sexta-feira, 19 de julho de 2013

Coisas muito estranhas acontecendo

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Mauro Santayana: Punição para os hitlernautas
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Na avenida Paulista, em São Paulo, manifestantes pedem a volta dos militares ao poder. Foto de Carolina Latini.
Os hitlernautas não devem ser subestimados. É melhor que a sociedade os conheça. A apologia da quebra do estado de direito é crime e deve ser combatida com os rigores da lei. Cabe ao Ministério Público, com a ajuda da Polícia Federal, identificá-los e denunciá-los à Justiça, para que sejam julgados e punidos, em defesa da democracia.

Mauro Santayana, via Carta Maior

Para quem acha que Dani Shwery, Thismir Maia e Carla Dauden são o máximo que a direita “espontânea” conseguiu preparar para mobilizar seus simpatizantes – no contexto do quadro reivindicatório das manifestações de junho – podemos dizer que entre os servidores do Google e da Microsoft e os mouses dos internautas comuns há muito mais coisas que a nossa vã filosofia possa imaginar.

Uma delas, ficou comprovado, é a espionagem norte-americana na rede, denunciada pelo agora foragido Edward Snowden.

O súbito aparecimento do fenômeno dos hitlernautas é outra – e esse é um fato que merece ser analisado. O hitlernauta, não é, na verdade, uma nova espécie no ciberespaço brasileiro. Ele sempre existiu, embora não fosse conhecido por esse nome. A questão é que, antes, os hitlernautas só podiam ser encontrados em seu habitat natural, em reservas quase sempre protegidas e normalmente produzidas e consultadas apenas por eles mesmos.

Encontravam-se, assim, ao abrigo do navegante comum, como nos sites neonazistas, integralistas, da extrema-direita católica, ou que correspondem, no Brasil, a “espelhos” de certas “organizações” fascistas internacionais.

Nesses espaços, eles ficaram, por anos, alimentando suas frustrações, preparando-se para sair à luz do dia tão logo houvesse uma ocasião mais segura para se apresentarem ao mundo. A oportunidade surgiu no âmbito das passeatas de junho. Afinal, nessas manifestações, cada um podia carregar a mensagem que desejasse – desde que não fosse símbolo de partidos políticos.

Os hitlernautas, além de aparentemente apartidários, são, principalmente, antipartidários. Assim, resolveram engrossar, a seu modo, a procissão mesmo sem conseguir indicar, com clareza, rumo ou andor que lhes valesse.

É fácil reconhecer o hitlernauta. Nas ruas, é o “careca”; o de cara coberta por um lenço; pela máscara do movimento anarquista; o que leva coquetel molotov de casa; joga pedra na polícia; agride violentamente o militante do PSDB, do PT ou do PSTU que estiver carregando uma bandeira; quebra prédios públicos; arranca semáforos; saqueia lojas; põe fogo em carros da imprensa ou invade o Itamaraty.

Na internet, o hitlernauta é ainda mais fácil de ser identificado. É aquele sujeito que acredita (piamente?) que estamos vivendo a penúltima etapa da execução de um Golpe Comunista no Brasil. E que o Fórum de São Paulo é uma espécie de conclave secreto, destinado a dominar o mundo via implantação, no continente, de uma União das Repúblicas Socialistas da América do Sul.

O hitlernauta é o “anônimo” que, atuando no Exterior ou em nosso território, nos comentários, na internet, tenta convencer os interlocutores, de que as urnas eletrônicas são manipuladas; de que não existe oposição no Brasil, porque o PSDB é uma linha auxiliar do PT na implantação do stalinismo por aqui; que FHC é fabianista, logo, uma espécie de socialista a serviço da entrega do Brasil aos vermelhos; que a ONU é parte de uma conspiração mundial, e o único jeito de consertar o país é acabar com o voto universal, fechar o Congresso, dissolver os partidos, prender, matar, arrebentar e torturar, no contexto de novo golpe militar, sob orientação norte-americana.

No dia 10 de julho, os hitlernautas saíram às ruas, sozinhos, pela primeira vez. Segundo o portal Terra, fecharam a rua Pamplona, até a esquina com a Consolação, com a Marcha das Famílias contra o Comunismo, convocada nas últimas duas semanas pela internet.

O portal IG calculou, em cerca de 100 pessoas, o grupo que se reuniu no vão do Masp e marchou, com bandeiras, pedindo intervenção militar, até as imediações do Comando Militar do Sudeste.

No Rio, a convocação conseguiu juntar, frente à Candelária, 30 e poucos manifestantes, em cena em que se viam mais bandeiras e cartazes sobre as escadas do que pessoas para empunhá-los. Ao ver a foto da “manifestação”, muita gente os ridicularizou na internet.

Os primeiros desfiles das SA na República de Weimar também não reuniam mais que 30 pessoas, que carregavam as mesmas suásticas hoje tatuadas na pele dos skinheads presentes à Marcha das Famílias contra o Comunismo, em São Paulo, no dia 10. As pessoas normais, ao vê-los desfilando nos parques, com seus ridículos uniformes, acharam, na década de 30, que os nazistas eram um bando de palhaços. Eles eram palhaços, mas palhaços que provocaram a maior carnificina da História. Sob seus olhos frios, seus gritos carregados de ódio, milhões de inocentes foram torturados, levados às câmaras de gás, e incinerados, em Auschwitz, Maidanek, Birkenau, Dachau, Sachsenhausen – e em dezenas de outros campos de extermínio montados por ordem de Hitler.

Os hitlernautas não devem ser subestimados. É melhor que a sociedade os conheça. A apologia da quebra do estado de direito é crime e deve ser combatida com os rigores da lei. Cabe ao Ministério Público, com a ajuda da Polícia Federal, identificá-los e denunciá-los à Justiça, para que sejam julgados e punidos, em defesa da democracia.

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Militares_Intervencao

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Protestos em São Paulo: “Perigo comunista” leva famílias às ruas

Em São Paulo, cerca de 50 pessoas defenderam a volta dos militares ao poder: “cansei de esperar, militares já”.

José Antonio Lima, via CartaCapital

O comunismo está chegando e é um perigo para o Brasil. Pelo menos segundo os cerca de 50 manifestantes que ocuparam parte da avenida Paulista, em São Paulo, na noite de quarta-feira 10, para pedir uma intervenção militar capaz de conter o “perigo vermelho”.

Organizada pelo Facebook, a “Marcha da família com Deus, em defesa da vida, da liberdade, da pátria e da democracia, contra o comunismo” buscou inspiração em 1964. Em março daquele ano, uma série de manifestações públicas com o nome Marcha da Família com Deus pela Liberdade ocorreu antes da derrubada do então presidente da República, João Goulart. Diferentemente do que ocorreu há 49 anos, o movimento de quarta-feira não atraiu grandes massas. A histeria, entretanto, era a mesma.

O protesto era puxado por um carro de som adornado com faixas cujo alvo preferencial era o Foro de São Paulo, idealização esquerdista do PT e de Fidel Castro, constituída em 1990 como resposta ao neoliberalismo que grassava na América Latina. Na trilha sonora do protesto, o hino nacional e o hino à bandeira. Do alto do carro, um homem liderava a manifestação em tom indignado.

Ao chegar em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o locutor se exaltou. Lembrou que a Fiesp contribui para financiar campanhas eleitorais e deu seu recado: “Vocês também vão dançar com o comunismo aqui”. Na rua, os manifestantes tentavam acompanhar o tom do líder e gritavam palavras de ordem na tentativa de fazer os colegas aderirem: “Fora Eike Batista”, “Fora Paulo Skaf”.

O coro que ganhou força, entretanto, foi o mote da manifestação, entoado pelas pessoas que seguravam uma grande bandeira do Brasil. “Cansei de esperar, militares já”, gritavam, aplaudidos por um homem no carro de som com o cartaz “socorro Forças Armadas”.

A democracia não parecia ser uma preocupação da manifestação de quarta-feira. Um pequeno grupo foi hostilizado pelo puxador do carro de som ao gritar “de-mo-cra-cia” em resposta à faixa “Fora Dilma! PT nunca mais! Queremos os militares novamente no poder”. Depois, uma manifestante convenceu um colega a não dar entrevista para a reportagem de CartaCapital. “Você sabe muito bem por quê”, disse ao ser questionada.

Outros resolveram falar. Um homem de Brasília, com seus 50 anos, que caminhava atrás de duas garotas e um rapaz com coletes pretos, estampados com caveiras com a inscrição CCC (Comando de Caça aos Comunistas), preferiu não se identificar. “O comunismo é um perigo em qualquer lugar, foi no mundo todo e vai ser aqui também”, disse. “Basta ver o que o governo do Distrito Federal está fazendo com as famílias, está destruindo as famílias, e o primeiro passo do comunismo é destruir a família”. Como assim? “Você põe a criança na creche, a creche educa até os três anos, depois vai para a escola de tempo integral e aí a educação fica por conta do Estado, o Estado não tem que educar ninguém”.

Segundo este entrevistado, o governo federal tem “projetos semelhantes” ao do Distrito Federal, e o golpe militar só deve vir caso a ordem “esteja totalmente corrompida”. “Acho que infelizmente estamos bem perto disso, pois o Congresso já não tem moral, a presidente está negociando com adolescente e perde a discussão”.

No fim da marcha, Lucas de Carvalho, de 33 anos, caminhava calmamente enquanto conversava com outra pessoa. Carvalho é diretor da Frente Integralista Brasileira, movimento fundado no Brasil na década de 1930 por Plínio Salgado, um admirador do líder fascista Benito Mussolini. Apesar dos chamados para os militares voltarem ao poder, Carvalho nega que as pessoas na marcha tivessem essa intenção. “Os militares assegurariam uma transição, como ocorreu agora no Egito”, afirma. “Era isso que deveria ter acontecido em 1964, só que a transição demorou muito tempo”.

Como integralista, diz Carvalho, ele tem “contato com os militares”, e avalia que hoje não há risco de uma intervenção no País. “O Brasil não tem risco de ditadura, o maior risco, e que ainda é muito distante, é de que haja um movimento mais autoritário na linha marxista”, diz. Para Carvalho, o marxismo influencia todos os partidos brasileiros na atualidade e “nem o Democratas é de direita”. “Todos representam um único partido com facções diferentes e por isso a democracia atual é uma falsidade”, diz. “Estamos longe [do golpe comunista], mas há sinais e desconfianças de que seguimos nessa direção e são essas desconfianças que move a gente aqui”.

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Leia também:

Da ditadura militar ao Facebook: Uma breve história do Brasil

FONTE:http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2013/07/15/mauro-santayana-punicao-para-os-hitlernautas/

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