Uma amiga arrastada pelas drogas
Mulatíssima, Mulatíssima,
25/10/09.
Que carta, mulher! Perdi o
fôlego, como di você. Uiái!
De fato não temos como saber se
a missão de Elias foi compulsória ou não.
De
minha parte, eu só tenho a agradecer á Providência e ao meu pai, a oportunidade
que me foi dada de voltar a este plano material, a este planeta,, para que meu
espírito progredisse, se esclarecesse, e quem sabe possa contribuis para o
esclarecimento e o progresso de outrem.
Mulatinha, pedi lhe algum livro ou apostila (dada a sua condição de
orientadora sobre a Filosofia Espírita) para que eu possa me orientas para
poder esclarecer um espírito doente, habitante do corpo denso da filha de uma
amiga minha.
Esse espírito doente tem 30 anos terrestres e parece trazer
seríssimos problemas de falta de vontade, fraca que se deixa dominar
(escravizar é o termo correto) pelo vício das drogas químicas.
Eu leio o que
ela me escreve e morro de pena, Mulatinha, ao perceber o quanto ela está
obsidiada pelos “trevosos” que lhe vampirizam a alma e o corpo.
Ela perdeu o
senso de realidade (conta-me os absurdos que faz para conseguir dinheiro para
sustentar o vício e acha normal fazer esses absurdos – depois em seus momentos de lucidez – quando
volta para a cadeia - arrepende-se e chora).
Perdeu a dignidade,o amor
próprio, os filhos (a justiça tomou-lhe a guarda), sabe, tem conciencia de sua
condição, tem sonhos, planos de vida (lindos, Mulatinhas), mas não tem forças
para parar.
Dá dó.
Quando eu vi o tamanho do
“B.O.”(problema) quis pular fora, mas me senti como um covarde que abandona
quem lhe estende a mão pedindo socorro.
Que Espírita serei eu se fugir com essa facilidade dos obstáculos que
Deus se me põe à frente?
Fugir é fácil, enfrentar é que são elas.
Mulatinha, você é testemunha
viva da minha covardia, sempre fugindo diante das dificuldades que a vida me
reservou como provação para o meu fortalecimento.
Tanto fugi, que a vida me
cercou por todos os lados, até eu vir parar neste lugar onde , finalmente,
quieto, pus-me a pensar, refletir sobre tudo que fiz.
Minha amiga, desde que
caí preso, nunca me abandonou.
Por ter também, passado pelo sistema
penitenciário por uso e tráfico de drogas (hoje ela está “limpa”_ há 10 anos
sem uso_ e não deve mais nada à justiça).
Ela sabe o inferno que é este lugar e
o quanto uma cartinha, lembrando da gente, por exemplo, faz toda a diferença no
“psicológico” e no espírito da gente.
Nesses 5 anos que estou preso,, ela não
falhou 1 mês sequer. Todo mês chega de 1
a 2 cartas dela para mim, com notícias
da “terrinha”, dos meus amigos, fora citações e passagens bíblicas (ela é
evangélica) que me levantou o moral.
Quando ela me pediu para dar a
mesma assistência (que ela me deu durante 5 anos) á filha dela que havia sido
presa e estava entrando em "deprê" (por ela ser fraca de vontade e espírito), eu
não tive como negar.
Confesso que senti medo, querida. Era muita
responsabilidade, e de responsabilidade eu vivi minha vida toda fugindo, né?
Tá-tãm! Entra em cena a caneta
ecrevedeira...(Mudança de caneta e melhora da visibilidade)
Então Mulata, fiquei com medo e
, confesso , foi só “turbulência” , Mulata.
A garota era um poço de mentiras,
engôdos, falsetas, que me fez perder a paciência várias vezes e dizer
(escrever) barbaridades a ela (você conhece a navalha que tenho na língua e que transporto para o bico da caneta,
né?
Ela respondia na maior
humildade, dizendo que eu tinha razão e pedindo-me perdão e que não a abandonasse
naquele lugar, que eu era o porto seguro dela, que havia aprendido e entendido
muitas coisas comigo, coisas essas que ela não tinha nem noção.
De repente,
“peguei-me” tentando controlar-lhe os atos, as atitudes, e ela como um
cordeirinho a me dar satisfações de seu atos, vai vendo a carência e fraqueza
espiritual para se deixar dominar com tanta facilidade, Mulatinha.
Mas em toda
saída temporária ela “desandava” de
novo. Com direito a semiaberto e sem ter
colônias para mandar presas que usufruem desse benefício (colônias
superlotadas), os juízes mantêm-nas presas em cadeias de comarca e de lá elas
saem para visitar parentes por 7 dias e
depois voltam ao fechado.
Em todas
as saídas, ela foi direto da rodoviária para as “baladas” sem sequer
visitar filhos ou mãe. Consultei várias pessoas aqui na cadeia que só pararam
com a droga (crack a mesma dela) porque estão presos.
Todos foram unânimes em
dizer que o “arrastamento” é cruel e irresistível e que mulheres, até de
famílias de classe média-alta se prostituem para conseguir dinheiro para a
droga, uma vez que as famílias, cansadas de suas ”loucuras” e mentiras, as
abandonam à própria sorte.
Não é o caso da garota, pois sua mãe não a abandona
(como ex-viciada, ela sabe o que é “arrastamento”, mas a garota desceu às mais
baixas condições de prostituição para saciar seu vício.
Quando volta para a
cadeia e sua cabeça volta ao lugar, se arrepende e chora. Mas quando sai, não
consegue resistir.
E começa tudo de novo.
Não é assustado?
Eu tremi nas
bases, mas consegui até agora, pelo menos fazê-la ver que não havia necessidade
de mentir (odeio mentiras).
Ela viciou-se em mentir para não ter que ouvir
sermão de sua mãe, só que é um tanto quanto ingênua e por não ter muita noção
de realidade (perdeu isso também) suas mentiras são superficiais,
contraditórias, e eu refaço as histórias dela todinha só por esforço de
raciocínio, pegando a e analisando suas contradições.
Ela dá-se por vencida, arreia a carga, tenta
mentir de novo para safar-se, mas acaba capitulando, chora e pede perdão e que
eu não a abandone.
Quase morro de dó depois,
Mulatinha.
Às vezes sou cruel com ela, e sua resposta é a maior humildade, a
humildade de quem se reconheceu fraca e precisando de ajuda.
Me corta o
coração.
Ela é muito inteligente e pega rápido o que lhe é ensinado, mas é
fraca e sucumbe às tentações.
Interessou-se pela Filosofia e é
essa a razão do meu pedido.
Percebi meu erro ao tratá-la assim, quando li
“Compreensão e Tolerância do Evangelho Segundo o Espiritismo e quase morri de
vergonha.
Ela já não me mente mais, pois
eu a fiz compreender que, se ela mente, a única prejudicada é ela mesma, pois
tudo que lhe passo de fortalecimento, em palavras, é baseado no que ela me diz,
ou seja, se ela mente, a base que eu tenho para raciocinar é a mentira e,
consequentemente, mentirosa (ou distorcida) será a minha resposta á ela.
Já é
um avanço.
Aos poucos quero (pretendo pelo menos) faze-la “enxergar” os
absurdos que fala e faz, e com isso, aos poucos ajuda-la a resgatar seus dons
perdidos:vergonha, brio, dignidade, lealdade, delicadeza ( a vida embruteceu-a
animalizou-a, no sentido de perda do senso de humanidade), perda do egoísmo ,
da luxúria e recuperação dos seus filhos, de sua família, de sua vida.
Sei que a empreitada é meio
utópica, que sem um tratamento clínico, de desintoxicação em clínica
especializada isso será extremamente difícil, senão impossível, tenho noção
disso, mas não serei eu se pelo menos não tentar, entendeu?
Alguma luz eu hei de por naquela
cabecinha oca, o que já será um
progresso, mínimo, mas um progresso.
No fundo, no fundo, Mulatinha, eu também
estou exorcizando meus demônios, meus fantasmas, por todas as vezes em que fugi
da raia. Dor de consciência, mulher, dor
de consciência.
E olha o tamanho da “responsa” que Deus botou em meu caminho
para meu próprio resgate.
Sem contar que eu devo esse favor à mãe dela,
né?
Seria fácil para mim falar: _“Ah! Eu
quero é que vá à merda, vou cuidar é de mim’.
Falei isso várias vezes
,Mulata, e me todas essas vezes, sem
exceção, eu lia ou ouvia alguma coisa que me aquilhoava a consciência e me
enchia os olhos de “estrelas” (água).
Quer um exemplo? certa vez, depois que ela voltou da saída
temporária, e já sabendo que ela tinha “desandado” de novo, eu lhe escrevi,
dando-lhe um “puxão de orelhas” daqueles e sem avisa-la, pensei em também
abandona-la à própria sorte e que fosse à merda.
Resolvi ler o Evangelho de
Kardec para aliviar a raiva (por falar, falar, escrever o , né¿ - no caso) e
por não ver resultado nenhum (veja a minha pretensão, querer mudar algo que
está enraizado tão profundamente nas
entranhas de seu espírito com algumas poucas palavras bonitas).
Então, como eu disse,, abri o Evangelho, a esmo, para ler o que primeiro meus olhos caíssem em cima;
Sabe o que deu?
-“É
permitido repreender os outros?
Notar suas imperfeições e divulgar o mal alheio?” pág. 137.
Pode?
Daí
eu li tudo e não gostei; pois ainda estava com raiva, mas com o “titânio” já
meio amolecido.
Resolvi abrir, em seguida, um outro trecho do livro (sempre o
mesmo).
Sabe o que deu? _ “A Paciência” pág. 123, de um “espírito amigo”.
Onde
tem um trecho que diz que, a caridade de dar esmolas, é a mais fácil de todas,
porém a mais penosa e consequentemente, a mais meritória, é a de “perdoar os que
Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos de nossos sofrimentos
e submeterem à prova a nossa paciência.”
Daí aguou os olhos, precisa falar
mais?
Achei que era coincidência de mais Mulata.
Escrevi uma carta carinhosa e compreensiva (depois do
“bomba) e a resposta foi só perdão e humildade, dizendo-me para não ficar com
remorsos pois ela não tinha nada para me perdoar. (e olha que eu a ofendi,
Mulatinha, que Deus me perdoe, mas comparei-a até com o lixo que ela fumava,
tamanha foi minha raiva, você sabe como é que eu sou de “grosso” nessas horas,
né?)e a resposta foi só perdão e humildade.
Chorei.
Embora toda a deficiência
de vontade, o espírito dela é maior, e melhor
do que o meu quando se trata de perdão e humildade.
Quase morri de
vergonha.
Ela acabou me consolando em vez de eu a ela.
É mole?
Certa vez no “proseiro” dentro da
minha cabeça, eu disse que não fui eu quem pedi essa “provação”.
A resposta: _Foi sim!
E eu (querendo fugir da
“responsa”, mais uma vez na vida): _Mas porquê eu pedi?
E a resposta: _“Porque
“ela “ é sua!
E eu, de novo: Minha o que?
E a resposta; _“SUA”!
E lá no fundo
quase apagado:
_Foi o que você pediu!
Daí me eu me arrepiei.
Ah! Eu tô louco,
depois que comecei com essa história de
espiritismo, eu estou vendo “espírito” em tudo, eu hein?
Sabe, Mulatinha, quando eu “ouvi” a
resposta:_ “Porque ela é sua”, eu entendi como “sua responsabilidade”, porque,
junto com essa resposta, me veio (a tela da memória, várias situações em que eu
me omiti em minhas responsabilidades:
_A noiva que eu abandonei (sem avisar, sem
nada, simplesmente sumi sem dar
satisfação) quando eu conheci você, na Regispuma, Mulatinha, você já pensou o que
significou para essa garota de apenas 18 anos, cheia de sonhos, ilusões, o
sumiço, sem mais aquela, do “homem” da sua vida, o primeiro a quem ela se
“entregou” e do qual ficou noiva de aliança no dedo, e que desapareceu sem a
menor explicação e sem nenhum motivo aparente?
Passou pela minha cabeça o nenê
que eu deixei (por omissão) a Celina tirar numa clinica clandestina em São Paulo
e que depois quase morri de remorso;
Passou na “tela” todas as mulheres que se
apaixonaram por mim e que eu acabei abandonando sem a menos satisfação e sem o menor escrúpulo; passou na “tela” as
filhas que tive com outras mulheres e que nunca me esforcei em conhecer, sempre
com o maldito medo da responsabilidade; passou na “tela” o abandono que releguei você e o
“Tambor” em Curitiba, sem sequer, pensar na dor que eu estava lhes causando com
minha atitude e dentre tantos outros “filmes” na “tela” me veio, nítida (veja
você) a piadinha do sujeito que no telhado de uma casa, numa tremenda
inundação, recusou a ajuda de um bote, de uma jet-ski, dos bombeiros, de uma
bóia e até mesmo de um helicóptero, com a convicção de que Deus o salvaria em
pessoa e nessa convicção morreu afogado.
Chegou ao céu brabo com Deus e disse: _Poxa, Senhor, eu tive tanta fé que o Senhor me salvaria e aqui estou, morto!
Porque me abandonaste?
Ao que Deus lhe respondeu: _Filho, como podes dizer que
te abandonei quando te mandei uma boia para te apoiares, um barco par te tirar
de lá, um jet-ski para levar-te a lugar seguro, bombeiros para te resgatar e
até mesmo um helicóptero para ti içar e te levar pelos ares?
E que fizeste? A todas essas ajudas que eu te enviei tu te
recusaste a receber-las.
Que querias que eu fizesse a não ser trazer-te até
aqui e carregar-te ao colo?
E o homem baixou a cabeça e
chorou, pois recusou-se a ver os sinais que a vida lhe deu.
Entendeu Mulata?
Eu fiquei com a
mesma sensação desse homem.
Deus me pôs à frente todas as
provações e sofrimentos e dores que eu precisava para me fortalecer e que fiz
eu?
Desviei de todas elas, de tudo,
até a vida me cercar de grades e concreto para que imobilizado, e sem ter para
onde fugir, eu parasse e refletisse.
E me deu um problema enorme para resolver e soube como me amarrar.
E me deu um problema enorme para resolver e soube como me amarrar.
Deixa que os
“trevosos” me incitem a ter ódio, até dessa criatura que não é mais responsável
por seus atos, pois que escravizada por sua própria vontade ( ou falta dela)
mas ao mesmo tempo me enchendo o coração de remorso, ternura, piedade e um amor
quase paternal, por alguém (independente do fato de ser mnulher e talvez esse
detalhe _ ser mulher_ tivesse sido usado até de propósito, dado o fato de que
minhas “fugas” de responsabilidade se deram SEMPRE com o elemento feminino,
né¿), então, como eu dizia : às vezes tinha raiva de suas atitudes e depois
esses “acessos” eram substituídos por um profundo carinho e dó. Eu vi a mãe
dela grávida dela, conheci-a menina brincando de boneca, depois a vi adulta em
2002 na casa de sua mãe já “desandada” (eu não sabia disso) e cheia de
tatuagens, o que me causou aversão em primeira instância e depois admiração
pois conversava bem e era super educada e meiga em contraste com as feias
tatuagens. Como a mãe dela, E nunca mais a vi. Foi só uma vez e me impressionou a energia (sempre a energia, Mulatinha)
estranha que vinha dela.
Em tempo: Não estou apaixonado
não viu Mulata, cheguei a pensar nisso e depois de analisar tudo, friamente, vi
que não era isso, era algo mais profundo que isso, mas que não era de agora.
Fiquei surprêso quando certa vez
recebi uma carta dela que dizia:
“Sabe, Gê, naquele dia que eu o
vi, na casa da mamãe, eu tive a sessanção de conhecê-lo de a muito tempo já, e
não é da minha infância, não.”
Eu arrepiei, pois até então eu nunca havia
tocado no assunto espiritismo com ela. Ela é católica.
Mas me escreve frases, no meio das cartas, que
me desconcertam. Tipo: “Deus me pôs no seu caminho, Gê, pra você cuidar de mim
e pra eu “curar” você. Atente para a palavra “curar” na boca (ou caneta)
de quem não é espirita e nem sabe o que
era isso.
Estranho né¿
Eu perguntei: Curar de quê¿ e a
resposta foi: “Das suas loucuras”, e entre parenteses a palavra “risos”!
Claro que me passou pela cabeça que foi a mãe dela que
lhe contou sobre minhas “loucuras”, mas que a frase toda soou estranha, ah isso
soou.
Sonhei dois sonhos compridos ( com
espaço de uns 2 meses entre um e outro) com ela e a mãe dela.
Em ambos elas não
eram mãe e filha e sim amigas.
Não tenho lembranças de quase nada dos sonhos,
de palavras, só de imagens.
Eu as observava e elas tinham consciência da minha
presença.
Num dos sonhos, ela era ruiva de
olhos verdes como esmeralda (ela é meio alourada, de olhos castanhos-claros) e
me disse um monte de impropérios, enlouquecida de ciúmes (veja você) e quase me
agrediu.
Quem a segurou?
Sua amiga, hoje
sua mãe.
Eu a abandonei (já desde aquela época era medroso de
responsabilidades).
Era década de 30. Nasci em 54.
São só sonhos, eu sei.
Mas
Mulatinha, quando eu lhe pedi algo (estudos) sobre energias, um dos motivos foi
o seguinte:
_ Cada vez que eu mandava a ela uma carta “puxando-lhe as orelhas”,
eu “sentia”(não sei explicar-lhe como) quando ela recebia a carta, como se
alguém me avisasse: recebeu!
Imediatamente, minha orelha
esquerda incendiava-se como se eu sentisse que ela estava sentindo (aquele
rubor, calor, sabe como¿) pelas palavras, ás vezes, até ofensivas que eu lhe
mandava (com raiva) e essa sensação ia e voltava, sempre com muita força, e só
parava quando ela recebia outra carta minha mais “suave”.
Daí a energia acabava.
Que força, Mulatinha, que força!
Chegava a
incomodar-me a face esquerda “pegando fogo”, sem que a orelha nem a face estivessem
vermelhas.
Porque só o lado esquerdo?
O
direito ficava normal. Era só a face esquerda e só a orelha esquerda. Mais nada.
Um jornalista de 52 anos,
espírita, que tirou cadeia aqui no mesmo raio em que estou, disse-me que eram
vibrações de baixa frequência que ela me enviava, e que eu a recebia porque
também vibrava na mesma frequência.
Eu não tinha lhe contado nada, mas ele
perguntou se a imagem ou o pensamento de alguém me vinha á cabeça nessas horas.
Eu disse que sim, e ele me disse
que era essa pessoa que estava enviando essa energia toda.
Menina, que força!
Como o calor de uma fornalha, e não é andropausa,
não, viu? (rs).
Por falar nisso, porque você parou de
me mandar aqueles prospectos?
Não tem mais?E o “Luciano” ?
Conseguiu as informações
que lhe pedi?
Puxei, ou melhor, pedi para
puxar meu extrato da VEC (pela visita de um companheiro) e deu lá: Meu pedido
de semi-aberto foi deferido, ou seja, eu ganhei o S.A.
Agora é só assinar e
aguardar remoção para a colônia.
Lá será mais fácil ganhar o meu R.A. ou L.C. o
que trocando em miúdos, significa RUA com liberdade vigiada (Condicional).
Que tal minha letra?
Horrível né?
Tem dia que
está assim, “ que dei bêu dariz”.
Mulatinha, isso significa que “se
um motivo de força maior NÃO impedir;” estarei aí, com vocês, neste natal, se
Deus quiser.
Agora está tudo nos “conformes”
.
É só aguardar.
Ufa!
Mulher, mande-me mais estudos sobre energias que eu
lhe pedi, e você estava mandando mais parou.
Faça-me esse favor, Mulatíssima.
Quanto a sua curiosidade sobre a censura, é o seguinte:
Há censura sim,
tanto das cartas que saem como das que entram e o motivo é segurança.
Não se
esqueça que este é um presídio de
segurança máxima e a censura existe para impedir que algo que se diga
por carta coloque em risco a unidade, os funcionários ou a própria população
carcerário.
É o trabalho deles.
Só para isso.
Fora isso não há porque impedir
nada, pois a intimidade do preso,por exemplo, só ao preso interessa.
Tem
companheiro aqui que chega fazer amor por carta com suas parceiras.
É normal na
cadeia.
E tolerado, pois uma grande maioria não tem visita íntima e precisa de
uma “válvula” de escape, né” memo”.
Daí... Revistas de mulher pelada “eles
embaçam”, então sobra só as cartas.
O preso deita e rola com elas,
entendeu?
Quanto a cola demasiada , credito isso a pressa e o que advém dela,
“tendeu”?
Nossa TV queimou, mas acho que já foi
consertada e a semana que vem já desce para o raio, e para cá na cela.
É ruim sem “tela” pois é só
concreto e grade.
Eu ainda tenho o recurso da leitura, das "escrivinhações" de
cartas, do violão, etc..
E os outros?
Tem gente que é analfabeto.
Amiga, querida, gosto de receber suas
cartas “gordas”a que chamo de “jornais”
.
Escreva sempre assim, Ok?
Jornais.
Escrevi sobre a “*Eva”(“Eva” é o
nome da filha da minha amiga) de um fôlego só e percebi que só falei dela, né?
Deus queira que não, que
seja só “remorso” por outras
desistências de responsabilidades.
Me escreva, por favor.
Fique com Deus.
Seu, sempre, amigo e irmãos
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