quinta-feira, 31 de março de 2016

PREVENÇÃO CONTRA GRIPE H1N1

PREVENÇÃO CONTRA GRIPE H1N1


IMPORTANTE


Segundo os jornais, vamos ter um surto de gripe lá para meados de ABRIL. Assim reenvio esta recomendação/aviso que recebi hoje e que vou seguir escrupulosamente.
O Dr. Vinay Goyal, urgentista reconhecido mundialmente, diretor de um departamento de medicina nuclear, tiroídica e cardíaca pede para você divulgar a mensagem abaixo para o maior número de pessoas possível, a fim de contribuir para minimizar o número de casos da Gripe A, causada pelo vírus H1N1.
"As únicas vias de acesso para o vírus da gripe são as narinas, a boca e a garganta. Em relação a esta epidemia tão vastamente propagada, apesar de todas as precauções, é praticamente impossível não estar em contato com portadores do vírus que a promove.
Contudo, alerto para o seguinte: o problema real não é tanto o contato com o vírus, mas a sua proliferação. Enquanto estamos em boa saúde e não apresentamos sintomas de infecção da gripe A (H1N1), há precauções a serem tomadas para evitar a proliferação do vírus, o agravamento dos sintomas e o desenvolvimento das infecções secundárias. Infelizmente, estas precauções, relativamente simples, não são divulgadas suficientemente na maior parte das comunicações oficiais.
Porque será? Por ser barato demais e não haver lucros?

Eis algumas precauções:

1. Como mencionado na maior parte das publicidades, lave as mãos frequentemente.

2. Evite, na medida do possível, tocar no rosto com as mãos.

3. Duas vezes por dia, sobretudo quando esteve em contato com outras pessoas, ou quando chegar em casa, faça gargarejos com água morna contendo sal de cozinha. Decorrem normalmente 2 a 3 dias entre o momento em que a garganta e as narinas são infectadas e o aparecimento dos sintomas. Os gargarejos feitos regularmente podem prevenir a proliferação do vírus. De certa maneira, os gargarejos com água salgada têm o mesmo efeito, numa pessoa em estado saudável, que a vacina sobre uma pessoa infectada. Não devemos subestimar este método preventivo simples, barato e eficaz. Os vírus não suportam a água morna contendo sais.

4. Ao menos uma vez por dia, à noite, por exemplo, limpe as narinas com a água morna e sal. Assoe o nariz com vigor, e, em seguida, com um cotonete para ouvidos (ou um pouco de algodão) mergulhado numa solução de água morna com sal, passe nas duas narinas. Este é um outro método eficaz para diminuir a propagação do vírus. O uso de potes nasais para limpeza das narinas, contendo água morna e sal de cozinha, é um excelente método para retirar as impurezas que albergam os vírus e bactérias; trata-se de um costume milenar, da Índia.

5. Reforce o seu sistema imunitário comendo alimentos ricos em vitamina C. Se a vitamina C for tomada sob a forma de pastilhas ou comprimidos, assegure-se de que contém Zinco, a fim de acelerar a absorção da vit. C.

6. Beba tanto quanto possível bebidas quentes (chás, café, infusões etc.). As bebidas quentes limpam os vírus que podem se encontrar depositados na garganta e em seguida depositam-nos no estômago onde não podem sobreviver, devido o pH local ser ácido, o que evita a sua proliferação."


Amigo (a): Será uma grande contribuição se você fizer chegar esta mensagem ao maior número de pessoas possível. Você prestará um serviço de grande utilidade pública, ajudando no combate desta gripe que já dizimou tantas pessoas.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Na sala de aula te acorrentam com olhares, como na escravidão



Na sala de aula te acorrentam com olhares, como na escravidão

Publicado há 2 semanas - em 17 de março de 2016 » Atualizado às 12:01 
Categoria » Educação




Fico me perguntando, quando um professor fala sobre escravidão, ou cita algo sobre um acontecimento ou movimento que envolve negros, seu olhar pousa sem pausa no aluno negro, ou a sala te olha descaradamente, esperando que você levante o punho para o alto. Ou que comece uma discussão, corrigindo o que o professor diz. Mas, não! Simplesmente, só quero ouvir, sobre a matéria e não precisar me distrair, com olhares que se fixam em mim. E, ficar oprimida por que, parece que estão falando dos meus parentes. Talvez, ancestrais. Desde o ensino fundamental, sofri com tudo isso, o assunto sempre era escravidão, e nunca sobre como Martin Luther King Jr. foi importante, nem como Dandara foi uma mulher forte, Mandiba? Somente escravidão.

por Taynara Ferreira via Guest Post para o Portal Geledés

Em algumas vezes, fingia me ocupar com algo para que a professora não ficasse constrangida, por não conseguir parar de olhar, para mim. Colocar o fone, para não ouvir piadinhas sobre “Estão falando de negros, ouve.”, “Olha, 
alguém da sua família no livro de história.”. Na escola, somente escravidão. Se eu, quisesse saber sobre cultura negra, teria que me deslocar por conta própria. Foi bom, descobrir sozinha mas, quando um professor te apresenta a cultura, filmes, músicas é como se você descobrisse, que não é só você que se questiona, o porquê de algumas coisas, serem como são. Sinceramente, já estava  cansada de ver tantos filmes de gente branca, sobre senadores e presidentes brancos, que meus professores brancos recomendavam.
Mil vezes, quis perguntar sobre o assunto, mas a sala toda reagiria como um tiro. Não estou sendo dramática, somente no ensino médio que pude ter um pouco mais de segurança. Desde o ensino fundamental estava pronta para ouvir sobre personalidades negras, sobre tudo o que envolvia, quem não estava pronto, eram meus professores e colegas de sala, e claro o planejamento de aula que nunca tinha, esse tipo de conteúdo. Falem de Hitler, que foi super importante. Mas, deixem Malcolm X fora disso. Durante o terceiro ano, minha professora de inglês, estava lendo no livro sobre Mandela, foi a primeira vez que um professor, não pesou o olhar em cima de mim, e me ameaçou com o seu próprio medo de dizer algo errado, por estar falando sobre alguém importante e negro. Respondi a pergunta, para ela. Logo depois, sabe o que eu fiz? Agradeci, a ela por não me acorrentar com o olhar. Não se pode criar negros, inseguros e alienados, que só manifestam seu interesse por sua cultura quando as brancas, usarem turbante e tranças, porque está na moda.


Origem deste artigo.: http://www.geledes.org.br/tag/crimes-da-escravidao/

sexta-feira, 25 de março de 2016

Dilma precisa ser respeitada como mulher


Nem de 'golpe', nem de 'namorado': Dilma precisa ser respeitada como mulher


DILMA ROUSSEFF


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O atual cenário político está chamando a atenção para diversas questões e condutas que estão se tornando públicas e atiçando cada vez mais a população brasileira.
Eu acredito que há uma dicotomia evidente entre quem compactua com um Golpe de Estado e quem pede manutenção da democracia e do governo eleito por 54,5 milhões de brasileiros. É irresponsabilidade civil e ética os rumos que a insatisfação das pessoas com o governo vem tomando.
A primeira manifestação contra o atual mandato de Dilma veio logo em março de 2015. A presidenta tomou posse em janeiro e três meses depois já julgaram ela incapaz e sua escolha como comandante do governo um "erro". Junto com isso, os panelaços.
Dilma é uma mulher aparentemente exausta. Ela já foi torturada, teve um câncer, perdeu peso, está abatida e tem quase 70 anos. Como se não bastasse, ela é chamada diariamente de "vagabunda""prostituta""maldita""vaca", entre outras coisas por grande parte da população brasileira.
Na abertura da Copa os gritos da torcida a mandavam a presidente "tomar no cu". Nos últimos meses, foi aberto um processo de impeachment contra ela, mesmo sem provas e nenhum fato ilegal sobre sua conduta. Seu vice, Michel Temer, lançou uma carta pública criticando sua conduta e recentemente suas conversas telefônicas foram grampeadas e vazadas para a imprensa.
Independente das críticas que possam ser feitas ao PT, é surreal pensar em como o Brasil está agindo em relação à presidente, desde que ela chegou ao poder, em 2011.
Acredito que o partido, em si, não pode se vitimizar, mas Dilma tem sim todos os motivos para isso. Nem seria uma questão de vitimização, ela não merece isso. E nenhuma de nós merece algum tipo de misoginia.
A mídia e os cidadãos continuam enfatizando discursos de ódio. Inclusive, eles foram constantes nos debates das eleições de 2014. Especulações sobre sua sexualidade, por exemplo, são comuns em rodinhas de conversa. Alguns acreditam que "Dilma é 'masculina' demais para as pessoas", então a taxam de lésbica.
Além de ser desrespeitoso colocar a sexualidade de uma autoridade em jogo, existe um problema enorme em uma sociedade que persegue uma presidente a chamando de "sapatão", como se isso fosse uma ofensa ou xingamento. A justificativa que dão para isso é que, supostamente, ela não corresponde ao padrão de feminilidade imposto e aceito pela maioria (!).
As críticas ao seu peso também são recorrentes. Até mesmo em sua posse ela não se livrou dos comentários maldosos sobre seu corpo que chegaram até a pautar a grande imprensa. A gordofobia que sofreu resultou em uma dieta para perder peso. É muito cruel imaginar que uma mulher de quase 70 anos tenha feito uma dieta drástica para eliminar 15 quilos.
A presidenta continua dizendo que irá lutar pela manutenção de seu governo e pela democracia. Mas usar seu rosto em imagens obscenas, que insinuam estupros, só demonstram o quão o chamado "discurso de ódio" não fica só nas agressões de quem anda de vermelho pelas ruas. Só mostra o quão sórdidas são as atitudes daqueles que são contra o governo -- ou contra a presidenta.
Algumas pessoas, inclusive, chegaram a dizer que ela "merecia uma agressão sexual". O estupro é o ato mais cruel que uma mulher pode sofrer: é quando a sua escolha é vista de forma tão insignificante que ela pode ser posta de lado por quem se julga superior. Não se "deseja estupros" para ninguém, muito menos para uma figura eleita de forma justa, mesmo que essa escolha não agrade.
Para mim, fica claro que a irresponsabilidade das atitudes da direta brasileira não ficam só no Congresso e Judiciário. Recentemente, vi circular nas redes sociais uma matéria com o seguinte título: Uma pessoa para namorar Dilma.
"Seria mais fácil se Dilma começasse um namoro. Uma pessoa com quem compartilhasse a cama, que acariciasse o seu corpo, motivasse seu espírito, que lhe sussurrasse a verdade do estrago em que vive o Brasil. Desse modo, mobilizaria a sua alma feminina e ela passaria a sentir os brasileiros ao invés de os enfrentar."
Agora, me digam, diante desses trechos estamos falando de erros políticos ou demachismo?
Para mim, a resposta é clara.
No Twitter uma das hashtag mais comentadas no último dia 22 de março foi: #lulaperdeuodedonaxotadadilma. Inclusive páginas de programas televisivos endossaram a # agressiva e machista:



Dilma é ofendida simplesmente por ser mulher. Argumentos como os usados pelo texto citado acima e a violência da hashtag só demonstram o sentimento de parte da população que, de forma ignorante e pouco lúcida, apoia a derrubada da presidenta com argumentos pífios.
Dilma não é bem vista porque é considerada uma "mulher de personalidade forte". Este outro argumento é uma arma para desmoralizá-la que tem nome e é uma velha conhecida de todas nós mulheres: machismo. Por meio deste tipo de comportamento, estão tentando repetir, simbolicamente, o que já aconteceu na década de 50, no governo de Gétulio Vargas. Não o tiraram do poder pelo impeachment, mas sim, pelo suicídio.
A presidenta é simbolicamente importante para todas nós mulheres, e talvez uma das imagens mais históricas de seu governo tenha sido a posse ao lado de sua filha. Não havia homens, apenas duas mulheres desfilando a vitória.
Não acho que muito foi feito pelas pautas feministas, mas a violência que Dilma sofre por ser uma mulher ocupando um lugar tradicionalmente ocupado por homens, recai sobre mim também. E eu me solidarizo tanto com ela que costumo dizer que gostaria de abraçá-la. Faria isso apenas para que ela se sentisse confortável em algum momento.
Tudo o que está acontecendo é muito grave. Falo do cenário político como um todo, não só do início de um processo de impeachment. Eu tenho muita empatia para com a presidenta, com sua história e principalmente: sei separar as críticas que faço a sua gestão, com críticas pessoais que possam ferir não só a ela, mas todas as mulheres.
Na situação atual, talvez seja mais fácil vencer o golpe do que o machismo.


MÍDIA DESONESTA21/MAR/2016 ÀS 10:49 14 COMENTÁRIOSJornalista Glenn Greenwald denuncia tentativa de golpe em curso no Brasil




Abaixo, o texto completo, para registro histórico:

O BRASIL ESTÁ SENDO ENGOLIDO PELA CORRUPÇÃO — E POR UMA PERIGOSA SUBVERSÃO DA DEMOCRACIA
Glenn Greenwald, Andrew Fishman e David Miranda, Intercept – Mar. 18 2016, 9:59 p.m.
AS MÚLTIPLAS E IMPRESSIONANTES crises que assombram o Brasil agora atraem substancialmente a atenção da mídia internacional. O que é compreensível, já que o Brasil é o quinto mais populoso do mundo e a oitava economia do mundo. Sua segunda maior cidade, o Rio de Janeiro, é a sede das Olimpíadas deste ano. Porém, boa parte dessa cobertura internacional é repetidora do discurso que vem das fontes midiáticas homogeneizadas, anti-democráticas e mantidas por oligarquias no Brasil e, como tal, essa informação é enviesada, pouco precisa e incompleta, especialmente quando vem daqueles profissionais com pouca familiaridade com o país (mas há vários repórteres internacionais que trabalham no Brasil fazendo um ótimo trabalho).
Seria difícil exagerar quando se afirma a gravidade da situação no Brasil em várias esferas. O trecho a seguir, publicado ontem por Simon Romero, o correspondente do The New York Times no Brasil, evidencia o nível de calamidade da situação:
O Brasil está enfrentando sua pior crise econômica das últimas décadas. Um enorme esquema de corrupção tem prejudicado a empresa pública petrolífera nacional. A epidemia de Zika espalha desespero ao longo da região Nordeste. E, pouco antes de hordas de estrangeiros vierem ao país para as Olimpíadas, o governo luta pela sobrevivência com quase todas as frentes do sistema político sob uma nuvem de escândalo.
A extraordinária crise política brasileira apresenta algumas semelhanças com o caos liderado por Trump nos EUA: um circo sui-generis, fora de controle, gerando instabilidade e libertando forças sombrias, com um resultado positivo quase impossível de se imaginar. A antes remota possibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff parece, agora, provável.
Porém, uma diferença significante em relação aos EUA é que a agitação no Brasil não se limita a apenas um político. O contrário é verdade, conforme Romero comenta: “quase todas as frentes do sistema político sob uma nuvem de escândalo”. O que inclui não apenas o PT, partido trabalhista de centro-esquerda da presidenta – atravessado por casos sérios de corrupção – mas também a grande maioria dos grupos políticos e econômicos de centro e de direita que agem para destruir o PT, que estão afundando em uma quantidade ao menos igual de criminalidade. Em outras palavras, o PT é, sim, profundamente corrupto e banhado em escândalos, mas, virtualmente, assim também são todos os grupos políticos trabalhando para minar o partido e obter o poder que foi democraticamente entregue a ele.
Quando a mídia internacional fala sobre o Brasil, ela tem focado nos crescentes protestos de rua que pedem o impeachment de Rousseff. Essas fontes midiáticas tipicamente mostram os protestos de forma idealizada, com uma certa adoração: como movimentos de massa inspiradores que se levantam contra um regime corrupto. Ontem, Chuck Todd, da NBC News, retuitou Ian Bremmer (do Eurasia Group) descrevendo os protestos anti-Dilma Rousseff como “O Povo contra A Presidente” – um tema fabricado, condizente com o que é noticiado por grupos mídiáticos brasileiros anti-governo, como a Globo:
Essa narrativa é, no mínimo, uma simplificação radical do que está acontecendo e, mais provavelmente, uma propaganda feita para minar um partido de esquerda há muito mal visto pelas elites políticas dos EUA. A caracterização dos protestos ignora o contexto histórico da política no Brasil e, mais importante, uma série de questões críticas: quem está por trás dos protestos, quão representativos eles são em relação à população brasileira e quais são seus verdadeiros interesses?
A atual versão de democracia no Brasil é bastante jovem. Em 1964, o governo de esquerda democraticamente eleito foi derrubado por um golpe militar. Oficiais norteamericanos negaram envolvimento tanto publicamente quanto perante o Congresso, mas – nem precisaria ser dito – documentos e registros posteriormente revelados provaram que os EUA apoiaram diretamente o golpe e ajudaram em seu planejamento.
Os 21 anos de ditadura militar de direita pró-EUA que se seguiram foram brutais e tirânicos, especializando-se em técnicas de tortura usadas contra dissidentes políticos que eram ensinadas pelos EUA e pelo Reino Unido. Um relatório compreensível da Comissão da Verdade, em 2014, informou que ambos os países “treinaram interrogadores brasileiros em técnicas de tortura”. Dentre as vítimas, estava Rousseff, então guerrilheira da esquerda democrata, presa e torturada pelo regime militar nos anos 70.
O golpe em si e a ditadura que se seguiu foram apoiados pelas oligarquias regionais e por suas grandes redes midiáticas, lideradas pela Globo, a qual – de forma notável – apresentou o golpe de 1964 como uma nobre derrota de um governo esquerdista corrupto (soa familiar?). Tanto o golpe quanto o regime ditatorial foram apoiados também pela extravagante (e absurdamente branca) elite econômica do país, além de sua pequena classe média. Como opositores da democracia geralmente fazem, as classes altas viam a ditadura como uma proteção contra as massas de população pobre, composta majoritariamente por pessoas negras e pardas. Conforme o jornal The Guardian publicou sobre informações da Comissão da Verdade: “Assim como em toda a América Latina dos anos 60 e 70, a elite e a classe média se alinharam como o regime militar para afastar o que elas viam como uma ameaça comunista”.
Essas divisões severas de classe e raça no Brasil continuam como dinâmica dominante. Segundo a BBC, em 2014, baseada em vários estudos: “o Brasil apresenta uma das maiores níveis de desigualdade de renda do mundo”. O editor-chefe do Americas Quarterly, Brian Winter, em reportagem sobre os protestos, escreveu nessa semana: “O abismo entre os ricos e pobres continua sendo o fato central da vida no Brasil – e nesses protestos, isso não é diferente”. Se você quiser entender qualquer coisa sobre a atual crise política no Brasil, é crucial entender também o que Winter quer dizer com essa afirmação.
O partido de Dilma, PT, foi formado em 1980 como um partido socialista de esquerda clássica. A fim de melhorar seu apelo nacional, o partido moderou seus dogmas socialistas e se tornou, gradualmente, mais próximo dos chamados social-democratas da Europa. Agora, existem partidos populares à sua esquerda; de fato, Dilma, por vontade própria ou não, defendeu medidas de austeridade para resolver problemas econômicos e passar confiança aos mercados estrangeiros, e justamente nessa semana assinou uma draconiana lei “anti-terrorismo”. Ainda assim, o PT se mantém na centro-esquerda do espectro político brasileiro, e seus apoiadores são, surpreendentemente, as minorias raciais e classes pobres. Enquanto no poder, o partido promoveu reformas sociais e econômicas que levaram benefícios governamentais e oportunidades para tirar milhões de brasileiros da pobreza.
O Partido dos Trabalhadores está na presidência há 14 anos: desde 2002. Sua popularidade foi um subproduto do antecessor carismático de Dilma, Luis Inácio Lula da Silva (universalmente referido como “Lula”). A ascensão de Lula à presidência foi um símbolo poderoso da luta da classe pobre no Brasil durante a democracia: um trabalhador e líder sindical, de uma família pobre, que deixou a escola na segunda série e não sabia ler até os 10 anos, preso pela ditadura por atividade na luta sindical. O ex-presidente foi motivo de riso para elites brasileiras por meio de um tom classista no discurso sobre seu jargão trabalhista e sua forma de falar.
Lula and Dilma campaign together in 2010 election (Photo: Eraldo Peres/AP) ASSOCIATED PRESS Depois de tres tentativas infrutíferas de chegar à presidência, Lula provou ser uma força política imbatível. Eleito em 2002 e reeleito em 2006, ele deixou o cargo com taxas de aprovação tão altas que foi capaz de garantir a eleição de Dilma, sua sucessora, antes desconhecida pela população, e que foi reeleita em 2014. Há muito tempo se cogita que Lula – um político que se opõe publicamente a medidas de austeridade – pretende concorrer novamente para a presidência em 2018 depois de completo o segundo mandato de Dilma, e forças anti-PT se sentem petrificadas com a ideia de que Lula vença novamente.
Embora a classe oligárquica da nação tenha usado o PSDB, partido de centro-direita, de forma bem sucedida como um contrapeso, o partido foi impotente para derrotar o PT em quatro eleições presidenciais consecutivas. O voto é obrigatório, e os cidadãos de baixa renda garantiram as vitórias do PT.
A corrupção entre a classe política Brasileira – incluindo o alto escalão do PT – é real e substancial. Mas os plutocratas brasileiros, a mídia, e as classes altas e médias estão explorando essa corrupção para atingir o que eles não conseguiram por anos de forma democrática: remover o PT do poder.
Ao contrário da descrição romantizada e mal informada (para dizer o mínimo) do Chuck Todd e Ian Bremmer de protestos sendo levantados “pelo Povo”, esses são, na verdade, incitados pela mídia corporativa intensamente concentrada, homogeneizada e poderosa, e compostos por (não exclusivamente, mas majoritariamente) pela parte mais rica e branca dos cidadãos, que por muito tempo guardaram rancor contra o PT e contra qualquer programa social que combate a pobreza.
A mídia corporativa brasileira age como os verdadeiros organizadores dos protestos e como relações-públicas dos partidos de oposição. Os perfis no Twitter de alguns dos repórteres mais influentes (e ricos) da Rede Globo contém incessantes agitações anti-PT. Quando uma gravação de escuta telefônica de uma conversa entre Dila me Lula vazous essa semana, o programas jornalístico mais influente da Globo, Jornal Nacional, fez seus âncoras relerem teatralmente o diálogo, de forma tão melodramática e em tom de fofoca, que se parecia literalmente com uma novela distante de um jornal, causando ridicularização generalizada nas redes. Durante meses, as quatro principais revistas jornalísticas do Brasil dedicaram capa após acapa a ataques inflamados contra Dilma e Lula, geralmente mostrando fotos dramáticas de um ou de outro, sempre com uma narrativa impactantemente unificada.
Para se ter uma noção do quão central é o papel da grande mídia na incitação dos protestos: considere o papel da Fox News na promoção dos protestos do Tea Party. Agora, imagine o que esses protestos seriam se não fosse apenas a Fox, mas também a ABC, NBC, CBS, a revista Time, o New York Times e o Huffington Post, todos apoiando o movimento do Tea Party. Isso é o que está acontecendo no Brasil: as maiores redes são controladas por um pequeno número de famílias, virtualmente todas veementemente opostas ao PT e cujos veículos de comunicação se uniram para alimentar esses protestos.
Resumindo, os interesses mercadológicos representados por esses veículos midiáticos são quase que totalmente pró-impeachment e estão ligados à história da ditadura militar. Segundo afirma Stephanie Nolen, correspondente no Rio para o canadense Globe and Mail: “Está claro que a maior parte das instituições do país estão alinhadas contra a presidente”.
De forma simples, essa é uma campanha para subverter as conquistas democráticas brasileiras por grupos que por muito tempo odiaram os resultados de eleições democráticas, marchando de forma enganadora sob uma bandeira anti-corrupção: bastante similar ao golpe de 1964. De fato, muitos na direita do Brasil anseiam por uma restauração da ditadura, e grupos nesses protestos “anti-corrupção” pediram abertamente pelo fim da democracia.
Nada aqui é uma defesa do PT. Tanto por causa da corrupção generalizada quanto pelas dificuldades econômicas, Dilma e PT estão intensamente impopulares entre todas as classes e grupos, mesmo incluindo a base trabalhadora do partido. Mas os protestos de rua – como inegavelmente grandes e energizados – são direcionados por aqueles que tradicionalmente apresentam hostilidade contra o PT. O número de pessoas participando desses protestos – enquanto milhões – é muito pequeno em relação aos votos que reelegeram Dilma (54 milhões). Em uma democracia, governos são eleitos pelo voto, não por demonstrações de oposição na rua – particularmente quando os manifestantes vem de um segmento social relativamente limitado.
Como Winter informou: “No ultimo domingo, quando mais de um milhão de pessoas foram às ruas, pesquisas de opinião indicaram que mais uma vez a multidão era significantemente mais rica, mais branca e com maior educação formal do que a média dos brasileiros”. Nolen afirmou algo similar: “A meia-dúzia de grandes demonstrações de movimentos anti-corrupção no passado foram dominadas por manifestantes brancos e de classes altas, que tendem a apoiar a oposição representada pelo PSDB e a ter pouca apreciação pelo partido trabalhista de Rousseff”.
No último final de semana, quando uma grande massa de protestos anti-Dilma tomou diversas cidades brasileiras, uma fotografia de uma família se tornou viral, um símbolo do que esses protestos realmente são. Mostrava um casal branco e rico vestidos com adereços anti-Dilma que caminhava com seu cachorro de raça, acompanhados pela babá negra – vestindo o uniforme branco que muitas famílias brasileiras ricas exigem que suas empregadas domésticas usem – empurrando um carrinho de bebê com os dois filhos do casal.
Como Nolen apontou, essa foto se tornou uma verdadeira síntese, da essência altamente ideológica desses protestos: “Brasileiros, que são hábeis e rápidos com memes, repostaram a foto com centenas de legendas sarcásticas, como ‘Apressa o passo aí, Maria, nós temos que ir ao protesto contra o governo que nos fez pagar um salário mínimo para você’”.
Acreditar que as figuras políticas agindo para o impeachment de Dilma estão sendo motivadas por uma autêntica cruzada anti-corrupção requer extrema ingenuidade ou ignorância. Para começar, as partes que seriam favorecidas pelo impeachment da Dilma estão pelos menos tão envolvidas quanto ela por escândalos de corrupção. Na maioria dos casos, até mais.
Cinco dos membros da comissão de impeachment estão sendo também investigados por estarem envolvidos no escândalo político. Isso inclui Paulo Maluf, que enfrenta um mandato de prisão da Interpol e não pode sair do país há anos; ele foi sentenciado na França três anos atrás por lavagem de dinheiro. Dos 65 membros do comitê de impeachment do congresso, 36 atualmente enfrentam processos judiciais.
No congresso, o líder do movimento pelo impeachment, o líder extremista evangélico Eduardo Cunha, foi descoberto que possuía múltiplas contas secretas em bancos na Suíça, onde ele guardava milhões de dólares que os promotores acreditam ser dinheiro recebidos como suborno. Ele também é alvo de múltiplas investigações criminais em andamento.
Enquanto isso, o senador Aécio Neves, o líder da oposição brasileira que foi derrotado por muito pouco na eleição contra Dilma em 2014, teve pelo menos 5 denúncias diferentes de envolvimento com o escândalo de corrupção. Uma das mais recentes testemunhas favoritas dos promotores acusou-o de aceitar suborno. Essa testemunha também implicou que o vice-presidente do país, Michel Temer, da oposição do PMDB iria substituir a Dilma caso ela fosse cassada.
E ainda tem o recente comportamento do juiz chefe que está supervisionando a investigação de corrupção e tornou-se um herói popular por sua atuação agressiva durante as investigações de algumas das maiores e mais poderosas figuras políticas do país. O juiz, Sérgio Moro, essa semana efetivamente divulgou para a mídia uma conversa gravada, extremamente vaga, entre Dilma e Lula, o que a Globo e outras forças anti-PT imediatamente retrataram como criminosas. Moro divulgou a gravação da conversa apenas algumas horas depois de ter sido feita.
Mas a conversa gravada foi liberada pelo juíz Moro sem nenhum processo e, pior, com claras intenções políticas, não judiciais: ele estava furioso de que sua investigação sobre Lula seria finalizada pela nomeação dele ao gabinete de ministro feita por Dilma (ministros só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal). O vazamento planejava humilhar Dilma e Lula e dar vazão para protestos nas ruas, e, no entanto, acabou recebendo críticas, incluindo dos seus próprios fãs, de que estava abusando de seu poder tornando-se uma figura política. Pior, a gravação em si parece ter sido ilegalmente obtida porque foi feita depois da expiração do mandato feita pelo juiz Moro. O chefe da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, chamou a ação de Moro de “um nauseante constrangimento”.
Tudo isso deixa claro o perigo de que a investigação criminal e o processo de impeachment não são exercícios legais para punir líderes criminosos, mas mais uma arma anti-democrática usada por adversários políticos para remover uma presidenta democraticamente eleita. Esse perigo ficou nitidamente em destaque ontem, quando foi revelado que um juiz que emitiu uma ordem de bloqueio a nomeação de Lula ao gabinete feita pela Dilma tinha postado mais cedo no seu Facebook inúmeras selfies dele marchando num protesto contra o governo no final de semana. Como Winter escreveu, “Convencer o público de que o judiciário brasileiro está ‘em guerra’ com o Partido dos Trabalhadores é uma tarefa mais fácil agora do que duas semanas atrás”.
Não há dúvida de que o PT é repleto de corrupção. Existem sérios indícios envolvendo o Lula que merecem ser investigados de maneira imparcial e justa. E o impeachment é um processo legítimo em uma democracia quando provado que o suspeito é culpado de vários crimes e a lei deve ser seguida claramente quando o impeachment é efetuado.
Mas o retrato emergindo no Brasil em volta do impeachment e os protestos nas ruas são bem mais complicadas, e muito mais ambíguas, do que vem sendo dito. O esforço para remover Dilma e seu partido do poder lembram mais uma clara luta anti-democrática por poder do que um movimento genuíno contra a corrupção. E pior, foi armado, projetado e alimentado por várias forças que estão enfiadas até o pescoço em escândalos políticos, e que representam os interesses dos mais ricos e mais poderosos segmentos sociais e sua frustração pela falta de habilidade em derrotar o PT democraticamente.
Em outras palavras, tudo isso parece historicamente familiar, particularmente para a América Latina, onde governos de esquerda democraticamente eleitos tem sido repetidamente removidos por meios não legais ou democráticos. De muitas maneiras, o PT e Dilma não são vítimas que despertam simpatia. Grandes segmentos da população estão genuinamente irritados com ambos por várias razões legítimas. Mas os pecados deles não justificam os pecados dos seus antigos inimigos políticos, e certamente não tornam a subversão da democracia brasileira algo a ser celebrado.




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terça-feira, 22 de março de 2016

Evangélicos lançam manifesto em defesa da democracia






Evangélicos lançam manifesto em defesa da democracia

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Segundo os organizadores, a iniciativa busca romper com a visão de que os protestantes estão quase sempre associados ao retrocesso e à intolerância. O documento, que aponta críticas sobre procedimentos adotados na Operação Lava Jato, deverá ser protocolado até quarta-feira (23) no Congresso Nacional e encaminhado também para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Por Redação
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O grupo Missão na Íntegra, que reúne pastores e líderes em 25 estados brasileiros, lançou um manifesto de evangélicos em defesa do Estado Democrático e de Direito. O documento, que aponta críticas sobre procedimentos adotados na Operação Lava Jato, deverá ser protocolado até quarta-feira (23) no Congresso Nacional e encaminhado também para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Está previsto ainda um ato para a próxima segunda (28), em que evangélicos convidarão juristas e intelectuais para uma conversa sobre a legalidade da operação. Segundo os organizadores, a iniciativa busca romper com a visão de que os protestantes estão quase sempre associados ao retrocesso e à intolerância. A ideia é abrir espaço para o debate e alertar para a importância de preservar a democracia no país.
Leia o abaixo-assinado na íntegra. Para apoiar, clique aqui.
Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito – Iniciativa do Missão na Íntegra
Nestas últimas semanas, a nação brasileira tem vivido momentos de aflição, angústia e ódio. A ausência de serenidade e cautela, nesta hora crítica, tem despertado muita preocupação e tememos que o acirramento provocado venha custar vidas humanas.
Conquanto tenhamos entre os membros de nosso movimento, como em todo o universo evangélico, as mais diversas opiniões políticas, ideológicas e opções partidárias, há em comum a pregação da tolerância, da paz e da justiça, conforme a orientação das Escrituras Sagradas. Desejamos, neste manifesto, nos posicionar a respeito desses acontecimentos.
Todos os signatários deste manifesto declaram que:
• como cristãos, rejeitamos e denunciamos com veemência a corrupção, a iniquidade, a impunidade e o ataque ao Estado Democrático de Direito. Esses desvios fazem com que o pão não esteja na mesa do pobre, e deixem os enfermos e os órfãos desamparados.
• entendemos que a corrupção e a impunidade têm sido problemas endêmicos na sociedade brasileira. E que a indignação de todos nós contra isso é justa e profética. Contudo, rejeitamos igualmente toda indignação pecaminosa que suplante o ordenamento jurídico, que aja com parcialidade e dissemine o ódio e o desejo de vingança entre os brasileiros.
• somos favoráveis a que todos, em quaisquer posições que ocupem ou de quaisquer camadas da sociedade, denunciados na forma da lei por possíveis crimes, sejam investigados e julgados. Porém, só se faz justiça civil pela aplicação rigorosa e exclusiva da lei. Não concordamos que os ritos necessários para o juízo legal sejam adulterados apenas para atender ao clamor público.
• rejeitamos a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos processos investigativos. Essa prática irrefletida apenas tem promovido dias de aflição e angústia para os brasileiros, além de propagar o ódio e a intolerância com quem pensa de forma diferente sobre a condução dos processos. Por isso, nós pedimos à nação, e em especial aos nossos irmãos em Cristo, muita cautela e serenidade, e que o desejo de justiça não nos torne injustos.
• sabemos que os gritos de “crucifica-o” são motivados, muitas vezes, por gente mal intencionada e isso pode nos trair e nos levar a julgamentos precipitados. Entendemos que condenar alguém, antes que todo o processo investigativo seja concluso, antes que se dê amplo direito de defesa, e antes que um tribunal dê sua sentença final, constitui um perigoso precedente para que quaisquer poderes, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, excedam os seus limites constitucionais.
• exigimos respeito ao voto. Toda eleição é uma convocação e um embate entre eleitores, e o voto é o suporte da legitimidade. Se a escolha dos eleitores corre o risco de ser invalidada, tem de haver um processo segundo o ordenamento jurídico, logo, isso tem de ocorrer de forma isenta e sob o império da Lei. O mandato outorgado pelo povo, por meio do voto, não pode ser levianamente questionado.
• rejeitamos todo ódio. O ódio, constatado muitas vezes nos discursos de figuras públicas, incita a violência e isso, segundo a nossa fé, é diabólico e não pode ser admitido entre os que constituem a Igreja do Senhor Jesus em solo brasileiro. Cabe a todo cristão a tarefa de ter paz com todos, seja em serviço ao próximo, seja em tolerância com quem pensa diferente, sendo capaz de amar e interceder por seu oponente. Intercessão que, rogamos, seja feita por nossa nação.
• defendemos que as investigações devam continuar, que as provas sejam coletadas e os responsáveis sejam arguidos pelos tribunais, conforme o estabelecido nas leis brasileiras. Que não haja privilégios para qualquer pessoa investigada, independente de posição ou partido político.
• defendemos a democracia como valor inexorável da Nação e não aceitaremos que nada possa interferir no Estado de Direito. Queremos que a institucionalização seja observada e que prevaleça a serenidade necessária para que o estado democrático seja preservado.
• reiteramos que “a voz” das ruas deve ser ouvida, mas o limite é a Constituição Brasileira. Cremos que todos devem ser investigados, mas dentro das garantias constitucionais. Que o voto e a escolha da maioria devem ser honrados, como reza a lei. Cabem às instituições, designadas democraticamente para tal, a garantia do Estado de Direito, a fim de que quaisquer cidadãos tenham seus direitos respeitados.
Para tanto permaneceremos em vigília e em orações.
Que o Senhor nos faça instrumentos da sua paz e da sua justiça.

Foto de capa: MST
Fonte deste artigo .AQUI:

Como pensa e sente a gente simples do Brasil quanto ao momento político



   


 Dona Conceição faz parte uma família, composta por  duas irmãs e um  irmão todos  idosos, suas idade estão entre 80 a 86 anos ,  amigos meus. Trata-se de uma gente  bem humilde oriundos de área agrícola que foram beneficiados pelo programa minha casa minha vida em nossa cidade. Vivem de uma pensão pois uma delas é viúva. Passam boa parte do dia vendo tevê, e como seu aparelho é muito antigo, daqueles com botões, onde o botão de mudar de canais, já não funciona mais, obrigando-os a verem somente a rede globo.
Em visita a eles nesta semana, conversa vai, conversa vem, fui surpreendida pelo assunto do momento. E a surpresa fica por conta da lucidez e propriedade com que tratam da coisa toda, numa simplicidade e coerência encantadora até.
Me diz dona Conceição,  a matriarca do alto de seus 86 anos: _”Dá uma aflição muito grande, ver o que estão fazendo com o Brasil, com a presidente Dilma , e com o Lula! Eu jamais imaginaria que  os  políticos    eleitos pelo próprio povo, seriam capazes de tanta malvadeza com um homem tão bom, que ajudou tantas pessoas a se sentirem gente com dignidade!  Porque todos eles nas campanhas falavam  que iria melhorar a vida do povo! Falaram uma coisa e depois fazem outra bem ao contrário!
 Todos os dias quando assistimos os jornais, dá até uma ‘’dor no peito’’ de imaginar  que maldade nova fizeram com ele (LULA),e com a Dilma! Tem dia que  precisamos desligar a televisão, pra não ter ‘’uma coisa’’ no coração de tanta aflição que dá de ouvir os repórteres falar e mostrar, mostrar, e falar; parece que nada mais tem de bom acontecendo no Brasil!  
_‘’A gente fica se sentindo acuada, perdida, desnorteada, sem rumo  até’’ ­_‘’ Parece que quem prometeu olhar por nós, pelos pobres todos estavam  fazendo algo ruim, e errado, porque uma parte do povo se revolta com o pouco que a gente ganhou como direito, depois de tantos anos de esquecidos, nos cantos do mundo!’ A gente sente que essa parte que quer condenar o sr. Lula,’ estava mentindo , e vive rindo, abusando da nossa boa fé! E Isso é muito triste! Muito doloroso!’’
‘’Acho que o povo brasileiro, os pobres, já sofreram tanto, tanto, que quando o Lula entrou  no governo e começou a fazer as coisas que ele fez, olhar pelo povo pobre, sofrido e desprezados pelos ricos; eu pensava que era um sonho; porque não acreditava que um dia isso fosse possível de acontecer! Depois, quando a dona Dilma  ganhou as eleições e continuou a fazer o que o sr. Lula tinha começado, pensei comigo: ‘Agora o Brasil vai ser o melhor lugar do mundo!’
 Porque antes disso, a gente até dizia que ser  pobre era um castigo de Deus,  era nosso destino; Sabe aquela passagem da bíblia que diz que deus castigaria nos filhos os pecados de sues pais, até a 4ª geração?   Então a gente se conformava e continuava na luta. E uma vez ouvi o padre Marcelo fazer uma novena, para que as pessoas pudessem pedir perdão por esses pecados; Lembra  disso?   ‘’
Ao que respondi por minha vez: _ E também perdoar os pecados dos seus ancestrais;  Lembro sim; acompanhei a novena pelo rádio!
Agora é a vez da dona  Ana  dar sua opinião: _ ‘’Minha mãe dizia pra gente sempre ser honesta, trabalhar direitinho, não ter preguiça, nem fazer coisa errada,  ajudar os outros, dividir o nosso pão, e não ambicionar o que não estava ao nosso alcance!  A gente devia ser conformado  com a vida que Deus nos deu!’’
Calado até então, o irmão  sr.  Claudio fala:  _‘’ A gente tem pouca leitura, e não consegue  muito bem entender tudo o que os jornais falam, mas a gente sente  no fundo de nossa alma, do nosso coração  que não é coisa boa! Que estão aprontando  e feio com a Dilma, com o Lula. E que estão fazendo o que estão fazendo de pura maldade e ambição, porque não querem que eles (Dilma,Lula,PT), continue a consertar o Brasil, acabando com  a corrupção; não querem deixar a boa vida que tinham ‘mamando’ feito  Jiboia que rouba a teta do bezerro, enquanto suga o leite da vaca, e enquanto ela faz isso, enfia a ponta do rabo na boca do bezerrinho, enganando o pobre, eu vi isso algumas vezes na fazenda onde trabalhei; a gente ouvia o bezerro chorar, chorar, e quando a gente ia ver o que acontecia, lá estava  a bichona enrolada na mãe, mamando de dar gosto, o alimento do pobre do bezerro!  Aprendi que isso que eles -(Lula e Dilma) -combatem, é muito difícil de acabar porque as pessoas preferem ser más, desonestas do que verem o povo feliz! Eles  não tem pena dos pobres não!’’
‘’Tenho medo do que podem fazer de mais maldade com o Lula, com a presidenta! Tenho muito medo, do que isso pode trazer de consequências ruins para nós, o povo pobre! . Uma guerra entre as pessoas que vão pra rua nestas manifestações; tudo isso é muito perigoso e ingrato, porque a bagunça é deles, os grandões que nunca vão estar lá na rua enfrentando cara a cara os revoltados!’’

_Volta dona Conceição:  _”É! É muito triste mesmo, mesmo que ninguém se machuque, ou até mesmo morra nessas confusões nas ruas, porque o povo, o povo  mesmo, esses que vão pras ruas, são na verdade partes do povo, são todos brasileiros, e deveriam ser mais tolerantes uns com os outros, e não pegar pra si uma ‘guerra  que não foi eles quem inventou’’.
Acho isso covarde e muito, muito cruel!’’
Minha esperança, e a minha fé, é que lá em Brasília, exista  pessoas de estudo, que entenda essa bagunça toda, que tenha no seu coração, um pouco de amor pelo povo,  que ame o Brasil e sintam misericórdia por nós; entendam que nós votamos neles, para ter um país de paz, onde nossos filhos e netos possam crescer, estudar e se formarem em paz!
 Todos os dias, nós aqui em casa, rezamos o terço pedindo paz para o nosso Brasil e para o mundo todo!
Nós aqui, sabemos que Deus está vendo o que  tá acontecendo lá em Brasília, e conhece o coração do seu povo, das gentes simples e honradas como nós aqui; vai escutar as nossas preces, não deixando que o governo de hoje caia nas mãos de homens ruins, malvados, e  que não desejam o bem  do povo! “


_Achei importante tentar transcrever aqui os sentimentos e pensamentos de pessoas simples, quase sem estudo, mas que guardam no peito um coração amoroso e fraterno, que assistem todos os dias os jornais viciosos  e golpistas. São pessoas que sofrem com as notícias e boletins viciados e parciais, que espalham o veneno, instigam a violência entre os cidadãos, alimentando  o mal!  Sabemos que como esta família, que não se manifestam, não acessão as redes sociais; não veem outras formas de mídias, acabam sendo reféns de uma mídia  amoral e espúria, que não mede as consequências de seus atos! Por outro lado, para essas pessoas, bastam serem parte dos beneficiários do Bem produzido pelos governos  Petistas, para saberem de que lado deve estar, estão e ficaram até o fim!


Que Deus tenha misericórdia de nós!

quinta-feira, 17 de março de 2016

Lula faz carta aberta ao STF. E o Supremo, permitirá o massacre?

Lula faz carta aberta ao STF. E o Supremo, permitirá o massacre?

lulacartaaberta
O ex-presidente Lula divulgou, agora à noite, carta aberta ao Judiciário brasileiro. Transcrevo o texto:
Creio nas instituições democráticas, na relação independente e harmônica entre os Poderes da República, conforme estabelecido na Constituição Federal.
Dos membros do Poder Judiciário espero, como todos os brasileiros, isenção e firmeza para distribuir a Justiça e garantir o cumprimento da lei  e o respeito inarredável ao estado de direito.
Creio também nos critérios da impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados incumbidos desta nobre missão.
Por acreditar nas instituições e nas pessoas que as encarnam, recorri ao Supremo Tribunal Federal sempre que necessário, especialmente nestas últimas semanas, para garantir direitos e prerrogativas que não me  alcançam exclusivamente, mas a cada cidadão e a toda a sociedade.
Nos oito anos em que exerci a presidência da República, por decisão soberana do povo – fonte primeira e insubstituível do exercício do poder nas democracias – tive oportunidade de demonstrar apreço e respeito pelo Judiciário.
Não o fiz apenas por palavras, mas mantendo uma relação cotidiana de respeito, diálogo e cooperação; na prática, que é o critério mais justo da verdade.
Em meu governo, quando o Supremo Tribunal Federal considerou-se afrontado pela suspeita de que seu então presidente teria sido vítima de escuta telefônica, não me perdi em considerações sobre a origem ou a veracidade das evidências apresentadas. 
Naquela ocasião, apresentei de plano a resposta que me pareceu adequada para​ preservar a dignidade da Suprema Corte, e para que as suspeitas fossem livremente investigadas e se chegasse, assim, à verdade dos fatos​.
Agi daquela forma não apenas ​porque teriam sido expostas a intimidade e as opiniões dos interlocutores.
Agi por respeito à instituição do Judiciário e porque me pareceu também a atitude adequada diante das res​ponsabilidades que me haviam sido confiadas pelo povo brasileiro.
Nas últimas semanas, como todos sabem, é a minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus companheiros de trabalho que tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça.
Sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos diretamente e legalmente interessados, foram praticado atos injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família.
Nesta situação extrema, em que me foram subtraídos direitos fundamentais por agentes do estado, externei minha inconformidade em conversas pessoais, que jamais teriam ultrapassado os limites da confidencialidade, se não fossem expostas publicamente por uma decisão judicial que ofende a lei e o direito.
Não espero que ministros e ministras da Suprema Corte compartilhem minhas posições pessoais e políticas.
Mas não me conformo que, neste episódio, palavras extraídas ilegalmente de conversas pessoais, protegidas pelo Artigo 5o. da Constituição, tornem-se objeto de juízos derrogatórios ​sobre meu caráter.
Não me conformo que se palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública, antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do sigilo das informações.
Não me conformo que o juízo personalíssimo de valor​ se sobreponha ao direito.
Não tive acesso a grandes ​estudos formais, como sabem os brasileiros. Não sou doutor, letrado, jurisconsulto. Mas sei, como todo ser humano, distinguir o certo do errado; o justo do injusto.
Os tristes e vergonhosos episódios das últimas semanas não me farão descrer da instituição do Poder Judiciário. Nem me farão perder a esperança no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros e ministras da Suprema Corte.
Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático.