terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lições de Aliske Webb -Introdução


Imagem retirada da Internet

*“Se voce tiver sorte possui um quilt* (tradicional colcha americana feita de retalhos e bordada à mão), que herdou de uma avó ou talvez de uma bisavó. E em seu bordado, toda a historia da família.delicados pontos ligam você às tias, mães, irmãs e demais antecessoras numa elaborada configuração de amor e criatibidade. Voce pode se envolver em seu conforto e em sua história sabendo que o que lhe foi transmitido será novamente passado adiante. De uma mulher para outra. (...)" 

Aliske Webb Inicia com essas palavras a sua obra “Doze Pontos de Ouro”; Fui buscar no meu baú mental, o meu mais antigo quilt. Sim, porque apesar de não o ter mais comigo, tive vários, alguns ainda estão comigo, mas guardo na memória a historia de cada um deles; e sempre o mais antigo me aflora à mente como uma lembrança preciosa, carregada de carinhos saudades e interrogações que jamais serão respondidas.
Sempre tive desejo de registrar esta historia, e esta é uma boa oportunidade, porque vem bem a calhar com a mensagem de Aliske nesta introdução.
Aqui, ela nos fala do respeito a historia de  nossos antepassados, e nos estimula também a preservação da historia vivida por eles, que se constitui na verdade em a nossa propria história, sem a qual nós não existiriamos.
Quantos terrenos bravios essas pessoas desbravaram a unha, pra que hoje pudessemos gozar das facilidades da vida moderna¿
Quantos sonhos que não puderam ser realizados, quantas decepções, pesadelos, dores, ansiedades, angustias, expectativas, vitorias, momentos especiais, não estão contidos nas suas historias¿
Foram eles que fundamentaram os nossos alicerces, outros edificaram alguns ‘pavimentos’ da nossa realidade.

Tudo isto me passa pela mente, quando me recordo do meu primeiro quilt, que na verdade não conhecia com este nome, coisa bem recente para mim, visto que esta palavra é de origem alemã se não me engano, e na minha terra, conheciamos apenas como colcha de retalho, mas nem por isto menos preciosa.
Foi um presente de dona Antonia, de quem guardo uma pálida lembrança do perfil esguio morena com vasta cabeleira negra, usando uma longa e rodada saia de tecido  florido em grandes estampas. Na minha memória, vejo os movimentos daquelas saias, cujos babados dançavam ao sabor dos movimentos ágeis da jovem Antonia,  andando pela minha casa, apos ter saboreado minha satisfação em receber-lhe das mãos  a colcha e uma linda boneca de pano, tão perfeita que faltava falar, poucas horas antes de ouvir dos adultos que ela havia se suicidado, se jogando dentro da cisterna, (poço perfurado para consumo de água potável, comum na minha cidade nos anos 50.). Eu era bem pequena , cerca de 3 talvez 4 anos de idade, e aquela tarde ficou marcada para sempre em minha memória, e todo o clima da tragédia também.
Passados mais de meio século, ainda me recordo dos detalhes daquela triste tarde.
Brincava feliz com a boneca, quando um certo alvoroço chegou até minha casa  e era a noticia se espalhando.
Me lembro que eram duas irmãs, uma viuva dona Maria e a alegre jovem Antonia, que dera cabo a propria vida por razões amorosas.Quem teria tido a coragem de fazer sofrer aquele anjo¿ Jamais soube. 
Mobilizaram os homens da vizinhança pra retirar-lhe o corpo de dentro do poço, o que durou algumas aflitivas horas, as quais na minha inocencia acreditava que conseguiriam tirá-la de lá  ainda com vida. Isto é: Eu me recusava a aceitar que não a veria mais. E quando a fatalidade se tornou irrevogável para minha esperança, me agarrei as únicas lebranças da querida amiguinha. Não sem antes registrar de longe  (pois minha mãe não me deixara ver a amiga morta, que naquele tempo era velada em casa, sobre uma mesa na sala e sem caixão, cujo só chegava , na hora de sair o feretro,) a saida de seu funeral a caminho do cemitério. Creio também ter sido este o meu primeiro contato com a morte.
Por anos a fio, olhava  horas  para cada um dos retalhos daquela colcha, buscando-lhes os significados; a saia da Maria,o vestido da dona Ana,  a blusa da Margarida, a camisa do Joaquim, visto que as duas irmãs eram costureiras da vizinhança, e a colcha fora feita com os retalhos das roupas costuradas para diversas mulheres e seus filhos. Havia ali um retalhinho em especial, que trazia uma pequenina pêra bordada. Eu não conhecia pera, mas por diversas veses senti o perfume e o sabor daquela fruta, criados pela minha imaginação. Meu “quilt” durou até a minha adolescencia, quando minha mãe o substitutiu por outra  colcha mais nova. A velha colcha cumpriu o seu papael, e se acabou no tempo. Porém sobrevive até hoje em minha memória, linda, colorida e perfumada como a jovem Antonia que a cozeu.

Sou-lhe grata pelo carinho, cujo significado total, me é impossivel descrever. 

*Trecho retirado do inicio da introdução da Obra "Dose  Pontos de Ouro" de Aliske Webb

Obrigada Siglea!

5 comentários:

Anônimo disse...

Que texto lindo! Muito sentimento e emoção nas entrelinhas! Bjus

Blogueira Unidas - Oficial disse...

Oi querida!
Fico feliz por você estar aproveitando a leitura do livro.
Esta é uma leitura inesquecível, concorda?
Beijocas!

Regina vicentini disse...

Olá Eunice!
vim retribuir sua visitinha ao meu blog e conhecer o seu cantinho!
É prá lá de bom! Parabéns Miga!
Sou blogueira 970
ginapatchwork.blogspot.com
Bjkssssssss

quelsfs disse...

Passando para deixar meu carinh♥!
Beijo e uma noite abençoada!

disse...

Bom dia querida, tenho um recadinho da Siglea, se já se recadastrou, desconsidere...

A PARCERIA BLOGUEIRAS UNIDAS ESTÁ FAZENDO UM RECADASTRAMENTO. AGUARDAMOS SUA VISITA AO BLOG DA LISTA DE DIVULGAÇÃO PARA CONFIRMAR SEU LINK E REFAZER SUA INSCRIÇÃO PARA 2012.
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