A lição de um pastor
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O primeiro passo para libertação das mágoas é
identificar nossa ira. Mas para alguns,
não é muito “espiritual” admitir a ira.
Por isso, usamos outros termos para descrever o que a Bíblia identifica,
sim, como “ira”: “frustração”, “tristeza”, “decepção”, etc. (Ef 4.26,27,31).
Deus nos chama para uma vida de perdão, o
mesmo tipo de perdão que Cristo nos ofereceu pela Sua morte na cruz. Somente Cristo
Jesus,vivo em nós, será capaz de transformar mágoas em perdão.
Conselheiros bíblicos apontam para o fato de
que a raiz de ira crônica (mágoa) muitas vezes é uma questão de nós não
recebermos o que desejamos desesperadamente de outra pessoa ou situação. Esse desejo pode ser tão intenso que se torna
um ídolo em nosso coração, um objeto de adoração, mais importante que Deus em
nossa vida. Quando nosso desejo é
bloqueado por alguém, respondemos com ira, guardamos mágoas, procuramos
vingança, fofocamos ou odiamos essa pessoa que nos privou daquilo que achamos
tão importante.
Se você se encontra irado por muito tempo
contra alguém, especialmente alguém da sua família de origem ou família atual,
reflita sobre essa questão: “O que eu desejava tanto, que fulano não me
deu?” Por exemplo, alguém que foi
rejeitado pelos pais ou um cônjuge pode responder, “Eu queria ser aceito.”
Outra pessoa poderia responder, “Eu queria um pai presente, que brincasse
comigo e se interessasse por mim.” Outra pessoa, “Eu queria que meu marido me
tratasse como uma pessoa e não objeto”.
Certamente não queremos minimizar ou negar o
fato de que muitos entre nós SOMOS vítimas.
Mas afirmamos que, mesmo assim, somos RESPONSÁVEIS pelas nossas
respostas aos abusos que sofremos.
Em Mateus 18.21-35 Jesus contou a história de
um servo devedor que não podia pagar uma dívida que equivalia entre 260.000 e
360.000 QUILOS de metal precioso (talvez ouro)--uma quantia que demoraria
milhares de anos para quitar. O rei
perdoou-lhe sua dívida, só para descobrir que o servo ingrato lançou na cadeia
um conservo que lhe devia o equivalente de 100 dias de serviço de um
trabalhador comum.
A moral da história? Quando realmente percebemos o tamanho da
dívida que temos com Deus, TODAS as ofensas que pessoas cometem contra nós,
embora reais e difíceis, diminuem em comparação. A chave está em reconhecer nossa própria
dívida, e mergulharmos no amor e perdão que nosso Rei nos estendeu.
Pessoas que ainda não reconheceram o
verdadeiro estado do seu coração, a profundidade do seu pecado, a miséria da
sua alma diante de Deus, muitas vezes têm dificuldade em perdoar outras pessoas
os males que lhes fizeram. Não entendem
tamanha dívida que elas mesmas foram perdoadas e, por isso, guardam mágoas
contra essas pessoas.
Muitas vezes vivo grato pelo perdão, mas não
ao ponto de perdoar aos outros. Minha
tendência é diminuir o tamanho da minha dívida para com Deus, imaginando que sou
capaz de pagá-la, quando de fato a conta é impossível. Por isso, recuso perdoar aqueles que me
magoaram. Guardo a minha ira, e
responsabilizo as pessoas por satisfazerem meus desejos.
Existe alguém que eu estou responsabilizando
por ter me ofendido, que eu mantenho como devedor? Guardo mágoas contra essa pessoa?
Perdoar alguém que nos abusou, ofendeu,
machucou ou privou é impossível sem uma obra profunda de Jesus no coração. Só a vida dEle em nós para perdoar do
coração! Mas Ele prometeu nos capacitar
para fazer isso e muito mais.
Você realmente crê que Deus pode carregar a
sua dor? Sarar as feridas que você
recebeu na jornada da vida? Pela graça e
pelo poder de Jesus, você pode confiar ao Pai aquele que fez de você uma vítima? Viver livre da ira e das mágoas envolve um
evento E UM PROCESSO. Muitas vezes
teremos de chegar a um ponto em que estendamos perdão “uma vez para sempre”
para alguém que nos ofendeu. Mas não
significa que nunca mais seremos inclinados a lembrar o que ele fez, com a
possibilidade de todas as velhas emoções voltarem como furação.
“Perdoar e esquecer” soa melhor na teoria do
que na prática. Para muitos é impossível
esquecer de eventos traumáticos em suas vidas.
Mas podem, sim, “esquecer” no sentido bíblico quando escolhem não levar
em conta as ofensas do passado. É isso
que a Bíblia quer dizer quando diz que Deus “esquece” de alguma coisa. Ele não deixa de ser Deus, tendo uma memória
fraca. Mas Ele decide nunca mais levar
em conta nosso pecado (Sl 103.10, 12).
Por isso, talvez tenhamos de passar pelo processo de perdão em nosso
coração repetidas vezes, escolhendo cada vez pela fé não mais responsabilizar a
pessoa pelo seu pecado, morrendo momento após momento ao “direito” de vingança,
e estendendo o amor e perdão de Cristo.
Também é importante lembrar que o perdão pode
ser unilateral, quer dizer, podemos perdoar da nossa parte sem que a outra
pessoa peça perdão, reconheça seu erro, ou aceite o perdão. Não importa tanto quanto o fato de que estendamos
para ela o perdão como Cristo fez por nós.
Passos para o Perdão
O que fazer se descubro ira e mágoa em meu
coração? Os “passos para o perdão” que
seguem já ajudaram muitas pessoas a encontrar alegria, paz e liberdade da
escravidão das mágoas. Lembre-se de que
esses passos são somente parte de um processo.
Não representam uma “fórmula mágica”, mas uma expressão de princípios
bíblicos sobre o perdão.
1. Identificar as ofensas específicas que a
outra pessoa cometeu contra mim.
2.
Arrependa-se do seu próprio pecado, confessando-o a Deus.
3. Conte o custo de não perdoar.
4. Veja
a pessoa que você está perdoando pela perspectiva divina.
5. Ore
pela pessoa que você está perdoando.
6.
Libere as ofensas que a pessoa cometeu contra você, e cancele a dívida
dele(a).
7.
Reconstrua relacionamentos, dentro do possível (e sábio).
Talvez não seja possível voltar o tempo e
reconstruir o relacionamento como era antes.
Mas há passos concretos que podem ser tomados, tanto quanto depender de
você (Rm 12.18), para reconstruir o relacionamento.
*Artigo adaptado e usado
com permissão do caderno Enfrentando Tempestades da série Construindo um Lar
Cristão, David J. e Carol Sue Merkh,
Ralph e Ruth Reamer (SP: Editora Hagnos).
Para saber mais sobre esse e outros livros do casal Merkh,
clique aqui.Origem do artigo
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