19/09/2011 - 19h59
Fonte: BBC Brasil
Na ONU, Dilma critica uso da força na solução de conflitos
A presidente Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira o uso da força na solução de conflitos, durante evento realizado na ONU, em Nova York, sobre a participação das mulheres na política.

Em março, o Brasil se absteve em votação no
Conselho de Segurança da ONU que aprovou a criação de uma zona de exclusão
aérea na Líbia para proteger civis das forças leais ao líder líbio Muamar
Khadafi.
À época, o Itamaraty afirmou que a intervenção de
forças estrangeiras na Líbia permitida pela resolução poderia acirrar os
confrontos no país, além de incluir atores externos em um processo que, segundo
o governo, deveria ser conduzido pelos líbios.
Segundo Dilma, "a existência de conflitos
armados vitima principalmente mulheres e crianças".
Ao falar sobre políticas públicas, ela afirmou que,
no Brasil, as mulheres têm prioridade nos programas de transferência de renda e
habitação.
"São as mulheres que tanto sofrem com a
pobreza as maiores aliadas das políticas para a sua superação", afirmou.
"Também são aliadas do desenvolvimento sustentável e da necessária mudança
nos padrões de consumo".
Além da presidente, compareceram ao evento a
secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a ex-presidente do Chile
Michele Bachelet, e a representante da União Europeia para Assuntos Externos,
Catherine Ashton, entre outras mulheres chefes de Estado e altas funcionárias
de órgãos globais.
Políticas para saúde
O encontro foi o segundo de que Dilma participou
desde que chegou em Nova York, no domingo.
Na manha desta segunda-feira, ela fez sua estreia
na ONU como chefe de Estado ao discursar em um evento sobre doenças crônicas
não transmissíveis.
Em sua fala, a presidente defendeu a flexibilização
dos direitos de propriedade intelectual em políticas para saúde.
"O Brasil respeita seus compromissos em
matéria de propriedade intelectual, mas está convencido de que as
flexibilizações previstas no acordo Trips da OMC (Organização Mundial do
Comércio) são indispensáveis para políticas que garantam o direito à
saúde", afirmou.
O acordo Trips busca reduzir as assimetrias entre
as diferentes legislações nacionais sobre propriedade intelectual, tornando-as
sujeitas a regras internacionais comuns e estabelecendo níveis mínimos de
proteção que cada governo deve dar à propriedade intelectual.
Ela disse ainda que seu governo tem ampliado a
distribuição de medicamentos, especialmente para o tratamento de diabetes e
hipertensão, e combatido outros fatores de risco para as doenças crônicas não
transmissíveis.
Agenda
Nesta terça-feira, Dilma se reunirá com o
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para dar continuidade às conversas
iniciadas em março, quando o americano visitou o Brasil.
Após o encontro, a presidente participará do
lançamento da Parceria para a Transparência Governamental, que engloba 60
países que se dispõem a adotar medidas em favor da transparência e de apoio
mútuo contra a corrupção.
Segundo o porta-voz da Presidência da República,
Rodrigo Baena, a próxima reunião do grupo deve ocorrer no Brasil, em 2012.
No mesmo dia, Dilma receberá o prêmio Woodrow
Wilson para Serviços Públicos, concedido pelo instituto Woodrow Wilson
International Center for Scholars.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
médica e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns (morta em 2010), já
receberam a mesma premiação.
O evento mais importante da
agenda da presidente em Nova York ocorrerá na quarta-feira, quando ela discursa
na abertura da Assembleia Geral da ONU. Será a primeira vez que uma mulher
proferirá o discurso de abertura do evento, tradicionalmente a cargo do Brasil.
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