domingo, 10 de novembro de 2013

Gartas Germanicas* - Introdução:


                              


Como Seria  escrever a própria história?
Mais ainda, como seria escrever a sua história mais a de uma pessoa que já não está  mais aqui conosco?
Na verdade eu não sei.
Estou apenas obedecendo a uma ideia que teima em me flutuar na mente há dois anos.

Porque levei tanto tempo para começar?
Também, não tenho essa resposta.

Bem, Cartas Germânicas, são missivas recebidas ao longo de quatro anos com pensamentos, reflexões, recordações, exposições  da intimidade  e  da alma, de uma pessoa, cheia de vida, repleta de novas ideias, de sonhos  e projetos que não conseguiria  realizar.

Mas sobretudo, trata-se da história de um homem, que teve tempo disposição e a coragem, para reavaliar a sua caminhada , seus erros e acertos, e tentar de alguma forma consertar o que o tempo permitisse, ainda nesta jornada.
Um homem, que não teve vergonha de reconhecer seus pontos fracos,  e corrigi-los dentro das condições que a vida lhe permitiu.

Um homem, que deixou marcas em muitos corações.
Boas  e não tão boas, mas que pagou por seus erros.

Bem, não tenho a pretensão literária, e claro  procurei preservar  as  identidades de "terceiros" colocando nomes fictícios, visto que muito personagens presentes nestes relatos não tem ideia dessas cartas a mim endereçadas, e como as entendo como propriedades minhas, não vejo a necessidade de lhes pedir permissão, mas acho justificável, manter suas identidades no anonimato.

Mas então, por que escrever?

É a forma de  fazer com que esta experiência ou estas experincias, possam servir para mais alguém, pois estão repletas de fortes lições de vida.
E principalmente àqueles que com ele privaram da convivencia e intimidade e  dele guardaram uma imagem deturpada, da pessoa linda, sensível  e generosa, apesar de seus defeitos e dos  medos tão humanamente compreensíveis.

Quem  se achar no direito, e ou assim o puder, quem estiver isento de erros, que atire a primeira ou todas as pedras que desejar.
Mas, esta história, pode estar ocorrendo  nesse momento, em qualquer lugar deste mundão, e qualquer um pode ser parte dela, ou não, e apesar de tudo isto, não se trata de ficção, mas da vida ou vidas de pessoas e seus dramas reais.


Toda História merece um ponto final, e esta fora interrompida com reticências.
Porém, a qualquer momento, a vida pode fazer uma curva, e nos colocar novamente frente a frente, ou lado a lado, como a nos dizer, que estamos recebendo uma nova oportunidade para tentar acertar, colocar pontos finais onde  vigoraram as reticências, e tudo o mais que decidamos fazer, para que não fiquem, mágoas, e situações mal resolvidas.
Ah se todos nós tivéssemos essa oportunidade, e as soubéssemos acolhe-las como a um presente divino!
Por anos a fio esperei por esta carta; passei a sonhar com ela, depois, quase desisti, imaginando que havia sido totalmente esquecida e preterida pelo remetente. 

Fazer o que?

 Afinal assim é a vida. 
Pessoas passam pela nossa vida e se vão. 
Mudam-se os rumos de nossas histórias, e seguimos adiante; ficam as lembranças, as histórias, as poucas recordações materiais.

Mas, lá no fundo d’alma, permanece uma nuvem de experança que insiste em não desaparecer; e é exatamente ela quem emite um sinal de que é hora do carteiro passar. 

Ah o carteiro!
Esse personagem mágico, meio cupido, meio cúmplice anônimo, e que nem tem ideia do seu papel na vida das pessoas.

Acho que deve, ou deveria existir uma palavra que definisse este personagem; quero dizer: (definição de um individuo  que não tem noção da sua importancia na vida de outras pessoas.)

E foi assim, numa dessas tardes quentes, muito quente desses dias de verão,  de 2007 ,que ouvi o ruído da correspondência sendo colocada na caixa do correio.

Sem saber ao certo, meu coração tropeçou na sua cadencia, e um silencioso aviso alterou minha atenção, levando-me sofrega rumo ao portão.


Lá estava ela, naquela letra inconfundível, em meio as correspondências comum.
Não preciso dizer da ansiedade,durante dos intermináveis segundos até abrir o envelope e ler a primeira frase:
Oi Mulatinha!...(Essa era a forma carinhosa com que me tratava, em contrapartida eu o chamava "Porongo".

                                                
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E foi assim que nasceram as Cartas Germanicas.*


                                        
*(Porque a História, a Vida de um homem, não pode terminar na escuridão fria de um túmulo.
Mario Germano de Almeida Cunha, natural da cidade interiorana de São Paulo, Iperó, nascido em  20 de janeiro de 1954,filho do casal Elias Pinto Cunha e Maria da Glória Almeida Cunha, faleceu vítima de uma úlcera de duodeno, por grave hemorragia interna, na madrugada do dia  10 de novembro de 2010, pouco menos de um mês após nos visitar, e prometer que passaria as festas de final de ano conosco. Deixou muitas saudades e um vazio imenso em nossos corações. Sou muito grata a Deus por ter me permitido fazer parte da sua vida, e pela filha maravilhosa que tivemos juntos.
E por ter dedicado seu carinho e atenções de seus últimos dias a nós.
 Onde  você estiver, continua recebendo meus sentimentos desse amor sublimado em amor de irmãos e de gratidão eterna.
                                                         Mulatinha.)
                              
Mulatinha
                

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