.
Meu coração de mãe, me dizia que você não havia participado desse crime.  
Mesmo conhecendo outros casos onde a mãe é considerada culpada, algo me dizia e diz ainda que não foi o seu caso. 
E esse algo está estampado em seu rosto, em sua feição destruída pela tragédia  e que acredito ainda não foi de todo digerida por você.
Vejo tanto a você quanto aos seus filhos como vítimas de algo muito preocupante, que assola lares pelo mundo afora, a todo momento.
Me coloco em seu lugar, e fico a me perguntar, onde está o ponto exato da falha, do excesso de confiança, do não atender ao alarme interno que  nos permite antecipar situações  de riscos para nossas crias?
Tenho visto ao longo da vida, e hoje muito mais que ontem, e a cada dia mais, tragédias envolvendo infanticídio, consumado por companheiros conjugais que não são pais ou mães biológicos, exterminando crianças em tenra idade, e portanto completamente indefesos. 
Durante esses dias, aguardei com ansiedade que as autoridades envolvidas não a vissem como culpada, mas não foi o que aconteceu. Fico a pensar no outro filho, apenas um bebezinho que lhe foi tirado dos braços e que de alguma forma  está sendo punido e cumprirá dolorosa pena juntamente com vocês dois, impedido de compartilhar seus primeiros passos e descobertas da vida com sua mamãe e seu papai, o Arthur.
Que pena!

Como fazemos nossas crianças sofrerem!!!

Uma questão não me sai da cabeça, e independente dos resultados deste caso em particular, quero traçar uma reflexão: _As famílias hoje estão transformadas na sua constituição, e os casamentos nos seus mais variados estilos acontecem a todo momento,numa rapidez impressionante, onde muita vez não  há tempo suficiente para que  ocorra o conhecimento entre os pares que se formam levando em conta, atrativos que não podem garantir nem a um nem ao outro, quem são de verdade.
 Certo que nem mesmo o tempo pode garantir, que conheçamos de fato aquele com quem dividimos nossa vida íntima. 
Mas o fato é que, com a pressa de nossos dias, cada vez mais há uniões, formaçâo de  família, com nascimentos dos filhos, seguido de  separaçôes, na mesma proporção, abrindo "vaga" para novas experiências. 
E é neste ponto que mora o problema; não que eu seja contra, não é nada disso, porém, podemos constatar que é neste formato de família que as coisas acontecem mais frequentes e  trágicos, aumentando a assustadora estatística dos infanticios prerpetrados por padrastos e madrastas.

Na pressa de  resolver a questão da solidão, podemos perceber um certo descuido com os filhos já existentes, e uma certa expectativa de que o novo parceiro ou parceira, vá de fato enxergar essas crianças como seus próprios filhos. Isso é como uma loteria, e a rejeição pode vir tanto da parte do novo companheiro (a) como da criança, a maior vítima nessas situações, e que os conflitos quando não muito bem administrados podem sim gerar essas tragédias.
A quantidade de mulheres muito jovens que se tornam mães muito cedo, e logo ficam sozinhas, é tão grande, que já vejo a necessidade de se analisar isto como caso de responsabilidade pública (saúde) com o comprometimento dos órgãos da saúde pública, onde especialistas possam criar projetos com programas de orientação psicológicas para essas mães e pais separados, e também dos próprios programas dos conselhos tutelares, não no sentido de punir, mas de antecipar e prevenir conflitos, auxiliando esses casais a lidar com suas dificuldades.
Da mesma forma que se faz os acompanhamentos de crescimentos e alfabetização dessas crianças, um emergir mais maduro nas vidas dessas famílias, por pessoas preparadas para prever e antecipar crises, poderia vir a ser de altíssima utilidade para nossa sociedade.
Já que não podemos retroagir no tempo, podemos aprender a lidar com os problemas até que concluamos que as mortes de tantas crianças como Isabela Nardone,
 foi o ciúme da madrasta de sua filha, Anna Carolina Jatobá, que matou a 
...
 Joaguim, 
Assassinado por ciúmes

ou da garotinha de  apenas 8 anos que foi morta provavelmente por quem a devia proteger com a própria vida na cidade de Mococa esta semana. 

Histórico de violência de padrasto liga morte de menina em Mococa com caso .


E isto pra ficar só em três exemplos.

Pessoalmente entendo que como mãe, deveríamos deixar de lado, por algum tempo a nossa própria necessidade como mulher, e colocar em primeiro plano a vida e segurança de um filho. 

Torso sinceramente por você Nathália, por que não a vejo como uma criminosa, mas apenas como uma jovem mulher que tentou encontrar a felicidade, e confiou que podia  ter o controle da situação. 
Como psicóloga, acreditastes que podia, mas não lhe ensinaram que a mente humana é traiçoeira, e que nela há escaninhos ocultos que não se mostram com facilidade, nem mesmo para um Froid.

Por todas as razões do mundo, sei  que estar sem seus filhos, sabendo que nunca mais poderá ouvir e ver aquele rostinho lindo, até mesmo angelical do Joaquim, (e não é porque ele não está mais entre nós não, mas porque raras vezes conhecemos uma criança tão bela); saber que seus sonhos de vê-lo crescer forte e saudável, ter que se afastar do outro tão bebezinho, tão dependente de mãe, apesar de ter a certeza dos cuidados amorosos dos avós e tios, já constitui uma dura condenação, que nenhum tribunal humano pode compreender.

Também, não esqueço da dor e sofrimentos do Pai Arthur, e todos aqueles que aprenderam a amá-lo.


Que Deus os ampare e os fortaleça nessa dificílima provação!
E que a sua tragédia, possa servir de lição para todos os Pais e mães, estudiosos, órgãos públicos e autoridades comprometidas com a educação de jovens e proteção da família!

Nossa sociedade precisa urgentemente  sair da zona de conforto  e estagnação , rever seus conceitos e preparar programas que possam auxiliar nossa sociedade a lidar com problemas geradores de conflitos. 
TODOS nós somos  co-responsáveis por essas tragédias, que poderia acontecer em qualquer lar, em qualquer família, independente de condição social.  

Entrar em transe de comoção, tentar linchar, apenas nos mostra o quanto somos vulneráveis, e como somos  semelhantes, porque todo aquele que consegue se imaginar levantando a mão contra seu semelhante sob a bandeira da justiça não nem um pouco diferente daquele que pretende justiçar. 
E o custo desses processos judiciais, investigações, manutenção prisionais, julgamentos e condenações, certamente daria para desenvolver belos projetos de valorização da vida e das famílias. 


*Adendo: > (O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu nesta sexta-feira (10) habeas corpus para a mãe de Joaquim Ponte, morto aos 3 anos em novembro, em Ribeirão Preto (SP). A psicóloga Natália Mingone Ponte vai deixar a Penitenciária de Tremembé na segunda-feira (13). Ela é acusada de omissão por deixar o filho com o padrasto Guilherme Raymo Longo, apontado pela Polícia Civil como responsável por matar a criança.)
Fonte> http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-01-10/justica-manda-soltar-mae-do-menino-joaquim.html

Violencia contra criança- Quem deve denunciar os maus-tratos, e a quem



                                         


Pelo Artigo 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, "os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais". As autoridades que podem receber as denúncias, além dos Conselhos Tutelares, são: o Juiz da Infância e da Juventude (antigo Juiz de Menores), a polícia, o Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, os Centros de Defesa da Criança e do Adolescente e os Programas SOS-Criança. Essas denúncias podem ser feitas por qualquer cidadão, mas são obrigatórias para alguns profissionais. A esse respeito, o Artigo 245 do ECA prevê punições: "Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente". 
A penalidade para a omissão é de "multa de 3 a 20 salários mínimos, aplicando-se o dobro em caso de reincidência". 
O Código Penal prevê outras punições.




Fonte>http://www.observatoriodainfancia.com.br/rubrique.php3?id_rubrique=77



Conselho tutelar dos direitos da Criança e 
do adolescente em Ribeirão Preto-SP
:
- região Centro oeste
Rua Visconde do Rio Branco, 653, Centro
F: (16) 3635-9449 / 0800 7717210
- Região Norte
Rua Pará, 437, Sumarezinho
F: (16) 3963-2211 / 0800 7717220
- Região Sul
Avenida Pio XII, 1.015, Vila Virgínia
F: (16)3637-0811 / 08000 7717230

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Violencia contra crianças- Casos impressionantes


           


A violência, em todas as suas formas, é para mim sempre impressionante. 
Não me conformo em ver nos hospitais de emergência, em grande quantidade, crianças e adolescentes atropelados em portas de escolas, vítimas de acidentes de trânsito e de quedas, muitas vezes evitáveis, ou de intoxicações diversas. 
O problema é saber quais dessas situações poderiam ter sido prevenidas e quais delas foram intencionais. Voltando à violência de pais contra filhos, e respondendo à pergunta, vou citar alguns casos que mais me marcaram. 

                           
Evidentemente, os piores foram aqueles que chegaram à morte. Lembro-me do Willian, um menino de cerca de dois anos de idade, que chegou morto à sala de emergência, numa manhã de sábado. 
Apresentava inúmeros sinais externos de violência e fratura do crânio. 
A pessoa que o levou era uma mulher de cerca de 30 anos, mãe substituta. Ela deitava-se sobre o corpo do menino e chorava, gritando: "O que fizeram com você, Willian? Quem fez isso? Vou me vingar."
 Pouco depois, confessou que havia torturado o garoto durante dias, como represália pelo fato de a mãe biológica não estar mandando regularmente a importância combinada para a manutenção do menino. 
Ela foi presa e condenada: pena máxima, por homicídio doloso. 
Outra criança que morreu, com cerca de um ano de idade, encontrei na emergência em um respirador, com inúmeras fraturas de crânio. 
A mãe, tranqüila e às vezes até dormindo ao lado da criança, informou que a encontrou caída, junto à cama, quando chegou em casa. 
O pai estava lá. A criança havia sido agredida violentamente na cabeça, com algum instrumento. 
Os casos que chegam a um hospital público são sempre de grande violência. Uma mãe colocou a mão da criança em panela com água fervendo, causando queimaduras de segundo grau profundo, queimadura em luva, típica de maus-tratos físicos. 
Outra queimou a boca do filho com uma colher aquecida, porque ele dizia palavrões.
 Outros pais colocaram a filha em uma bacia com água quente para castigá-la porque não controlava oesfíncterurinário à noite. Outros, queimaram o períneo da filha com objeto aquecido porque ela se masturbava. 
Ou queimaram a mão de uma menina na prancha do fogão, ou colocaram um bebê sentado na frigideira com óleo fervendo. 
São todos exemplos de casos graves que chegam aos hospitais. 
Mas quantas crianças são maltratadas e nem sequer recebem atendimento? 
Os casos levados ao SOS Criança da Abrapia são menos graves, permitindo uma ação preventiva mais eficaz. 
Em relação à negligência, o que mais me impressiona são as situações de crianças deixadas sozinhas em casa - que se intoxicam, sofrem quedas e, às vezes, morrem ou ficam mutiladas em conseqüência de incêndio em casa, com graves queimaduras, ou quedas de apartamentos altos.
 O abuso sexual, quando chega ao hospital, é sempre muito grave, com lesões graves de genitália e ânus. Os casos levados freqüentemente à Abrapia apresentam menores conseqüências físicas, sem marcas evidentes e exigindo para o diagnóstico a aplicação de técnicas sofisticadas de revelação do abuso sexual na família.
 Maus-tratos e negligência de pais contra filhos continuam a ocorrer em todos os países do mundo. 
A literatura científica está cheia de casos quase inacreditáveis: bebês colocados em forno de microondas, ou mortos por aspiração de pimenta em pó colocada pelos pais nas suas bocas, ou assassinados por asfixia por travesseiro. 
Recordo-me que, certa vez, fiz uma conferência sobre violência doméstica em um congresso internacional de cirurgia pediátrica, no Rio. 
Após minha exposição, o presidente do congresso, um médico suíço, parabenizou-me, mas disse que já conhecia todas as situações que eu havia apresentado. 
Na sua terra também ocorria o mesmo. E citou casos que não conhecemos pessoalmente, como colocar uma criança, para castigá-la, em um armário fechado, ou para fora de casa, na neve. Efetivamente, o que mais me impressiona não são os casos extremos, exemplares, que citamos. 
O pior é saber que a violência de pais e parentes contra crianças que deles dependem totalmente continua a existir, em todas as suas formas, com enorme freqüência, em todos os países do mundo. 
Por analogia com as estatísticas americanas, pode-se calcular que cerca de 40 mil crianças e adolescentes são severamente maltratados pelos seus responsáveis, todos os anos, no Rio de Janeiro e no Brasil, no mínimo 600 mil ao ano.
 Dessas, 1800 (0,3%) morrem. 
Lamentavelmente, poucos são os casos notificados.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Violência contra Crianças e a punição dos pais



Deve-se considerar que o objetivo é, antes de tudo, proteger a criança e reinseri-la na família tratada. Após o diagnóstico, a Abrapia encaminha as crianças e os pais para tratamento. 
Mas, com toda certeza, alguns pais deveriam ser julgados e receber a aplicação das penalidades previstas na Lei. 
No entanto, infelizmente, isso é raro. 
Uma pesquisa da Universidade Popular da Baixada, patrocinada pelo Ministério da Justiça, analisou os 2.217 processos relativos à violência e maus-tratos nos dez maiores municípios do estado do Rio de Janeiro, no ano de 1997. 
O maior número de processos, 1.221, foi encontrado no Rio; seguido de Campos, com 219; Nova Iguaçu, com 186; São Gonçalo, com 130 e Duque de Caxias, com 97. 
A lamentar, o fato de que, dos 2.217 processos, só 19,8% estavam finalizados com sentença. Quanto à decisão judicial em relação ao agressor, em 49% dos casos não houve sentença e, em 23,6%, não houve registro (sic). 
Apenas em 15,1% houve punição para o agressor, que foi desde uma simples advertência até a suspensão ou destituição do pátrio poder. Especificamente em relação ao abuso sexual, houve 257 processos, sendo 143 do município do Rio de Janeiro. 
Também no município do Rio, no item Decisão judicial em relação ao agressor, em 46,7% dos casos não houve sentença (sic) e em 26,8% não houve registro (sic). 
Só houve algum tipo de punição, também de advertência até a perda do pátrio poder, em apenas 8,9% dos casos. 
Essa pesquisa alerta para dois pontos em especial: são poucos os casos de violência dos pais contra os filhos que chegam à Justiça, e raríssimos são os pais que recebem alguma punição, além do inexplicável número de casos sem registro ou sem sentença, segundo os resultados da pesquisa. As maiores dificuldades em se punir legalmente e tratar o agressor, ocorrem nos caos de abuso sexual.

Frequentemente pais não acreditam nos filhos, policiais desinformados não crêem nos pais e a justiça, por falta de provas físicas (só 30% dos casos de abuso sexual deixam marcas evidentes), não pune o pedófilo, que na maioria das vezes segue seu caminho de predador de crianças por toda a vida.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Por que pais maltratam filhos?

Weber Sian/A Cidade
Nathalia Pontes retorna à prisão
                                             
Ao longo dos séculos, e até há bem poucos anos, as crianças eram consideradas seres de menor importância. Era de aceitação comum na sociedade o abandono, a negligência, o sacrifício e a violência contra crianças, chegando ao filicídio, declarado ou velado, que levava as taxas de mortalidade infantil, na França do século XVIII, a níveis absurdos, inacreditáveis, de sempre mais de 25% das crianças nascidas vivas. 
Hoje, em muitos países, para cada mil crianças nascidas vivas, morrem menos de dez, antes de um ano de vida. 
Segundo Elisabeth Badinter, em Um amor conquistado - O mito do amor materno, na França daquela época raramente uma criança era amamentada ao seio da mãe. Morriam como moscas. 
Cerca de 2/3 delas morriam junto às amas de leite - miseráveis e mercenárias - contratadas pela família e nas casas das quais ficavam, em média, quatro anos, quando sobreviviam. 
Nos asilos de Paris, mais de 84% das crianças abandonadas morriam antes de completarem um ano de vida. 
Ainda no século XIX era comum a roda dos expostos nos asilos - no excelente Abrigo Romão Duarte, no Rio, ainda existe uma peça dessas em exposição -, o abandono dos filhos era uma rotina aceita. 
Mas foi a partir do final desse século que a criança, até então estorvo inútil - porque nada produzia -, passou a ser valorizada, sob a óptica de que deveria sobreviver para ser tornar adulto produtivo. 
A criança passou a ser protegida por interesses, antes de tudo econômicos e políticos, a partir da Revolução Industrial especialmente em fins do século XVIII.
 As sociedades protetoras da infância surgiram na Europa entre 1865 e 1870, e eram mais recentes, e menos representativas, do que a Sociedade Protetora dos Animais. 
A palavra pediatria só surgiu em 1872. De acordo com Elisabeth Badinter, os médicos, então, não tratavam as crianças. Achavam que isso era tarefa das mulheres - ou seja, das mães e amas, porque não existiam médicas. 
Em resumo, apesar de ainda não respeitada na sua individualidade, a criança começou a ser de alguma forma protegida há pouco mais de cem anos. 
Mas foi só no início do século XX, com Freud, que a criança passou a ser entendida no seu desenvolvimento psicológico. 
O castigo físico como método pedagógico, porém, secularmente pregado até por filósofos da grandeza de um Santo Agostinho, continuou até nossos dias. 
Ainda de acordo com Elisabeth Badinter, Santo Agostinho justifica todas as ameaças, as varas, as palmatórias.
 "Como retificamos a árvore nova com uma estaca que opõe sua força à força contrária da planta, a correção e a bondade humanas são apenas o resultado de uma oposição de forças, isto é, de uma violência". 
O pensamento agostiniano reinou por muito tempo na prática pedagógica e, constantemente retomado até o fim do século XVII, manteve, não importa o que se diga, uma atmosfera de rigidez nas famílias e nas novas escolas. 
Portanto, por que pais maltratam filhos
Eu diria: antes de tudo por hábito - culturalmente aceito há séculos. É comum pais afirmarem que apanharam de seus pais e são felizes. A eles dizemos que as coisas mudaram e que, hoje, devemos buscar outras formas de educar os filhos. Educá-los e estabelecer limites, com segurança, com autoridade, mas sem autoritarismo, com firmeza, mas com carinho e afeto. Nunca com castigo físico. 
A violência física contra crianças é sempre uma covardia.
O maltrato, em qualquer forma, é sempre um abuso do poder do mais forte contra o mais fraco
Afinal, a criança é frágil, em desenvolvimento, e totalmente dependente física e afetivamente dos seus pais.
 Nesse sentido, acredito que a palmada se insira como uma forma de reconhecimento da insegurança, da fraqueza, da incompetência, dos pais para educar seus filhos, necessitando usar a força física. 
Não podemos esquecer também do modelo de violência que transmitimos e perpetuamos nas relações em família, quando estabelecemos limites com violência. 
Os filhos aprendem a solução de conflitos pela força - e tenderão a reproduzir esse modelo não só junto às suas famílias, mas em todas as relações interpessoais, na rua ou no trabalho. Inúmeros fatores ajudam a precipitar a violência de pais contra filhos: o alcoolismo e o uso de outras drogas, a miséria, o desemprego, a baixa auto-estima, problemas psicológicos e psiquiátricos. Nesse entendimento, achamos que pais que maltratam seus filhos devem ser orientados sempre e tratados e punidos, se necessário.


Casos de Infanticídio nos últimos dias.

                                

                                               Menina morta com facada no peito em Mococa (Foto: Reginaldo dos Santos / EPTV)