Novembro 2009
“Sou um reflexo
das minhas gerações passadas e a essência das que vêm depois de mim.”
(Marta Kinne).
Tenho cinquenta e um anos. A idade
de minha mãe quando morreu. A idade da minha mãe quando morreu. Lembro-me
claramente do seu último dia de vida. Era uma segunda-feira chuvosa e minha mãe
não conseguia respirar.
_É flúido_ o
médico disse_ Vamos extrair o líquido dos pulmões.
Sentaram minha mãe na cama do hospital
e introduziram uma longa agulha em suas costas. Tentaram repetidas vezes, mas
não conseguiram retirar qualquer líquido. Nem aliviar sua dor.
Lembro das palavras desesperadas da
minha mãe:_Não consigo respirar. Aumentem o oxigênio por favor.
Mas aumentar o Oxigênio não ajudou.
Seus pulmões, tomados pelo câncer, lutavam pelo ar. Minha mãe susurrou para mim
suas últimas palavras;
_quero que seja
bem rápido.
Minha mãe devia ter envelhecido. Seu
cabelo escuro, salpicado de cinza, devia ter se tornado branco, como neve. As
linhas do rosto, delineadas pelos sorrisos, deviam ter se tornado rugas suaves.
Seu caminhar rápido devia ter se tornado um andar mais lento, mais maduro.
Minha mãe devia ter vivido para ver
seus cinco netos crescerem. Para envolve-los com seu jeito de amar tão especial
e ensinar-lhes coisas com sua sabedoria. Ela devia ter partilhado, mão na mão,
ses anos dourados com papai_ ela foi a única mulher a quem ele
amou.
Mas nada disso
aconteceu. Ela não estava mais aqui, nunca teve a oportunidade. Tinha cinquenta
e um anos de idade e morreu.
Eu tinha vinte e sete anos, então. Ao
longo dos anos, nunca se passou um dia sem que eu pensasse em alguma coisa que
quisesse lhe dizer, perguntar ou mostrar a ela.
Eu me revoltava
contra a injustiça dessa situação.
Não era justo
minha mãe ter morrido com cinquenta e um anos.
Agora sou eu que tenho cinquenta e um
anos. Olho no espelho e me espanto: Sofri transformações lentas, mas inegáveis.
Ali está ela com seu cabelo salpicado de cinza, os olhos escuras e intensos,
aquela expressão no meu rosto. Quando ouço minha voz, é a voz dela.
Eu me tornei
minha mãe.
Estou entrando num novo e estranho
estágio da vida. Eu sempre olhei adiante para ver minha mãe. Num instante
cheguei perto dela. Agora estou começando a ficar mais velha que minha mãe. A
direção em que eu olhava para vê-la vai mudar. Em breve terei de olhar para
trás.
Aos poucos minha mãe vai se tornar mais
jovem em comparação a mim. No lugar dela, quem vai ficar velha sou eu _ sou eu
quem vai ficar com a cabeça branquinha, do jeito que ela devia ter ficado.
Quem vai ficar
com aquele modo de andar mais maduro, quem vai ver as rugas suaves que ela
nunca viu. E isso vai continuar até o dia em eu tiver setenta e cinco anos, a
idade que ela teria hoje.Nesse dia, completada
a inversão de papeis, eu me virarei para ela a fim de olha-la, mas verei,
no seu lugar, minha própria filha, com cinquenta e um anos. _ Minha mãe.
Com carinho _
*Esse texto é
de Kristina Cliff evans. Foi extraído do livro “História para aquecer o coração
_das mulheres” Lindo né¿ Como a sua sensibilidade. Espero que goste.
Quando li,
lembrei-me de você.
Não poderia deixar
de enviar-lhe.
Um comentário:
Seu blog está ok Eunice,mas se vc puder colocar um banner das BUs mais atual é bom!Bjo!
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