quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Outra vez, Janeiro!

Janeiro é um mês muito especial para mim, não só por ser o inicio de um novo ano, mas também por me recordar pessoas muito especiais em minha vida, e que hoje são apenas recordações; Lembranças queridas!
A primeira delas é o aniversário de minha mãe, a segunda o aniversário de um grande amigo, ambos nascidos no mesmo dia, 20 de janeiro, e ambos já não pertence mais ao mundo dos chamados vivos.



Minha mãe foi uma belíssima mulher, descendente de indígenas do estado de Goiás, filha do garimpeiro José Manoel  Pereira da Silva, vulgo "Mané Campina", falecido a uns 60 anos, pouco antes do meu nascimento.
Cresceu entre um garimpo e outro, e muito cedo foi deixada em casas para trabalhar como domestica. Ainda muito moça casou-se com meu pai, então viúvo recente com uma filha pequena, a qual criou como sua filha. 
Eu vim logo em seguida, porém antes de mim ela havia perdido seu primogênito, por hemorragia umbilical. 
A assistência a saúde naquela época era muito precária, e o parto foi em casa, por uma parteira dona Madalena, que sabe lá Deus porque, não acertara a mão na hora de laquear o cordão que ficou vazando pela noite adentro, e quando pela manhã, foram olhar o bebê no berço ele estava morto.
Nestas circunstâncias eu fui a primeira que vingou; talvez por isso tiveram tanto carinho e cuidados comigo.
Minha mãe era uma dessas pessoas especiais, iluminada, pacificadora e extremamente sábia,  amorosa. 
Com ela, qualquer problema era motivo para  raros aprendizados e sua "veia histriônica" tinha o dom de terminar qualquer conversa em gostosas risadas.
gordinha, era dessas que quando ri, todo o corpo sacode, ela ria com o corpo todo, fazendo a coisa ficar mais risível ainda! 
Meu Deus como eu amava conviver com aquela mulher!  
Ouvir suas histórias, e que histórias! 
Imagine uma criança  que de tão pequena tinha de subir num tamborete para alcançar a panela no fogão a lenha para cozinhar! 
Razão porque tinha marcas profundas na barriga por queimaduras no fogão, marcas nos braços por queimaduras no ferro de passar em brasas, sobreviveu a um incêndio do rancho de pau-a-pique onde moravam e a perda do irmãozinho "Zezinho" no mesmo incêndio! 
De como ela gostava desse irmão, e do pesar que sentia sempre por esta perda! 
Das saudaaades que sentia de sua mãe, falecida muito cedo; da separação dos irmãos, por que viúvo o pai os separou por questão de sobrevivência, indo ficando cada um numa fazenda, por onde o pai passava em busca do novos garimpos e novas esperanças! 
Das brincadeiras que eles faziam no pouco tempo em que estiveram juntos. 
Da tristeza que vira nos olhos do pai talvez, e certamente por tudo isso. 
Da sua mocidade, que apesar das privações, encontrava belezas e motivos de alegrias, as quais relatava a nós, e nos enchiam de prazer!
De como encontrou meu pai e terminaram casados.
Da esperança de reencontrar seu único irmão vivo Constantino, das histórias das duas irmãs, Filó e Idelfonsa.
Papai sempre foi um metalúrgico e trabalhou a vida toda na Rede Ferroviária Federal na divisão da Estrada de Ferro Goiáz em Araguari, no Triângulo Mineiro. 
Tantas histórias que preencheu a minha infância de doçura inesquecível! 
Minha mãe Sebastiana! 
Minha eterna rainha!
Minha Índia!  
Minha saudade!
Minha eternamente Mamãe!


Anos depois, já adulta, fui encontrar de forma muito especial, aquele que seria o meu primeiro amor.
 Amor, não paixonite de adolescente!
Aquele que contra todos os senões me ensinou a ser mulher!
Me ensinou a amar como tal!
Despertou em meu ser, tudo aquilo de que necessitaria para enfrentar a vida, e que não fazia parte do pacote filha, mas mulher!
Quanto aprendi com ele, e com que paciência e doçura me ensinava!
Aquele a quem após tanta água rolada por sobre as pontes da vida, ainda trago no coração, com indescritível carinho, respeito e amor fraterno, cujo  em nosso vocabulário não encontrei definição que se encaixe com exatidão. 
Aquele que após todos os infortúnios da vida, resultado de suas escolhas, retornou a nós para a despedida final nesta vida!
Nascido no mesmo ano que eu, apenas 45 dias antes, numa cidadezinha definida por ele de "cú do mundo" Iperó, escondida depois de Porto Feliz e Itú, filho de uma mulher também maravilhosa e muito especial a saudosa Glorinha, foi terminar sua criação na mágica Itararé, cidadezinha da fronteira de São Paulo com o Paraná. 
Lugar singelo, porém de rara beleza, para quem sabe observar as coisas simples da natureza.
Dessa relação nasceu nossa filha, muito amada, especialíssima criança; nosso"'Tambor", como ele a chamava. rs!
 Não me lembro a razão do apelido!
Mas púnhamos apelidos em todo mundo, mesmo que a pessoa jamais soubesse, entre nós cada um ganhava o seu, carinhos ou jocosos, apenas para nossa  diversão. 
Nossa curta convivência foi temperada de muita cumplicidade, e de uma alegria marota, somente entendida por nós, e as vezes criticada por todos. 
Foi mágico! 
Tão mágico que chegamos a privar de amizades como Paulo Lemiski, o "Poeta Maluco", como nós o chamávamos carinhosamente, ou o Ivãn "O desligado", e tantas outras personagens que passaram por nossa vida, algumas como ervas daninhas como Ana Rosa ou a Gera, uma doida que se infiltrou entre nós, mas que apesar de todo seu esforço, não conseguiu matar o sentimento que houvera nos unido, coitada!
As vezes tenho curiosidade  por saber o que foi feito dela!
Mais que irmão, mais que amigo, muito além do amor homem/mulher!
É um sentimento que sublimou todos os demais e persistiu pela vida aforam e ainda após a sua morte física!
 Estes dois seres, cujas lembranças iluminaram meus dias recebem minhas homenagens em cada JANEIRO!
Sou muito grata por vocês Sebastiana e Mário Gêrmano terem feito parte da minha vida!

Onde quer que vocês estejam recebam todo meu carinho!

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