terça-feira, 8 de março de 2016

Dramas da Maternidade e a Miscigenação

Imagem retirada da  Net


Dramas da Maternidade e a  Miscigenação

Na  segunda- feira bem cedinho a  mãe leva sua filha caçula a unidade de Saúde do bairro para uma consulta ao  pediatra.
Após o protocolo inicial, senta-se no corredor a espera da vez.
Quando finalmente chega sua hora, adentra ao consultório e constata que é uma doutora, e fica sabendo depois que o doutor Fernando fora transferido para outra unidade; mas ante disso, cumprimenta a doutora, que lhe pergunta olhando a ficha da garotinha: O que  a (....)tem senhora?
A mãe explica que:’’  Ela está com episódios diarreicos desde sábado doutora, diminuiu o apetite, teve  febre de 37.8 no domingo a tarde, e tem evacuado mais de cinco vezes ao dia’’.
Ao que a doutora levando o olhar mais uma vez da mulher para a menina interroga desta vez: Mas porque a senhora a trouxe?
Pacientemente a mulher  repete  o relato, tendo o cuidado de repetir palavra por palavra, para não criar confusão: _’’  Ela está com episódios diarreicos desde sábado doutora, diminuiu o apetite, teve  febre de 37.8 no domingo a tarde, e tem evacuado mais de cinco vezes ao dia’’!
Ao que novamente a doutora repete a mesma pergunta: _’’ Mas porque a senhora a trouxe?’’
Um tanto desconfia da mas com uma ‘luzinha’ piscando em sua mente, a mulher  repete pela terceira vez e mais cuidadosamente  com as mesmas palavras, e nesse momento já com quase certeza do que estava acontecendo ali : _”’’  Ela está com episódios diarreicos desde sábado doutora, diminuiu o apetite, teve  febre de 37.8 no domingo a tarde, e tem evacuado mais de cinco vezes ao dia’’!
Um tanto alarmada tentado imaginar no que aquilo ia terminar ouve pela quarta vez a médica pediatra, que via pela primeira vez  a mesma irritante pergunta:  ‘’Eu quero saber é por que a senhora a trouxe  ao invés da mãe dela?
Pronto! Agora não restava nenhuma dúvida, afinal a mulher  era negra e a criança de pele clara com uma profusão de cachinhos dourados, e a doutora iniciara uma investigação propensa a descobrir mais uma criança roubada sabe-se lá de onde!
Então a mulher responde: Eu a trouxe  porque é minha obrigação cuidar da saúde de  meus filhos!
Mãe? Diz a médica  espantada como se tivesse levado um soco no estômago. A senhora tem certeza de que é a mãe dela?
Bom, resultado dessa história, a mãe requisitou a presença do gerente da unidade e da enfermeira que as acompanhou desde o pré-natal, pós- parto até àquela data.

Se fosse o contrário imediatamente o questionamento dessa médica seria a da adoção.
O que causa espécie é que vivendo num país cuja população a mais de 500 anos é formada pela maior mistura de raças do mundo, ainda deparamos com um profissional de saúde pagando uma gafe dessa diante de uma mãe negra  com um filho branco.
Acredito que ela tenha aprendido alguma lição com esse episódio.
Esta história aconteceu comigo e  minha filha caçula hoje uma belíssima moça, mas não foi a primeira, pois com alguma diferença já havia  ocorrido com os outros dois, o que me obrigava a sempre carregar um pacote de documentos que pudesse  comprovar a minha maternidade de filhos de pele clara.
Na SEMANA INTERNACIONAL DA MULHER, deixo este relato, para a reflexão de quem dela tomar conhecimento.
No século atual, devemos fazer um esforço cada vez maior para derrubar as barreiras que temos alimentado com preconceitos  e racismo cujos além de muito sofrimento nos mantém em condição apequenada abaixo da condição dos irracionais! Negra, branca, indígena, oriental, somos todas mulheres com os mesmos  potenciais e a capacidade divina de sermos mães, e mães de filhos maravilhosos!

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